O Sermão da Montanha. Estudo Nº 17: Os Mandamentos de Deus: A Duração da Lei

O Sermão da Montanha. Estudo Nº 17: Os Mandamentos de Deus: A Duração da Lei.

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O Sermão da Montanha

Mateus 5:18 Estudo Teológico Nº 17

Por Markus DaSilva, Th.D.

Quando um cristão argumenta que para se salvar não é mais necessário obedecer aos mandamentos de Deus porque Jesus morreu na cruz, ele pode estar se baseando em várias fontes, mas definitivamente Jesus não é uma dessas fontes: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu [Gr. ουρανός (uranós) s.m. céu] e a terra [Gr. γη (yí) s.f. terra] passem [Gr. παρέρχομαι (parer-rrome) v. passar, acabar, encerrar, desparecer], de modo nenhum passará da lei nem um jota nem um til, até que tudo seja cumprido [Gr. γίνομαι (guinome) v. cumprir, acabar, encerrar]” (Mat 5:18). Se este cristão possui no seu coração a ideia de que morará com Jesus no céu, mesmo que não obedeça aos mandamentos de Deus, ele então foi levado pelo inimigo a crer em ensinamentos completamente contrários às palavras de Jesus e deverá, em caráter de urgência, abandonar aquilo que aprendeu de terceiros e se voltar tão somente para os ensinos de Cristo. A única forma de termos certeza de que estamos nos apoiando na verdade (João 14:6), é quando nos apoiamos nas palavras de Jesus: “Se alguém me ama [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar], obedecerá [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] à minha palavra [λόγος (lógos) s.m. palavra, mensagem, verbo]; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada [μονή (moní) s.f. ficar juntos, estabelecer residência]. Quem não me ama, não obedece às minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] não é minha, mas do Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai] que me enviou [Gr. πέμπω (pémpo) v. enviar, despachar]” (João 14:23-24). Sendo um com o Pai (João 10:30), Jesus foi e continua sendo o perfeito Mestre que nos ensina tudo aquilo que precisamos fazer para assim subir com Ele para a casa que já nos foi preparada (João 14:2-3). Os mandamentos de Deus também são os mandamentos de Jesus, os desejos de um são os desejos do outro: “Se obedecerdes [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] aos meus mandamentos [Gr. εντολή (endolí) s.f. ordem, comando, regra, mandamento], permanecereis [Gr. μένω (meno) v. permanecer, ficar, continuar] no meu amor [Gr. αγάπη (agape) s.f. amor]; do mesmo modo que eu obedeço aos mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor” (João 15:10).

“Satanás é um mestre na manipulação das palavras e possui o poder para tornar as mentiras mais óbvias e berrantes em algo razoável e provável.”

O Caráter Eterno e Imutável da Lei de Deus

Cada um dos mandamentos do Senhor é eterno, sem início e sem fim. Argumentar que algum mandamento perdeu o seu valor é o mesmo que argumentar que Deus não mais se importa com o pecado; é o mesmo que dizer que Deus se incomodava no passado, mas que agora não se incomoda com o matar, roubar, cobiçar e demais pecados sobre o qual fomos instruídos. Para que ficasse bem claro o caráter eterno da lei, Jesus utilizou de uma metáfora, nos dizendo que quando não mais existir terra ou céu aí então a lei também não existirá [Gr. έως αν παρέλθη ο ουρανός και η γη (iós an parelthi o uranos ke i yí) Lit. até acabar céu e terra]. Lembrando que Jesus não deu a entender com esta ilustração que um dia a terra e o céu acabariam e junto com os dois a lei também acabaria, pois neste mesmo sermão da montanha, ao nos ensinar a oração do Pai Nosso, Jesus utilizou das mesmas palavras, céu e terra [Gr. ουρανό και η γη (uranos ke i yí) céu e terra], indicando que uma é a morada de Deus (Pai nosso que está no céu) e a outra que o Pai venha fazer a Sua vontade (seja feita a tua vontade aqui na terra). Ou seja, nunca haverá um tempo em que a lei de Deus será abolida, ou anulada, ou cancelada, ou substituída. Assim como a lei de Deus, o céu e a terra sempre existirão. Ainda que, como sabemos, o céu (o firmamento) e a terra serão renovadas no juízo final (Isa 65:17; Apo 21:1), nunca haverá um momento em que não teremos os dois. Jesus aqui então está comparando duas coisas impossíveis de ocorrer: o céu e a terra passar, ou não mais existir, e a lei de Deus deixar de ser válida. Esta comparação se torna ainda mais clara quando Lucas nos descreve a mesma coisa: “é, porém, mais fácil passar [παρελθείν (parelthin)] o céu e a terra do que cair um til da lei” (Luc 16:17).

