O Sermão da Montanha (Sermão do Monte): Estudo Nº 69: Resposta às Orações: Batei e abrir-se-vos-á

Imagem de uma planície onduladas de cor ferrugem. O Sermão da Montanha (Sermão do Monte)

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O Sermão da Montanha (O Sermão do Monte) – Oração: Batei e abrir-se-vos-á

Mateus 7:7-11 Estudo Bíblico e Comentário Bíblico Nº 69

Por Markus DaSilva, Th.D.

Com este estudo terminamos mais um segmento dos ensinos e mandamentos que Jesus deu aos seus discípulos e a todos nós, seus seguidores, no Sermão da Montanha. Este foi um bloco pequeno, de apenas três estudos, mas sem sombra de dúvidas aborda um dos temas mais importantes na vida de todos os cristãos e em todas as épocas, que se trata de como podemos receber uma resposta positiva quando pedimos algo a Deus. “Pedi [Gr. αιτέω (etéo)], e dar-se-vos-á; buscai [Gr. ζητέω (zitéo)], e achareis; batei [Gr. κρούω (krúo)] e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, se abre. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhes pedirem?” (Mat 7:7-11).

“Não existe a possibilidade de o cristão seguir num caminho da sua própria imaginação e ao mesmo tempo, no final, receber de Deus aquilo que gostaria de receber.”

Os Três Passos da Oração

Conforme já explicamos em detalhes nos dois últimos estudos da série, as palavras de Jesus indicam que existem três passos a serem dados para se obter aquilo que gostaríamos que Deus nos desse: o pedir, o buscar e o bater. Neste estudo fechamos esta sequência de ações com o bater à porta para que ela se abra e finalmente recebamos o que pedimos ao Pai. Este processo ilustrado com uma busca até se encontrar a porta também foi usado por Jesus quando nos ensinou sobre como os seres humanos conseguem entrar no Reino dos Céus: “Entrai pela porta [Gr. πύλη (píli) s.f. porta, portão] estreita [Gr. στενός (stenós) adj. estreito, apertado]; porque larga [Gr. πλατύς (platís) adj. amplo, largo] é a porta, e espaçoso [Gr. ευρύχωρος (evrírroros) adj. largo, espaçoso] o caminho que conduz à perdição [Gr. απώλεια (apólia) s.f. perdição, destruição, perda, ruína, morte, ruína eterna], muitos [Gr. πολύς (polís) adj. muito, numeroso, grande] são os que entram nele; e como é estreita a porta, e apertado [Gr. θλίβω (flíbo) adj. estreito, comprimido] o caminho que conduz à vida [Gr. ζωή (zoí) s.f. a vida por completo, alma e corpo], poucos [Gr. ολίγος (olígos) adj. pouco, pequeno, curto] são os que o encontram” (Mat 7:13-14).

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A Porta da Oração e a Porta da Salvação

É interessante notar que tanto na oração como na salvação Jesus ensina que precisamos chegar até a porta que dá acesso àquilo que buscamos. Vemos então que estas não são portas que encontramos facilmente, pois em ambos os casos teremos que procurá-las até encontrá-las. Ou seja, contrário ao que muitos líderes ensinam, a vida cristã não é para os fracos. De fato, no caso da salvação, Jesus foi ainda mais detalhado quanto à dificuldade aos nos informar que muitos querem chegar até a porta, mas não conseguem nem a encontrar: “poucos são os que a encontram” [Acessar estudo sobre a porta estreita e o caminho apertado]. Em um outro lugar, Jesus também utilizou da analogia da porta de uma forma ainda mais dramática: “E, tendo elas ido comprar óleo [Gr. έλαιον (éleon) s.n. azeite de oliva, óleo], chegou o noivo [Gr. Νυμφίος (nimfíos) s.m. noivo]; e as que estavam preparadas [Gr. έτοιμος (étimos) adj. pronto, preparado] entraram com ele para as bodas [Gr. γάμος (gâmos) s.m. casamento, festa de casamento, salão de festas] e fechou-se a porta” (Mat 25:10). No caso da parábola das 10 virgens, vemos algo interessante, pois elas acharam a porta que daria acesso à salvação, mas a porta não foi aberta porque elas chegaram até a porta por um caminho falso: “Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta. Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço” (Mat 25:11-12). O caminho falso é o caminho sem a presença do Espírito Santo, representado pelo azeite que não possuíam em antecipação para a chegada do Noivo.

