O Sermão da Montanha. Estudo Nº 36: Os Nossos Inimigos: Dar a Quem Nos Pede

Montanhas e árvores com uma leve neblina e um grande lago. Texto sobre o Sermão da Montanha.

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O Sermão da Montanha (O Sermão do Monte) – Dar a Quem Nos Pede.

Mateus 5:42 Estudo Bíblico e Comentário Bíblico Nº 36 da série

Por Markus DaSilva, Th.D.

Não precisamos possuir um diploma em Economia para entendermos o princípio básico de que, se queremos estar bem financeiramente, precisamos não só da entrada de bens como também de conter a sua saída. A pessoa pode ter uma entrada reduzida, mas se administra bem os seus gastos ela normalmente está bem com as suas finanças. O oposto também ocorre: a pessoa pode ter uma excelente entrada de bens, mas se administra mal as suas despesas ela frequentemente passará necessidades financeiras. Isto é algo de conhecimento geral: conter a saída de dinheiro é essencial se queremos um viver financeiramente tranquilo. Esta verdade é o motivo que as palavras de Jesus no Sermão da Montanha soam tão estranhas aos ouvidos de muitos cristãos: “Dá a quem te pede e não voltes as costas a quem quer tomar emprestado” (Mat 5:42).

“Se permitirmos que pensamentos negativos desenvolvam na nossa mente, sempre esperaremos o pior das pessoas e nunca seremos bondosos com ninguém.”

O Mandamento de Dar e Emprestar no Velho Testamento

As palavras de Jesus no Sermão da Montanha sobre dar e emprestar aos nossos irmãos em necessidade é na realidade uma versão condensada daquilo que Ele já havia passado para Moisés durante a caminhada do povo de Deus no deserto: “Quando no meio de ti houver algum pobre [Heb. אביון (evion) adj. pobre, necessitado], dentre teus irmãos [Heb. אח (arr) s.m. irmão, parente; fig. parecido]… não endurecerás o teu coração [Heb. לבב (lêiváv) s.m. coração; fig. alma, mente, caráter], nem fecharás a mão a teu irmão pobre; antes lhe abrirás a tua mão, e certamente lhe emprestarás o que lhe falta, para cobrir a sua necessidade. Guarda-te, que não haja pensamento mau no teu coração… que não seja ruim para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada; e que ele não clame contra ti ao Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová, Javé], e haja em ti pecado. Livremente lhe darás, e não fique triste o teu coração quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará [Heb. ברך (bêrrárr) v. abençoar, ajoelhar, louvar] o Senhor teu Deus em toda a tua obra, e em tudo no que puseres a mão. Pois nunca deixará de haver pobres na terra; pelo que eu te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra” (Deut 15:7-11).

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Para Ser Considerado Filho de Deus e se Salvar, o Homem Tem Que Refletir na Terra a Mesma Bondade do Pai Que Está no Céu

Em todas as áreas da vida, Deus quer que os seus filhos sejam um reflexo daquilo que Ele é (Gen 1:26), incluindo um reflexo da sua bondade para com todos: “Amai [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar], porém a vossos inimigos [Gr. εχθρος (erthrós) adj. inimigo, adversário], fazei bem e emprestai a eles, nunca desanimados; e grande será a vossa recompensa [Gr. μισθός (misthós) s.m. recompensa, pagamento, salário], e sereis chamados filhos do Altíssimo; porque ele é bondoso até para com os ingratos e maus [Gr. πονηρός (ponirós) adj. mal, maldoso, maligno, imoral]” (Luc 6:35). Em outras palavras, se recusarmos a ser bondosos para com as pessoas, então não estamos agindo como Deus age e não seremos chamados filhos do Altíssimo, pois Ele não é o nosso Pai; não somos seus filhos, mas apenas suas criaturas (Mat 7:21). Esta é uma passagem bíblica seríssima, pois coloca uma condição para a salvação. Mais uma vez podemos ver que a mensagem tão popular que se ouve nas nossas igrejas mundanas de que o cristão não precisa fazer nada para se salvar contradiz diretamente as palavras de Cristo, e, portanto, é a mensagem do anticristo. Fazer bem aos outros, dar e emprestar aquilo que temos, não se trata apenas de uma recomendação ou uma sugestão de Jesus, mas é sim um requerimento para ser salvo, da mesma forma que o é perdoar àqueles que nos ofendem: “Porque, se perdoardes [Gr. αφίημι (afiíme) v. perdoar, deixar, enviar, permitir] aos homens as suas ofensas [Gr. παράπτωμα (paráptoma) s.n. ofensa, queda, pecado, transgressão], também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai perdoará as vossas ofensas” (Mat 6:14-15). É através da obediência a estes e a todos os outros mandamentos de Jesus que demonstramos que de fato o amamos e assim fazemos parte da sua família: “Se alguém me ama [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar], obedecerá [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] à minha palavra [λόγος (lógos) s.m. palavra, mensagem, verbo]; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada [μονή (moní) s.f. ficar juntos, estabelecer residência]. Quem não me ama, não obedece às minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] não é minha, mas do Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai] que me enviou [Gr. πέμπω (pémpo) v. enviar, despachar]” (João 14:23-24).

