Milagres: Estudo Nº 1: Do Que Se Trata os Milagres?

Bebê na maternidade em um hospital. Milagres: Estudo Nº 1: Do Que Se Trata os Milagres?

Milagres: Estudo Nº 1: Do Que Se Trata os Milagres?

Por Markus DaSilva, Th.D.

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omeçaremos esta nova série afirmando algo que todos nós sabemos muito bem, embora muitos não querem admitir. Qualquer pessoa, por mais simples que seja, se parar para pensar um pouco concluirá que tudo ao nosso redor, incluindo a nossa própria existência, é um grande milagre. No seu sentido mais amplo, milagre é tudo aquilo que não conseguimos explicar como ocorreu utilizando de métodos empíricos. Ou seja, não conseguimos explicar porque foge dos processos normais do dia a dia. Eu sei que o ser humano consegue elaborar uma explicação para quase tudo o que ocorre neste mundo, especialmente entre aqueles que não possuem fé em Deus, mas a explicação do homem é sempre a nível superficial e nunca descreve satisfatoriamente como os eventos da vida de fato ocorrem. Por exemplo, o homem descrente sabe que existem leis pré estabelecidas que governam o universo visível, e até coloca nomes em todas elas, mas desconhece a origem e o porquê destas leis. O seu conhecimento se baseia tão somente naquilo que os cinco sentidos do corpo conseguem processar. Nesta série sobre milagres, mostraremos que todos os milagres que ocorrem na vida, sejam os milagres bíblicos ou os que ocorrem nos nossos dias, fazem parte do plano de Deus para a humanidade. Veremos que na realidade não existe nada surpreendente quando Deus intervém nos processos naturais para o benefício dos seus filhos.

Embora geralmente não nos damos conta, a realidade é que o Senhor tem que intervir o tempo todo para assegurar que amanhã estaremos vivos.

Deus Não Está Sujeito às Suas Próprias Leis

Um erro que ocorre frequentemente entre aqueles que duvidam de milagres, inclusive entre cristãos de todas as denominações, é a ideia de que as chamadas “leis da natureza” são imutáveis. De fato, as leis naturais são imutáveis, mas apenas para os objetos ou seres que estão sob os efeitos destas leis. O homem não flutua ao pular de uma cadeira porque uma lei da natureza denominada “lei da gravidade” o atrai para a terra devido à sua massa corpórea. Se este mesmo homem, porém, pulasse da cadeira, mas tendo-a presa a uma nave espacial além do sistema solar, ele seguiria flutuando no espaço porque a lei da gravidade presente na terra já não teria controle sobre ele. Ele se encontraria fora do domínio desta lei. Assim são todas as leis naturais na terra em relação a Deus. Primeiramente, o Senhor não mora na terra para que esteja limitado a elas: “Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que o céu, e até o céu dos céus, não te podem conter” (1Re 8:27); e em segundo lugar, e mais importante, como o criador da terra e suas leis, Deus pode a qualquer momento e por qualquer motivo, interferir no seu comportamento. Em suma, quando os milagres ocorrem, não é o homem que interfere nas leis naturais, mas sim o Deus que criou todas as leis e que se encontra muito além dos seus domínios.

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Se o Homem não Houvesse Pecado Não Seriam Necessário os Milagres

Antes da queda no Jardim do Éden, o homem se relacionava com Deus e demais criaturas espirituais (Gen 3:8) da mesma forma que atualmente nos relacionamos com os nossos familiares e amigos. Os eventos do dia a dia, todos eles, eram eventos que refletiam o ambiente de perfeição usufruído por todas as criaturas de Deus que frequentavam o jardim. Dentro desse ambiente era de se esperar que o Criador cuidaria de qualquer necessidade que porventura surgisse entre os seus moradores. Por exemplo, Deus arranjou as estações do ano — com as suas devidas mudanças climáticas — de tal maneira que os habitantes da terra nunca passariam frio ou calor devido a qualquer extremo de temperatura; nunca haveria falta de água para se beber ou para o cultivo devido a uma seca; nunca haveria enchentes e desmoronamentos devido ao excesso de chuva. Ou seja, Deus criou a terra e colocou sobre o planeta leis naturais de tal forma que as necessidades básicas de todos eram supridas regularmente. Entra ano e sai ano, os seres terrestres viviam felizes, simplesmente usufruindo do perfeito planeta que foi criado e moldado especificamente para suprir tudo o que fosse necessário para um viver feliz. A razão que Deus estipulou leis, ou regras, aqui na terra foi exatamente para que tudo funcionasse tendo como alvo o bem estar dos seus habitantes. Este seria o ambiente que existiria até hoje, se não tivéssemos rebelado contra o Criador.