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Os Santos de Deus Satisfazem o Desejo do Senhor Amando e Obedecendo a Sua Santa Lei

Notemos também que esta linguagem figurativa usada por Jesus para indicar o caráter eterno das palavras do Filho e do Pai é similar a outras passagens encontradas nas Escrituras: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mat 24:35); “Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente” (Isa 40:8); “Porque, assim como a chuva e a neve descem dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir e brotar, para que dê semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que desejo, e realizará aquilo para o qual a enviei” (Isa 55:10-11). Este último verso de Isaías é especialmente relevante para o que Jesus nos disse no sermão da montanha, uma vez que explica muito bem o que Jesus quis dizer com: “até que tudo se cumpra”. Ou seja, a função da lei de instruir os escolhidos do Senhor a viver uma vida santificada está sendo realizada em todo aquele que procura a santificação aqui nesta terra, e será plenamente satisfeita quando estivermos na nossa residência permanente com o Pai. Neste caso, a Lei realizou os desejos do Senhor e não voltou para Deus vazia: “Portanto santificai-vos [Heb. קדש (kadash) v. se santificar, se separar, se consagrar, se dedicar], e sede santos [Heb. קדוש (kadôsh) adj. santo, consagrado, separado], pois eu sou o Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová, Javé] vosso Deus [Heb. אלהים (Elohim) s.m. sent.prim. Deus; sent.sec. deuses, seres celestes]. Guardai [Heb. שמע (shamar) v. guardar, ouvir, observar, vigiar, preservar, obedecer] os meus estatutos [Heb. חקה (rruká) s.f. estatutos, ordenanças, lei], e cumpri-os [Heb. עשה (assá) v. fazer, trabalhar, efetuar, executar]. Eu sou o Senhor, que vos santifico” (Lev 20:7-8).

No Céu Naturalmente Obedeceremos a Lei de Deus

A lei de Deus é eterna. Se no novo céu e nova terra não precisaremos da lei, não será porque ela foi abolida como alguns imaginam, mas simplesmente porque criaturas perfeitas naturalmente obedecem à lei do nosso Criador: “Considera [Heb ראה (ra-á) v. ver, observar, examinar, considerar] como amo os teus preceitos… cada uma das tuas leis [Heb. משפט (mishpat) s.m. lei, julgamento, ordenanças, estatutos] dura por toda a eternidade [Heb. עולם (olamm) s.m. eternamente, sempre, sem fim]” (Sal 119:159-160. Ver também: Heb 10:16; Jer 31:33). A nossa rebeldia que se iniciou no Éden nos afastou de Deus e da sua santa lei; lei esta que sempre existiu. Este é um ponto importante de entendermos, pois muitos imaginam que o pecado deu origem à lei, como se o Criador foi inventando mandamentos à medida que foi se tornando necessário. Este conceito de Deus e sua lei não possui nenhum respaldo bíblico e nem mesmo lógica. Deus não precisou de ver Caim matar o seu irmão para que só então se desse conta e criasse um mandamento dizendo que é proibido matar. Os mandamentos de Deus simplesmente nos instruem quanto às verdades que sempre existiram e sempre existirão. O mandamento: “não matarás”, neste exemplo, reflete a verdade eterna de que a vida pertence a Deus e não nos é permitido que a tiremos uns dos outros. Devo aqui salientar que o sacrifício de Jesus na cruz não mudou em nenhum sentido esta verdade eterna. Antes do homem ser criado era pecado matar, depois de Adão continuou sendo pecado matar e após o sacrifício de Cristo segue sendo pecado o tirar a vida de alguém. Ou seja, independentemente da época em que o homem viveu, no final ele será culpado e pagará pelos seus pecados, se não se arrepender e procurar pelo perdão do Pai em Cristo Jesus.

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A Lei de Deus Após o Perdão dos Pecados

Mas alguém perguntará: e após ter recebido o perdão de Jesus o pecador passou a estar isento de obedecer à lei de Deus? De forma alguma, conforme nos ensinou o apóstolo Pedro: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo [Gr. κόσμος (kósmos) s.m. mundo; fig. habitantes da terra, estilo de vida ímpio] pelo pleno conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, ficam de novo envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da retidão [Gr. δικαιοσύνη (dikiosíne) s.f. retidão, justiça], do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento [Gr. εντολή (endolí) s.f. ordem, comando, regra, mandamento] que lhes fora dado” (2Pe 2:20-21). A lei é eterna.