A Bondade Incessante de Deus Para Conosco Deverá Ser o Modelo da Nossa Bondade Para Com os Irmãos — O Primeiro Testemunho

Nunca devemos cansar de fazer o bem aos nossos semelhantes. Devemos lembrar que Deus nunca se cansa de nos fazer o bem: “A bondade [Heb. חסד (rrésed) s.m. bondade, fidelidade, benignidade] do Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová] jamais acaba, as suas misericórdias [Heb. רחמים (ra-rramim) s.m. misericórdia, compaixão] não têm fim, é a razão de não sermos consumidos [Heb. תמם (tamm) v. consumir, destruir, completado]; renovam-se a cada manhã. Grande é a sua fidelidade [Heb. אמונה (emuná) s.f. fidelidade, firmeza]” (Lam 3:22-23). Assim como Deus cuida de nós ininterruptamente, Ele também muitas vezes coloca pessoas com necessidades de longo prazo na nossa vida, e espera que tratemos estas pessoas da mesma forma que ele nos trata. Os meus sogros, já falecidos, sempre tiveram pessoas os quais ajudavam regularmente financeiramente, às vezes era um estudante em dificuldades, às vezes era alguém que precisava de ajuda para se casar, ou, bem frequentemente, era uma família que passava por uma fase difícil, o dinheiro que era emprestado ou dado a estes necessitados praticamente já fazia parte do orçamento mensal da família. Por várias vezes, os meus sogros forneceram cama e comida a indivíduos na sua casa em São Paulo que vinham de outros estados por um motivo ou por outro. Devo também mencionar que este coração bondoso já vem de gerações. Os avós da minha esposa também eram bondosos para com os necessitados e da mesma forma foi a sua tia e a sua prima que tive o prazer de conhecer. Todos eles possuíam casas que mais pareciam hotéis, pois praticamente nunca havia uma semana em que alguém, ou alguma família, não estivesse passando um tempo por lá até que as coisas melhorassem. A disponibilidade para ajudar ao próximo era tão forte que a tia da minha esposa mandou construir uns pequenos apartamentos no fundo da casa exatamente para este fim. Sem dúvidas, a família da minha esposa refletia a bondade de Deus para conosco e como consequência, o Senhor os abençoou e continua abençoando as gerações seguintes: “Livremente lhe darás, e não fique triste o teu coração quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o Senhor teu Deus em toda a tua obra, e em tudo no que puseres a mão” (Deut 15:11).