Deuses Falsos, Caminhos Falsos e Portas Falsas

Um dos grandes desafios na vida cristã é distinguir o verdadeiro do falso. Este não é um problema para os descrentes porque quem não teme a Deus já vive continuamente envoltos na falsidade, na mentira, na ficção, na fantasia, no engodo e no engano. Para eles, o mundo das mentiras é algo natural e até se incomodam grandemente quando a verdade e a luz se aproximam: “…a saber, o Espírito da verdade [Gr. το πνεύμα της αληθείας (to Pnevma tis alithías) tit.div. o Espírito da Verdade], o qual o mundo [Gr. κόσμος (kósmos) s.m. mundo; fig. habitantes da terra, estilo de vida ímpio] não pode receber; porque não o vê nem o conhece” (João 14:17). Para o cristão, todavia, saber a diferença entre a falsidade e a verdade é fundamental para tudo na sua vida incluindo para a sua vida de oração. Se o cristão quer obter de Deus aquilo que pediu é importantíssimo que todo o processo ocorra dentro da luz e da verdade. Ele precisa pedir ao verdadeiro Deus é não a um deus de invenção humana; ele precisa seguir pelo caminho que Deus lhe mostra e não em um caminho fantasioso; e precisa bater à porta da realidade é não em uma porta ilusória.

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Deuses Falsos

O verdadeiro e único Deus é o Deus das Escrituras, revelado nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O verdadeiro Deus só é alcançado por quem o obedece. Uma boa parte das orações não chegam até a Deus porque não foram direcionadas a ele, mas sim a deuses de invenção humana. O fato de se usar a palavra “Deus” ou “Jesus” quando se ora não quer dizer que de fato ocorreu uma comunicação entre o homem na terra e Deus no céu. Também o fato de estar na igreja quando se ora não quer dizer que os pedidos chegaram até os ouvidos do Senhor. Deus não se inclina para nos ouvir porque falamos certas palavras nem porque oramos em certos lugares, mas sim porque obedecemos aos seus mandamentos e andamos nos seus caminhos: “Os meus passos apegaram-se aos teus caminhos, não desviaram os meus pés. A ti, ó Deus [Heb. אל (El) Deus], eu clamo, pois tu me ouvirás; inclina para mim os teus ouvidos, e ouve as minhas palavras” (Sal 17:5-6). O que quero dizer é que a pessoa que ora sem viver uma vida de obediência às palavras de Deus reveladas nas Escrituras, não está de fato orando ao verdadeiro Deus, mas sim a um ser da sua própria imaginação. Que este homem não se iluda achando que mesmo ignorando as palavras de Deus ainda assim ele será atendido.

Caminhos Falsos

O verdadeiro caminho que leva à porta que dá acesso ao que pedimos em oração é o caminho dado por Deus. Este é um grande obstáculo para uma vida de oração frutífera porque frequentemente os cristãos sabem, ou têm uma boa ideia do que devem fazer para agradar a Deus e seguir no caminho do Senhor, mas preferem trilhar na direção que o seu coração deseja. Um absurdo sobre tudo isto é que os cristãos, mesmo seguindo pelos seus próprios caminhos, quase sempre continuam orando a Deus na esperança de que receberão aquilo que desejam. O caminho do homem sempre será um falso caminho que leva a uma falsa porta; o que significa que não existe a possibilidade de o cristão seguir num caminho da sua própria imaginação e ao mesmo tempo, no final, receber de Deus aquilo que gostaria de receber: “Porque os meus pensamentos [Heb. מחשבה (mashvá) s.f. pensamento, plano, ideia, propósito] não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos [Heb. דרך (dêrr) s.m. caminho, direção, estrada] os meus caminhos, diz o Senhor” (Isa 55:8).

