O Sermão da Montanha: Estudo Nº 49: Orando o Pai Nosso: Parte 7: Perdoai as Nossas Dívidas

Foto de uma mulher olhando o por do sol. Orando o Pai Nosso Com Poder. Estudo Nº 7: Perdoai as Nossas Dívidas por Markus DaSilva

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O Sermão da Montanha (O Sermão do Monte) – Perdoai as Nossas Dívidas

Mateus 6:12. Estudo Bíblico e Comentário Bíblico Nº 49 da série: O Sermão da Montanha. Parte 7 da série:  Orando o Pai Nosso

Por Markus DaSilva, Th.D.

Podemos definir o pecado de várias formas, mas nenhuma definição humana fará jus ao quanto ele é ofensivo para Deus. Devemos lembrar que tudo aquilo de mal que o homem faz, em última análise não ofende a criatura que pratica e nem mesmo a que recebe o mal, mas sim aquele que as criou à sua imagem: Deus. Cada maldade em ato ou pensamento que cometemos contra um outro ser humano, seja ele um parente, um amigo, um inimigo, um estranho ou a nós mesmos, estamos maculando a perfeita imagem Daquele que compartilhou conosco parte da sua essência: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gen 1:26). Isso foi o que o rei Davi quis dizer quando orou logo após ter sido desmascarado pelo profeta Natã quanto ao seu pecado de adultério e assassinato: “Contra ti, contra ti somente, pequei, e fiz o que é mau diante dos teus olhos; de sorte que és justificado em falares, e inculpável em julgares” (Sal 51:4). Davi sabia que o seu pecado causou grande quantidade de sofrimento a várias pessoas e que o seu mal era irreparável. Sabia que além de ter manchado a honra de uma mulher casada, ele causou imensa dor à família do gentio Urias (heteu/cananeu) o qual ele ordenou que fosse colocado na frente de uma batalha especificamente para ser morto. Mas, mesmo estando a par de tudo o que fez para essa família, ainda assim, entendia que quem realmente foi ofendido pelos seus atos foi o Senhor: “Contra ti, contra ti somente, pequei” (Sal 51:4 ver também: Sal 51:4; 1Cor 8:12).

“Não existe como nós mesmos pagarmos a dívida que temos com o Senhor e voltarmos ao perfeito relacionamento que antes tínhamos com Ele.”

Assim Como a Luz Elimina as Trevas, Deus Eliminará o Pecado Desse Mundo

Deus, por um tempo, está permitindo que o pecado exista no universo, mas muito em breve ele será eliminado para que assim a sua criação volte a ser compatível com a sua presença. O mal não pode coexistir com Deus que é o próprio bem, assim como as trevas não podem coexistir com a luz (Hab 1:13; Sal 5:5). Quando estamos em um lugar escuro e alguém chega carregando algum tipo de luz, a escuridão naturalmente desaparece. Quanto mais o brilho da luz que entra no ambiente, menos densa se tornam as trevas. Em um local onde a luz é perfeita as trevas simplesmente não existem: “a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (João 1:5). Este foi o motivo que Satanás e os seus anjos caídos não puderam continuar no céu, porque lá é a morada de Deus, a mais pura luz: “Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu” (Apo 12:7-8). Da mesma forma, nós, na nossa atual condição não podemos estar na presença de Deus Pai e viver: “Disse Manoá (Pai de Sansão) à sua mulher: Certamente morreremos, porque vimos a Deus” (Ju 13:22).

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Pecado e Dívida: Duas Palavras Diferentes, Mas Com o Mesmo Significado em Lucas e Mateus

Na versão do Pai Nosso relatada por Lucas (Luc 11:4) encontramos a frase: [Gr. και άφες ημίν τας αμαρτίας ημών (ke áfes imin tas amartias imon) Lit. e perdoa nós os pecados de nós], note que Lucas menciona que Jesus usou a palavra “pecado” [Gr. αμαρτίας (amartias)], mas na versão de Mateus, que faz parte do Sermão da Montanha, (Mat 6:12) Jesus utilizou uma frase praticamente idêntica, com exceção da palavra “pecado”: [Gr. κα άφες ημίν τα οφειλήματα ημών (ke áfes imin ta ofilímata imon) Lit. e perdoa nós as dívidas de nós]. Esta mesma palavra para “dívida” [Gr. οφείλημα, (ofílima)] é usada pelo apóstolo Paulo em Romanos: “Ora, ao que trabalha não se lhe conta o salário como um favor, mas sim como dívida [Gr. οφείλημα, (ofílima)]” (Rom 4:4).