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Assim como Deus nos Abençoa em Abundância, Devemos Ajudar aos Irmãos Sem Mesquinhez – O Segundo Testemunho

Não devemos jamais ser mesquinhos quando ajudamos. Se podemos satisfazer a necessidade de alguém, que o façamos de uma forma que a sua necessidade presente seja eliminada por completo, e não somente parcialmente, e assim forçamos a pessoa a seguir necessitada. Para ilustrar este princípio, um outro testemunho: dois ou três anos atrás, enquanto eu visitava a minha mãe em Minas Gerais, no Brasil, um conhecido dela apareceu na casa oferecendo uma toalha de mesa usada com desenhos natalinos que ele estava vendendo porque estava desempregado e não tinha como pagar o aluguel. Ele não estava pedindo esmolas, mas sim vendendo um objeto que tinha na sua casa. O valor da toalha, obviamente, estava bem distante do valor que ele precisava. Após uma rápida oração silenciosa, senti que Deus enviou aquele homem ali exatamente naquele dia e hora para que eu pudesse ajudá-lo. Perguntei quanto ele queria pela toalha e ele me disse que qualquer valor que eu quisesse pagar já ajudaria. Perguntei então de quanto ele precisava, e assim que ele, meio sem graça, me informou o valor do seu aluguel, comprei a toalha lhe dando a quantia suficiente para ficar em dia com o proprietário. Ele não conseguia conter a sua alegria. Nos abraçamos e oramos juntos; pedi ao Senhor que abençoasse a sua vida financeira, mas muito mais importante, após a oração, fui tocado a conversar com ele sobre a futilidade desta vida passageira e lhe pedir que se entregasse por completo aos cuidados do Senhor e se preparasse para o dia em que deixasse esta terra para trás. No ano seguinte, quando fui de novo visitar a minha mãe, perguntei por ele, e soube que Deus o levou deste mundo inesperadamente. Este homem não parecia ter sequer 60 anos, não aparentava qualquer enfermidade, e nem morreu de acidente; minha mãe disse que simplesmente morreu, não sabe de que. Embora chocado, fiquei muito honrado com a oportunidade que Deus me deu de termos tido aquele encontro no ano anterior.

O Argumento de que as Pessoas São Aproveitadoras

O inimigo odeia quando somos bons para com os nossos irmãos e fará de tudo para sermos mesquinhos e assim não imitemos o nosso Pai na sua bondade para conosco. O objetivo do Diabo, certamente, é que nos afastemos do amor do Senhor: “Quem, pois, tiver bens neste mundo [Gr. κόσμος (kósmos) s.m. mundo; fig. habitantes da terra, estilo de vida ímpio], e, vendo o seu irmão [Gr. αδελφός (adelfós) s.m. irmão no físico ou espiritual; fig. companheiro, colega] necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor [Gr. αγάπη (agape) s.f. amor] de Deus? [Gr. θεός (Theós) s.m. Deus]” (1Jo 3:17).  Um dos argumentos mais comuns que a serpente utiliza é que o indivíduo que precisa da nossa ajuda é de fato um aproveitador e que se ajudarmos ele seguirá pedindo aos outros e nunca procurará por um trabalho. De fato, devo aqui confessar que na experiência sobre a compra da toalha mencionada mais acima, o Diabo procurou me atormentar sugerindo exatamente isto no meu ouvido. O inimigo projetou na minha mente a imagem deste pobre homem em um bar, gastando o dinheiro do aluguel em jogatinas e bebedeira com os seus amigos, enquanto ria da minha cara. Temos que aprender a ignorar este tipo de ataques, lembrando o espírito maligno que está por detrás destes pensamentos de constante suspeitas (1Cron 19:3). A verdade é que não temos como saber o desfecho de todos os nossos atos de bondades para os irmãos, e em muitos casos temos que simplesmente deixar que Deus lide com o indivíduo da maneira que Ele quiser. Façamos tão somente a nossa parte, isto é o que o Senhor nos comanda. Se permitirmos que pensamentos negativos desenvolvam na nossa mente, sempre esperaremos o pior das pessoas e nunca seremos bondosos com ninguém.