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Portas Falsas

A porta mencionada por Jesus nesta passagem é a última etapa para o cristão receber aquilo que pediu de Deus. Ele já pediu por aquilo que queria; ele já buscou pela porta seguindo no caminho que Deus lhe mostrou; e agora se encontra de frente para a porta e tudo o lhe falta é o bater: “batei [Gr. κρούω (krúo)] e abrir-se-vos-á” (Mat 7:7). Esta etapa é a consumação do processo de toda a oração e exige sabedoria e extrema cautela por parte do cristão. Pelo fato de ter havido uma sequência de eventos até chegar à porta, é importante o cristão ter a certeza de que a porta que se encontra à sua frente é de fato a porta que procurava. Se ele tem dúvidas que o pedir e o buscar contou com a aprovação de Deus, este é o momento de reconsiderar os seus passos, pois de forma alguma deverá bater em uma falsa porta. A porta falsa se abrirá com certeza, mas o que lhe espera do outro lado não vem de Deus e, portanto, não lhe dará o resultado que esperava.

Duas Portas Falsas Comuns: Relacionamentos e Finanças

Para que fique bem claro do que se tratam as portas falsas que muitos cristãos acabam entrando, consideremos relacionamentos e finanças. Em se tratando de relacionamentos, todos nós sabemos do altíssimo número de divórcios nas nossas igrejas, com algumas estatísticas indicando um número até superior aos descrentes. Todas estas separações ocorreram e seguem ocorrendo porque os casais oraram a Deus, mas, mesmo assim, entraram por portas que não vieram do Senhor, e sim da imaginação do homem estimulados por Satanás e seus anjos caídos. Em se tratando de finanças, o mesmo ocorre. Muitos dos problemas financeiros existentes entre os nossos irmãos e irmãs é porque decisões foram tomadas no passado que não foram baseadas em soluções vindas de Deus, mas sim de homens. Ou seja, bateram e entraram por falsas portas. Isso ocorre frequentemente em decisões relacionadas a estudos, escolhas de carreiras, aquisições, investimentos e coisas semelhantes.

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Começando de Novo

O fato de Jesus ter explicado o processo da oração como contendo três etapas possui o benefício de dar a opção de um regresso, ou um retorno ao ponto de partida antes de batermos e entramos em uma porta que não vem de Deus. Se não existissem estas etapas então teríamos muito mais sofrimento nas nossas igrejas em todas as áreas da vida. Usando os mesmos exemplos dados acima, o casal de namorados que têm orado a Deus sobre o casamento, mas que não têm obtido o conforto espiritual de saber que estão seguindo em um caminho dado por Deus, podem reavaliar o relacionamento antes de baterem e entrarem por uma porta onde Deus não se faz presente. O mesmo ocorre em situações que envolvem o futuro financeiro dos irmãos. Se o cristão não vê a mão de Deus o guiando em uma determinada ideia, seja em relação a uma área de estudo; em relação a um certo negócio; em relação a uma certa aquisição ou em relação a um certo investimento, ele deverá parar imediatamente e reavaliar a sua situação, antes de assumir um compromisso que lhe poderá trazer grande tristeza no futuro.