No contexto da oração do Pai Nosso, ambos os termos, pecado e dívida, possuem o mesmo significado. O pecado que carregamos é uma dívida com Deus, e como toda a dívida um dia ela terá que ser quitada (Mat 25:46). Esta comparação de pecado com uma dívida financeira ocorre porque se Deus não fosse misericordioso conosco, seríamos todos banidos para as trevas, distante da sua presença por causa das nossas ofensas: “E lançai o servo inútil [Gr. αχρείον δούλον (ar-rríon dúlon) servo inútil] nas trevas exteriores [Gr. σκότος το εξώτερον (skótos to eczóteron) trevas exteriores]; ali haverá choro e ranger de dentes [Gr. κλαυθμός και ο βρυγμός των οδόντων (klafthmós ke o vrigmós ton odónton) choro e ranger de dentes]” (Mat 25:30). O Senhor, porém, nos permite viver por um tempo sem que recebamos a nossa devida punição, para que assim possamos decidir por nós mesmos como esta dívida será quitada. Neste sentido, todo o tempo que vivemos estamos carregando sobre as nossas costas a obrigação de um dia pagar esta dívida com Deus: “Assim, pois, cada um de nós dará conta [Gr. λόγον δώσει (logon dósi) prestar conta] de si mesmo a Deus” (Rom 14:12).

Não Temos Como Nós Mesmos Pagarmos a Nossa Dívida Com Deus

A analogia da dívida que temos com Deus e a dívida que temos com um credor financeiro, no entanto, perde o seu valor aplicativo quando entendemos que enquanto toda a dívida financeira possui uma quantia que se o devedor conseguir pagar ele fica livre, não existe como nós mesmos pagarmos a dívida que temos com o Senhor e voltarmos ao perfeito relacionamento que tínhamos com Deus antes da entrada do pecado na terra. Isso significa que teremos que procurar uma outra maneira de quitar esta dívida com o nosso Criador ou o nosso destino final garantido será o exílio permanente da presença de Deus, que é a morte eterna (2Tes 1:9). Ou seja, o preço do pecado, ou o valor a ser pago, é a morte eterna: “A alma que pecar, essa morrerá” (Eze 18:20); “Porque o salário do pecado é a morte” (Rom 6:23). Este é o dilema do ser humano: se não paga a dívida ele morre e se pagar ele também morre.

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A Cruz de Cristo Foi a Maneira Que Deus Escolheu Para Quitar a Nossa Dívida Com o Senhor

Sabemos, porém, que Deus na sua bondade decidiu providenciar uma forma para que esta dívida com Ele fosse paga e assim alguns seres humanos continuassem vivendo. Ou seja, qualquer ser humano que aceitar esta forma alternativa de pagar a sua dívida com Deus poderá fazê-lo, se assim o desejar: “Porque Deus amou [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar] o mundo [Gr. κόσμος (kósmos) s.m. mundo; fig. habitantes da terra] de tal maneira que deu o seu Filho unigênito [Gr. υιον μονογενή (yion monoguení) Filho único], para que todo aquele que nele crê [Gr. πιστεύω (pistévo) v. crer, confiar, estar persuadido] não se perca [Gr. απόλλυμι (apólimi) v. se perder, arruinar, desperdiçar, destruir, perecer, morrer], mas tenha a vida eterna [Gr. ζωήν αιώνιον (zoin eônion) exp.idio. vida eterna]” (João 3:16).