Com a entrada do pecado tudo mudou. Antes da rebeldia, não havia qualquer necessidade de Deus intervir na natureza com milagres para suprir as necessidades do homem, pois ao homem nada era necessário além daquilo que diariamente recebia da natureza segundo as leis impostas sobre ela. Por exemplo, na área de saúde, antes da queda o homem nunca precisou que Deus interviesse nos processos naturais para uma cura, pois o homem nunca se via enfermo. Foi apenas com a entrada do pecado que as criaturas que Deus colocou neste planeta começaram a enfrentar um lado da natureza que não conheciam. De repente se viram enfrentando fogo, água, tremores, ventos, animais e enfermidades. As leis que Deus havia colocado no planeta para o bem estar do homem, estas mesmas leis, agora perturbadas pelo pecado, passaram a causá-lo todos os tipos de desconfortos e sofrimentos. Agora sim, passou a ser necessário os milagres, ou a intervenção de Deus nas leis que governam a terra. Se o Criador não fosse misericordioso e não interviesse com milagres todos os moradores da terra pereceriam, vítimas das suas leis: “A bondade [Heb. חסד (rrésed) s.m. bondade, fidelidade, benignidade] do Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová] jamais acaba, as suas misericórdias [Heb. רחמים (ra-rramim) s.m. misericórdia, compaixão] não têm fim, é a razão de não sermos consumidos [Heb. תמם (tamm) v. consumir, destruir, completado]; renovam-se a cada manhã. Grande é a sua fidelidade [Heb. אמונה (emuná) s.f. fidelidade, firmeza]” (Lam 3:22-23). Lembremos que não apenas o homem, mas até a própria natureza foi amaldiçoada pela rebeldia dos nossos pais: “E ao homem disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos; e comerás das ervas do campo” (Gen 3:17-18).

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O Contínuo Milagre da Vida

É um milagre que nascemos, um milagre que crescemos, um milagre que envelhecemos. Se considerarmos os contínuos ataques contra a vida, veremos facilmente que é apenas por causa da intervenção de Deus que a grande maioria dos habitantes da terra atinge a idade adulta. Embora geralmente não nos damos conta, a realidade é que o Senhor tem que intervir o tempo todo para assegurar que amanhã estaremos vivos. Desde recém-nascido, o homem diariamente enfrenta o perigo de morrer por defeitos físicos, doenças, acidentes, catástrofes, violências, etc. É por causa desta verdade inquestionável, que muitos crêem existir um anjo da guarda designado por Deus para assegurar a sobrevivência dos seus filhos aqui na terra: “Não são todos eles [anjos] espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Heb 1:14. Ver também: Mat 18:10; Atos 12:15).

Os Milagres de Deus a Favor dos Ímpios

Algo maravilhoso sobre o nosso Deus é que ele é misericordioso para com todas as suas criaturas, inclusive para com aqueles que não o reconhecem como o seu Senhor: “…porque ele [Deus] faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos” (Mat 5:45). Infelizmente, porém, o ímpio frequentemente abusa da bondade de Deus e argumenta que os bens que recebe provém da natureza e não do Criador da natureza. O Senhor obviamente vê tudo isso, e no juízo final haverá grande pavor por parte daqueles que recusaram reconhecer que Deus foi a fonte de tudo de bom que receberam aqui na terra; daqueles que atribuíram a qualquer coisa, menos a Deus, os muitos milagres recebidos nos dias que aqui viveram.

O ímpio pode se gabar que está muito bem à parte de Deus. Ele pode argumentar que Deus não existe porque mesmo não crendo, ainda assim segue em paz, usufruindo de todos os benefícios possíveis ao ser humano aqui na terra. Os seus dias de ingratidão, no entanto, estão contados. No juízo final, todos os bens que receberam de Deus terão um fim e tudo o que acumularam terá sido em vão, uma vez que nada será levado com eles ao horrível lugar eterno que os aguarda. O homem que não reconhece a Deus como provedor dos seus bens possui um triste futuro à frente. Este foi um dos pontos principais levantado por Jesus na parábola do rico e de Lázaro: “Disse, porém, Abraão: ‘Filho, lembra-te de que em tua vida recebeste os teus bens, e Lázaro de igual modo os males; agora, porém, ele aqui é consolado, e tu atormentado’” (Luc 16:25).

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Os Milagres de Deus a Favor dos Justos

As bênçãos e os milagres de Deus a favor dos seus filhos aqui na terra diferem em dois aspectos da bondade demonstrada por Deus para os seres humanos em geral: qualidade e propósito. Em termos de qualidade, embora frequentemente nos pareça que o ímpio se encontra melhor que o justo aqui neste mundo (Sal 73:2-3), a realidade, porém, é que até mesmo os bens que o homem recebe na sua vida, se ele não for agradecido a Deus por tudo aquilo que tem, estes mesmos bens em vez de felicidade acabam lhe causando sofrimento atrás de sofrimento: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição” (1Tim 6:9. Ver também: Prov 15:27; 28:20; Mat 13:22). As bênçãos que o justo recebe, no entanto, verdadeiramente traz consigo a felicidade, ainda que seja uma felicidade parcial, já que todos nós sabemos que somente seremos completamente felizes quando subirmos com Cristo para o nosso lar celestial.

Quando sabemos que Deus atuou a nosso favor aqui na terra, seja na área de saúde, financeira, sentimental, ou em qualquer outra área, ficamos alegres não apenas pelo milagre em si, mas também, e muito em especial, porque corretamente entendemos que de Deus não recebemos nada além do melhor que existe. Usufruímos do bem recebido com confiança e tranquilidade, sem nos preocupar que haverá qualquer sofrimento associado ao que recebemos. Também não nos preocupamos com a duração da bênção porque sabemos que a sua fonte é inesgotável. O mesmo Deus que nos abençoou seguirá nos abençoando pois não existe nenhum tipo de limite para o criador do universo: “Mas quanto a mim eu buscaria a Deus, e a Deus entregaria a minha causa; o qual faz coisas grandes e inescrutáveis, milagres sem número” (Jó 5:8-9).

Em termos de propósito, Deus apenas interfere para o bem dos seus filhos se for para os seus benefícios presente e futuro. Deus sabe aquilo que de fato nos fará felizes e sabe aquilo que, ainda que desejamos, acabará nos trazendo tristeza e dor se nos for dado. Esta é uma verdade difícil de aceitar, pois como seres físicos vemos as coisas ao nosso redor tão somente através dos sentidos do corpo. Aceitar os desígnios de Deus, especialmente quando não recebemos aquilo que queremos, requer fé e visão espiritual. Visão espiritual, por sua vez, requer treinamento e perseverança. Se o cristão não se manter fiel a Deus, mesmo quando ele está passando por uma fase difícil, não é possível o crescimento na fé.

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Bênçãos e Milagres

Os irmãos devem ter observado que usamos estas duas expressões, bênção [Gr. ευλογία (evloguia) s.f. bênção, louvor, gratidão] e milagre [Gr. σημείον (simíon) s.n. milagre, sinal, marca], concomitantemente como se fossem sinônimas. Fazemos isso porque, conforme já explicamos no início deste estudo, tudo de bom que o ser humano recebe nesta vida requer a interferência de Deus. Lembrando: se Deus não interferisse continuamente nas leis da natureza, nenhum ser humano, crente ou descrente, sobreviveria sequer um dia neste planeta inóspito que foi amaldiçoado por causa do pecado (Gen 3:17-18). É neste sentido, que cada bondade demonstrada por Deus é de fato um milagre, ou uma intervenção por parte do Criador. A terra, e nós com ela, sofremos por causa da rebeldia dos nossos pais e é por isso que aguardamos ansiosamente o grande dia da nossa restauração. Foi isso o que o apóstolo Paulo quis dizer quando nos escreveu: “Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora; e não só ela, mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoração, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rom 8:22-23). Cada dia que completamos aqui neste vale de lágrimas (Sal 84:6) é uma benção; um milagre que provém do Deus dos milagres. Espero te ver no céu.