A Nossa Tendência é Querer Moldar a Lei de Deus Segundo as Nossas Fraquezas

Jesus não veio para cancelar nem tampouco substituir os mandamentos do seu Pai. Algo que frequentemente aprendemos de Jesus é que a maneira que interpretamos e obedecemos à lei de Deus está muito além daquilo que o Senhor realmente nos instruiu. Ao contrário do que se tem ouvido em muitas igrejas mundanas, Jesus, em vários lugares nos ensinou exatamente o oposto de cancelar a santa lei de Deus (Mat 5:21-22; 27-28; 31-32; 33-34). Os ensinos do nosso Mestre sempre expõem a nossa vergonhosa tendência de querer moldar os preceitos de Deus de acordo com a fraqueza da nossa carne. Este é o motivo que frequentemente ouvimos do cristão mundano a pergunta se isto ou aquilo é pecado. O cristão carnal não possui um coração inclinado à obediência e por isto na sua mente carnal ele sempre procura aproveitar ao máximo aquilo que o mundo oferece, sem que, no seu entendimento, ele perca a salvação. Mas este é apenas o seu entendimento, porque se a sua constante preocupação é testar os limites da lei, então já se tem a prova de que o seu coração ainda pertence a si mesmo e não a Deus e portanto não está salvo: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento [Gr. εν όλη τη καρδία σου και εν όλη τη ψυχή σου και εν όλη τη διανοία σου (en oli ti kardía su, ke en oli ti psirrí su, ke en oli ti diania su) Lit. com todo o coração de você, e com toda a alma de você, e com todo o entendimento de você]” (Mat 22:37); “Filho meu, dá-me o teu coração; e deleitem-se os teus olhos nos meus caminhos” (Prov 23:26).

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O Que Aprendemos Com o Diálogo de Jesus Com o Jovem Rico

Quando o jovem rico perguntou o que era necessário fazer para obter a vida eterna, a resposta não foi aquela que muitos líderes carnais ensinam nestes últimos dias: “Nada! Somente creia em mim e terás a vida eterna!” Não, não foi isso o que Jesus lhe disse. Jesus tampouco lhe deu uma série de novos mandamentos, mais fáceis, algo mais apropriado para pessoas da sua idade, algo mais leve e que não o fizesse desistir de segui-lo. Não, Jesus simplesmente o lembrou dos mesmos mandamentos que haviam sido dados centenas de anos atrás: “se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos… Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mat 19:17-19), e logo a seguir, conhecendo o apego que o jovem tinha ao dinheiro, adicionou mais um à antiga lista: “vai, vende tudo o que tens e dê-o aos pobres, e terás um tesouro [Gr. θησαυρός (thisavrós) s.m. tesouro, depósito] no céu [Gr. ουρανός (uranós) s.m. céu]; depois vem e me segue” (Mat 19:21). Ou seja, faltava esse mandamento adicional para que o jovem passasse a cumprir o maior dos mandamentos: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento” (Mat 22:37). Observemos as três condições que Jesus lhe deu para obter a vida eterna. Primeiramente, ele deveria obedecer aos mandamentos dados por Deus no Monte Sinai. Segundo, ele deveria ir além do Sinai e mostrar que amava a Deus acima de tudo, estando disposto inclusive a se desfazer de todos os seus bens materiais. E, finalmente, após guardar os mandamentos de Deus e obedecer à ordem de Jesus, deveria seguir a Cristo: “depois vem e me segue” (Mat 19:21).

As Mentiras de Satanás Sempre Soam Como Algo Agradável

Queridos, a lei de Deus sempre foi válida, segue sendo válida, e sempre será válida. Qualquer um que procurar lhes ensinar algo contrário a esta verdade está sendo um porta-voz de Satanás. Não dê ouvidos às palavras do inimigo, lembrando que quase sempre elas possuem um tom sensato e convincente, pois ele é de fato um mestre na manipulação das palavras e possui o poder para tornar as mentiras mais óbvias e berrantes em algo razoável e provável: “Disse a serpente [Heb. נחש (narrash) s.m. cobra, serpente] à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus [Heb. אלהים (Elohim) s.m. sent.prim. Deus; sent.sec. deuses, seres celestes] sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos [Heb עין (ayim) s.f. olho; fig. mente] se abrirão [Heb פקח (pakáh) v. abrir olhos, abrir ouvidos, abrir], e sereis como Deus, conhecendo o bem [Heb. טוב (tôv) adj.  bom, amável, satisfeito] e o mal [Heb. רע (rrá) adj. mau, ruim, desagradável, miséria]” (Gen 3:4-5). O inimigo odeia a lei de Deus com um ódio indescritível e possui como um dos seus mais importantes alvos fazer com que os santos do Senhor creiam na sua mentira de que estamos isentos dos mandamentos do Senhor. Nestes últimos dias, o diabo possui os seus servos espalhando com sucesso este engano fatal por todas as partes do mundo. Não os ouçam, não os sigam. Sigam somente a Cristo: “Revelei o teu nome [Gr. όνομα (ónoma) s.n. nome] aos homens [Gr. άνθρωπος (ánthropos) s.m. homem, ser humano, pessoa] que do mundo [Gr. κόσμος (kósmos) s.m. mundo; fig. habitantes da terra, estilo de vida ímpio] me deste. Eram teus, e tu os deste a mim; e obedeceram [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] à tua palavra [λόγος (lógos) s.m. palavra, verbo, relato]” (João 17:6-7). Espero te ver no céu.
 
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