Esta forma de pagamento pelos nossos pecados que Deus nos providenciou é a essência do evangelho. Quando oramos o Pai Nosso e pedimos que Deus perdoe os nossos pecados estamos então reconhecendo que não temos como pagar esta gigantesca dívida que carregamos conosco e que Ele receba este pagamento de uma outra pessoa, o seu Filho unigênito: Jesus (Isa 53:4; 1Pe 2:24). Recordemos, porém, que o custo da nossa dívida não foi diminuído para que assim Jesus tivesse pouco a pagar. Não, de forma alguma, pois a perfeição de Deus exige nada menos do que um perfeito pagamento. A dívida era alta, e não só alta como também multiplicada imensamente pois Jesus pagou pelos pecados de “todo aquele que nele crer”, e não apenas de um, dois ou três pecadores. Esta foi a grande agonia que Jesus enfrentou por amor àqueles a quem o Pai lhe enviou (João 6:39; João 17:12). Agonia esta claramente visível nas suas palavras dirigidas ao Pai, quando se encontrava a questão de horas em que a dívida, depois de cerca de 4000 anos desde Adão e Eva, seria finalmente quitada com a sua própria vida: “Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade [Gr. θέλημα (thélima) v. desejo, propósito, vontade, mandamento], mas a tua” (Luc 22:42).

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Jesus Experimentou a Morte Eterna no Nosso Lugar

Recordemos também que, ainda que Jesus tenha sofrido imensa dor nas mãos dos soldados romanos por nossa causa, de longe, o seu maior sofrimento foi a morte eterna que precisou passar por todo aquele que nele creu: “…para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos” (Heb 2:9). A morte eterna, a mesma morte eterna que todo o pecador impenitente sofrerá, é a ausência de Deus: “os quais sofrerão [Gr. τίνω (tíno) v. pagar um preço], como castigo, a perdição eterna [Gr. όλεθρον αιώνιον (olethron eônion) ruina/perdição/destruição/morte eterna], banidos da face do senhor” (2Tes 1:9). E se esta ausência de Deus será um sofrimento horrível para os seres humanos, cuja grande maioria nunca sequer viu a Deus, imagine para aquele que por toda a eternidade esteve junto, ou melhor, era um com o Pai? (João 10:30). Este foi o significado das palavras do nosso amado Jesus na cruz do Calvário: “Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes? [Gr. εγκαταλείπω (enkatalípo) v. abandonar, esquecer, desertar]” (Mat 27:46).

Em Cristo, Todo o Ser Humano Tem a Oportunidade de Quitar a Sua Dívida Com Deus

De uma forma direta ou indireta, todo o ser humano adulto e capaz que veio a esta terra, teve ou terá a oportunidade de se beneficiar deste perfeito sacrifício de Jesus e viver eternamente com o seu querido Salvador no céu. Digo direta ou indireta porque existem muitos casos de salvação que vai além da nossa compreensão e que devemos deixar nas mãos de Deus, incluindo aquelas almas que viveram antes da vinda do Messias e ainda aquelas que por um motivo ou por outro não conheceram o evangelho da cruz. O sangue inocente de Jesus levará muitos ao céu, ainda que parte deles não tenha uma clara compreensão do plano de salvação: “pois isto é o meu sangue [Gr. αίμα (êma) sangue], o sangue do pacto [Gr. διαθήκη (diathíki) pacto, acordo, testamento, aliança] o qual é derramado por muitos para livramento [Gr. άφεσις (áfesis) liberdade, livramento] dos pecados [Gr. αμαρτία (amartía) pecado, ofensas]” (Mat 26:28).