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O Dar com Sabedoria

Devemos ser bons administradores das bênçãos financeiras que vem do nosso Pai. Nem todo aquele que precisa de ajuda sabe do que realmente precisa. Esta é uma verdade que podemos ver frequentemente nas ruas de todas as grandes cidades do mundo, e os EUA não são uma exceção. Não muito distante de onde moramos aqui na Florida, temos um cruzamento onde sempre vemos pessoas pedindo esmolas. Quase sempre, são homens jovens, entre 30 a 40 anos de idade, segurando um pedaço de papelão dobrado e escrito que estão desempregados. Eles esperam o sinal fechar e começam a cruzar a rua como se fossem pedestres comuns, mas quando chegam no meio do cruzamento, param, abrem o pedaço de papelão e vem caminhando entre os carros olhando atentamente no rosto de cada motorista. Um deles, pude observar que antes de começar a caminhar na direção dos carros faz o sinal da cruz para que todos vejam. Enquanto um outro, notei um dia, teve que interromper a sua rotina para conversar com alguém no seu celular. Não é necessária nenhuma revelação de Deus para saber que estas pessoas são oportunistas. No entendimento destas almas, elas precisam de dinheiro, quando de fato precisam muito mais de Cristo. Não existe nada de nobre ou bíblico em dar dinheiro a este tipo de pessoas. O que podemos e devemos fazer é orar e pedir que o Senhor tenha misericórdia destas almas. Devo aqui mencionar, no entanto, que Deus chama alguns dos seus obreiros para levar a mensagem do evangelho especificamente para este grupo de pessoas. Eu e a minha esposa temos um chamado diferente, mas já por anos enviamos parte do nosso dízimo para o ministério de uma irmã muito querida que possui o chamado de evangelizar moradores de rua, um trabalho difícil, perigoso, e que poucos desejam fazer: “E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Efe 4:11-12).

O Emprestar com Sabedoria

Emprestar não é muito diferente de dar quando se trata de sermos prudentes e responsáveis com o dinheiro que o Senhor nos envia. Geralmente temos dois tipos de pessoas que nos pedem emprestados: uns poucos que realmente intencionam nos pagar e a maioria que não. Este segundo grupo na realidade quer o dinheiro de graça, mas diz que quer emprestado para que sejamos mais inclinados a arrumar o dinheiro (Sal 37:21). Dificilmente ouviremos de alguém a verdade de que ele está pedindo emprestado, mas que possivelmente não nos pagará. O que o cristão deve fazer quando alguém lhe pede emprestado depende de muitos fatores, e certamente não temos tempo aqui para explorarmos todos os diferentes possíveis cenários. Jesus é muito claro, porém, que devemos ajudar. Ou seja, devemos sempre lembrar da bênção que é estar na posição de dar e emprestar e não de pedir emprestado (Atos 20:35; Rom 13:8). Devo aqui também esclarecer, que devemos emprestar somente aquilo que estamos em condição de perder. Ou seja, no ato de emprestar o nosso dinheiro a alguém, devemos aceitar na nossa mente a grande possibilidade de que não teremos mais aquela quantia de volta: “fazei bem e emprestai, esperando nada em retorno; e grande será a vossa recompensa [Gr. μισθός (misthós) s.m. recompensa, pagamento, salário]” (Luc 6:35).

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O Temor de que se Dermos Teremos Falta

Termino este longo estudo lembrando que a maior das táticas de Satanás na vida do cristão é o medo. O inimigo utiliza do medo com tremendo sucesso em todas as áreas no caminhar dos filhos de Deus. Com muita frequência o cristão tem dificuldade de ser generoso porque teme que venha a passar necessidade e que é mais garantido segurar aquilo que tem (Mat 6:33; Fil 4:6-7). Este é um medo que está diretamente ligado à ingratidão e à falta de fé. Ingratidão porque quem assim age não reconhece de onde vem os seus bens, pois se verdadeiramente reconhecesse foi o Senhor ele nem se consideraria como o verdadeiro dono do seu dinheiro. Falta de fé porque não entende e não aceita a verdade de que o mesmo Deus que deu aquilo que tem pode, não somente dar muito mais, como também pode tirar tudo aquilo que tem a qualquer momento que queira: “Mas Deus lhe disse: Insensato [Gr. άφρων (áfron) adj. idiota, insensato, tolo, estúpido] , esta noite te pedirão [Gr. απαιτέω (apaitéo) v. exigir, pedir de volta, cobrar] a tua alma; e o que tens preparado, para quem ficará?” (Luc 12:20). Espero te ver no céu.
 

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