A Misericórdia de Deus

Não podemos deixar de mencionar que uma entrada por uma porta falsa não significa de forma alguma que não existe a possibilidade de uma recuperação. Em todas as situações na vida, por mais difíceis que sejam, a misericórdia de Deus pode vir no auxílio daquele que o obedece e clama pelo seu nome. Foi isto o que o rei Davi quis dizer com as palavras: “Estendeu do alto a sua mão e tomou-me; tirou-me das muitas águas [Heb. מים (mimm) s.m. água, águas]. Livrou-me do meu possante inimigo [Heb. איב (oieb) s.m. inimigo, adversário], e daqueles que me odiavam [Heb. שנא (sine) v. odiar]; porque eram fortes demais para mim. Encontraram-me no dia da minha calamidade, porém o Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová, Javé] se fez o meu suporte. Conduziu-me para um lugar espaçoso; livrou-me [Heb. חלץ (rralátz) v. salvar, tirar, libertar, resgatar], porque tinha prazer em mim. Recompensou-me o Senhor conforme a minha retidão [Heb. צדקה (tsideká) s.f. retidão, justiça]; conforme a pureza das minhas mãos, ele me retribuiu. Porque guardei os caminhos [Heb. דרך (dêrr) s.m. caminho, direção, estrada] do Senhor, e não me apartei em rebeldia do meu Deus” (2Sam 22:17-22; Sal 18:16-23). Devemos estar a par, no entanto, que o resgate do Senhor está mais ligado a nos restituir ao bom relacionamento com ele e nos levar ao céu do que eliminar as consequências dos nossos erros aqui na terra. Depois de nos resgatar, o Senhor também estará conosco no dia a dia, sendo o nosso socorro bem presente na angústia resultada de um caminho errado e de uma porta errada (Sal 46:1), mas o processo de recuperação é quase sempre doloroso, quase sempre longo e quase sempre a dor nunca é eliminada por completo. Esta verdade serve para nos alertar quanto à seriedade que é direcionarmos as nossas orações a Deus confiantes em uma resposta positiva, mas totalmente dispostos a sermos guiados por ele do começo ao fim e não pela nossa própria imaginação. O Senhor tem prazer quando escolhemos o caminho que nos trará alegria e vida, e não sofrimento e morte: “O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Deut 30:19).

As Boas Coisas Que Vem do Pai: Um Testemunho

Jesus termina esta seção de ensinos em um tom altamente positivo: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos [Gr. τέκνον (teknon) s.n. filho, criança], quanto mais vosso Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai (Deus)], que está nos céus, dará boas coisas aos que lhes pedirem [Gr. αιτέω (etéo) v. pedir, rogar, exigir]?” (Mat 7:11). Para que ficasse bem claro qual deve ser a nossa expectativa quando oramos a Deus o que Jesus fez aqui foi uma comparação entre o que um pai na terra normalmente faz para os seus filhos e o que o nosso Pai nos céus normalmente faz para os seus. Um bom exemplo e testemunho sobre as palavras de Jesus foi o que o pai da minha esposa fez anos atrás quando ainda era vivo. Nos anos 70 e 80, com sacrifício, ele deu um carro zero a cada um dos três filhos quando terminou a faculdade. Este sem sombra de dúvidas foi um bom presente, ou dádiva, vindo de um pai humano. Mas, por mais bondoso que o meu sogro seja considerado por todos nós, Jesus nos disse que os pais aqui na terra, quando comparados com Deus, são na realidade maus pais, ainda que alguns deem bons presentes aos filhos.

A Obediência e as Bênçãos de Deus

Queridos, estas palavras finais de Jesus são fortíssimas e maravilhosas. Se o que o pai da minha esposa fez é considerado coisa pequena para Deus, imaginem só o que Ele fará para nós, os seus filhos obedientes? “abençoados [Gr. μακαριος (makários) adj. bem-aventurado, abençoado, bênçãos, feliz] são os que ouvem [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] a palavra de Deus e a guardam [Gr. φυλασσω (filásso) v. guardar, estar atento, observar]” (Luc 11:28). Definitivamente o que esta promessa faz é nos animar a sermos mais audaciosos nas nossas orações, sabendo que receberemos como resposta algo muito superior àquilo que o melhor dos pais humanos dá aos seus filhos. Eu e a minha esposa temos tido muitas provas da veracidade desta promessa de Jesus. É o meu desejo que todos vocês se empenhem em orar continuamente ao Pai, confiante que ele lhes dará tudo aquilo que pedirem. Apenas estejam cientes dos pontos mencionados nos três estudos deste segmento do Sermão da Montanha: peçam ao verdadeiro Deus, e não aos deuses de invenção humana; busquem por aquilo que desejam somente no caminho que vem de Deus; e quando estiverem em frente à porta, apenas batam se tiverem a paz de espírito que o pedir e o buscar ocorreram dentro da aprovação do Senhor: “Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á”. Espero te ver no céu.
 

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