O Verdadeiro Significado de João 3:16

Observemos que este crer, do verso: “todo aquele que Nele crer” não se trata apenas de um reconhecimento de que Jesus realmente existiu, nem tampouco de que ele realmente era quem ele afirmava ser: o Salvador enviado por Deus. Não, de forma alguma. Crer neste sentido até os demônios creem (Tiago 2:19), mas isto não trará qualquer benefício para eles no juízo final. O crer que nos salva da morte eterna é o crer da obediência, pois é obedecendo que demonstramos que cremos: “Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte” (João 8:51). [Gr. εαν τις τον έμον λόγον τηρήση (ean tis ton émon lógon tirísi) Lit. se alguém minha palavra guarda]. O verbo guardar no grego [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] possui a ideia de vigiar, reter e preservar e é usado em vários lugares com o sentido de policiar ou manter sob guarda (Mat 27:36; Mat 27:54; Atos 12:5; Atos 16:23; Atos 24:23; Atos 25:4), ou seja o crer que faz com que não tenhamos que pagar por nós mesmos a dívida da morte eterna consiste do crer que faz com que as palavras de Jesus sejam guardadas no coração da pessoa, como algo muito precioso e que não deve de forma alguma escapar. Todo o viver dela passa a ser em obediência a tudo aquilo que saiu da boca de Jesus: “Eis que uma nuvem brilhante [Gr. φωτεινός (fotinós) adj. cheio de luz, brilhante] os cobriu [Gr. επισκιάζω (episkiázo) v. lançar sombra, obscurecer]; e dela saiu uma voz [Gr. φωνή (foní) s.f. voz, som] que dizia: Este é o meu Filho amado [Gr. υιός μου ο αγαπητός (yiós mu o agapitós) Lit. Filho meu, o amado], em quem me deleito [Gr. ευδοκέω (idokéo) v. estar satisfeito com, se deleitar em, ter prazer em]; escutem [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] o que ele diz!” (Mat 17:5. Ver também: João 12:48-50. Comparar com Exo 20:19). [Acesse estudo sobre a obediência aos mandamentos de Jesus]

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O Arrependimento e Sua Conexão Com o Perdão de Pecados

Não podemos falar de perdão de pecados sem falar de arrependimento (2Pe 3:9). Poderíamos escrever muito sobre o arrependimento, mas para este estudo deixe-me apenas esclarecer que o perdão está ligado a dois pontos importantes: o reconhecimento de culpa e a intenção de se corrigir. Se durante a oração do Pai Nosso não sentimos aversão aos nossos pecados e não temos um profundo desejo de nunca mais repetir as nossas ofensas, então o arrependimento ainda não ocorreu. Neste caso, acompanhado do pedido de perdão, devemos confessar a Deus que precisamos também que Ele nos capacite a rejeitarmos tudo aquilo que o ofende (2Cor 7:10). Ou seja, que ele retire do nosso coração todo o ódio e desejo de vingança, toda a inveja, todo o desejo carnal e qualquer outro tipo de sentimento que sabemos que desagrada a Deus. Se realmente desejarmos nos livrar destes males por amor ao Senhor e o pedirmos, Ele nos dará o que pedimos porque este desejo não provém de nós mesmos, mas da influência do Espírito Santo que habita em nós: “o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém” (Rom 8:26).

Perdão de Pecados só Ocorre Com a Obediência às Palavras de Jesus

Queridos, em resumo, o que quero explicar com tudo o que foi dito acima é que o pedir perdão a Deus pelos nossos pecados não se trata de algo mágico ou místico, como muitos pensam. Não é simplesmente porque a pessoa fala estas palavras que os seus pecados são perdoados. Este tipo de entendimento não tem nenhuma conexão com o evangelho da cruz que restaura e salva. Para que as suas dívidas sejam realmente quitadas através da morte de Jesus o indivíduo precisa crer e o demonstrar através da obediência às suas palavras. O perdão é dado àqueles que amam a Jesus, amor refletido na obediência: “Se alguém me ama [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar], obedecerá [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] à minha palavra [λόγος (lógos) s.m. palavra, mensagem, verbo]; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada [μονή (moní) s.f. ficar juntos, estabelecer residência]. Quem não me ama, não obedece às minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] não é minha, mas do Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai] que me enviou [Gr. πέμπω (pémpo) v. enviar, despachar]” (João 14:23-24). Espero te ver no céu.
 

Obs.: A série sobre a oração do Pai Nosso faz parte da série completa sobre o Sermão da Montanha
[Acesse o esboço completo do Sermão da Montanha]

Nesta Série de Estudos: