A Lei de Deus: Estudo Nº 11: A Lei, o Livre Arbítrio e o Juízo Final

Bíblia aberta em um versículo.

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Estudo Bíblico: Estudo Nº 11: A Lei, o Livre Arbítrio e o Juízo Final

Por Markus DaSilva, Th.D.

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o seu relacionamento com a raça humana, uma das coisas mais admiráveis que Deus nos deu é o livre arbítrio. É simplesmente incrível como o Criador permite ao homem aceitar ou rejeitar a sua Lei sem que haja uma punição imediata. O homem típico possui uma visão curta da vida. Ele intencionalmente não quer pensar no que lhe vai ocorrer amanhã e muito menos daqui a anos ou décadas. Ele então segue vivendo no presente, consistentemente ignorando a Lei de Deus e se adentrando cada vez mais no caminho das trevas que leva à morte eterna. Cada manhã, quando acorda, ele observa que continua vivo e que aparentemente nada mudou ao seu redor; tudo parece estar exatamente como deixou antes de se deitar. Essa observação o leva a concluir que durante aquele dia poderá fazer tudo aquilo que o seu coração desejar, sem se preocupar com as consequências de cometer atos contrários à Lei do seu Criador. Esta liberdade que Deus concede às suas criaturas de fazer aquilo que o coração deseja é o que chamamos de livre arbítrio.

A verdadeira graça está diretamente ligada à obediência. Quem obedece agrada ao Pai e o Pai o envia a Jesus Cristo: “Foi por esse motivo que eu disse a vocês que só pode vir a mim a pessoa que for trazida pelo Pai” (João 6:65).

Sabemos que existe o livre arbítrio porque sabemos que existe a Lei. Sem o livre arbítrio não faria sentido algum a Lei de Deus, já que não haveria a possibilidade de acatar ou não o que ela ordena. A lei e o livre arbítrio são então co-dependentes. Se fosse impossível para o homem resistir à tentação de roubar, então a lei que diz “não furtarás” seria irrelevante. Seria como se colocassem uma placa no início de um grande precipício dizendo: “Ponte não Existente, Atravesse com Cautela”. Qual seria a finalidade de alertar as pessoas sobre pontes que não se pode atravessar? Qual seria a finalidade de alertar os pecadores sobre leis que não se pode obedecer? Mas o fato é que toda a Lei de Deus se pode obedecer ou desobedecer porque ao homem foi dada a capacidade de decidir por ele mesmo a aceitação ou a rejeição dos santos mandamentos do Senhor.

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O Livre Arbítrio, a Perfeição de Deus e sua Lei

Deus é a mais pura perfeição e esta mesma perfeição é o padrão usado no seu relacionamento com suas criaturas. Por causa deste altíssimo nível de perfeição, ou santidade, poucos seres podem se achegar muito próximo de Deus e continuar vivos. Qualquer criatura que se aproximar demais do Senhor sentirá imediatamente o seu fogo consumidor (Hebreus 12:29), e a menos que o próprio Deus intervenha, ele será fulminado. Esta é a razão que os regulamentos do tabernáculo e templo davam tanta ênfases na estrita purificação dos israelitas antes de entrarem nos seus compartimentos: “O Senhor falou a Moisés depois da morte dos dois filhos de Arão, quando eles se aproximaram da presença do Senhor e morreram, e o Senhor disse a Moisés: Diga a Arão, seu irmão, que ele não deve entrar a qualquer momento que queira no Lugar Santo, dentro do véu especial em frente à tampa da expiação que está sobre a arca, para que ele não morra, pois eu aparecerei na nuvem sobre a tampa da expiação” (Levítico 16:1-2).

Ao nos dar o livre arbítrio, Deus também nos passou instruções sobre como devemos nos proceder nesta vida para que nos mantenhamos dentro do seu padrão de perfeição, que é a sua santa Lei. A Lei é santa porque é através do conhecimento e da obediência à ela que podemos nos aproximar de Deus, que é o ápice da santidade. Foi isto que Jesus quis dizer ao nos alertar sobre a perfeição exigida pelo seu Pai: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial [Gr. έσεσθε ουν υμείς τέλειοι, ώσπερ ο πατήρ υμών ο εν τοις ουρανοίς τέλειος έστιν (ésesthe un imís télii, ósper o patír ymón o en tis uranís télios éstin) Lit. será então vocês perfeitos assim como o Pai seu quem no céus perfeito é]” (Mateus 5:48). A perfeição a que Jesus se refere é obtida através da nossa obediência à perfeita Lei de Deus. Note que Jesus não disse nada sobre a sua própria perfeição; nada que desse a entender que a perfeição dos seus ouvintes não tivesse valor; nada que sugerisse a nós que a perfeição de Cristo é a que vale para Deus, e não a nossa; nada insinuando que pela graça o pecador se salvará e que não precisa fazer nada, mas apenas aceitar a perfeição de Jesus no seu lugar. Nada, nada, nada. Certamente que se algo assim, tão importante, fosse real, o nosso Salvador teria nos dito, mas no entanto ele nos diz que nós mesmos teremos de procurar a perfeição do Pai. Neste mesmo capítulo Jesus também nos disse a mesma coisa, mas usando a palavra retidão em vez de perfeição: “Pois eu vos digo que, se a vossa retidão [Gr. δικαιοσύνη (dikiosíne) s.f. retidão, justiça] não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus [Gr. βασιλειο των ουρανων (vasílio ton uranón) Reino dos Céus]” (Mateus 5:20). Veja que aqui também, Jesus se referiu não à retidão dele próprio, mas à nossa própria retidão. Ainda em um outro lugar, no seu diálogo com o jovem rico, Jesus também nada disse sobre a sua própria perfeição ser usada no lugar da perfeição do jovem, mas sim instruiu ao rapaz o que ele mesmo precisava fazer para ser perfeito diante do Pai para herdar a vida eterna: “Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito,vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me. E o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste, porque possuía muitos bens” (Mateus 19:21-22).

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Procurar ser perfeito como o nosso Pai é perfeito para herdar a vida eterna é uma doutrina primária, porque tem a ver com a salvação de almas e todas as doutrinas primárias precisam ter o respaldo das palavras que saíram dos lábios de Jesus. Note bem: dos lábios de Jesus, pois só Jesus é o porta-voz direto do Pai (Mateus 17:5; João 12:49-50). Doutrinas primárias não podem ser baseadas nos escritos de ninguém, dentro ou fora da Bíblia, mas apenas naquilo que Jesus especificamente nos ensinou. Qualquer líder que procurar cancelar estas palavras de Cristo é um anticristo. Todos estes ensinos sobre não ser necessário obedecer à maravilhosa Lei de Deus para subir com Jesus não passam de ensinos de homens carnais, que, inspirados pelo diabo, se deleitam em remover de si mesmos toda a responsabilidade de levarem uma vida em harmonia com a Lei de Deus. Imaginam que podem amar a este mundo e tudo o que nele há (1 João 2:15-17) e ao mesmo tempo herdar a vida eterna, algo impossível de se obter segundo o verdadeiro evangelho pregado por Jesus: “Quem ama [Gr. φιλέω (filéo) s.f. amizade, amor, afeto] a sua vida [Gr. ψυχή (psirrí) s.f. alma, vida, mente, individualidade], perdê-lá-á; e quem neste mundo odeia [Gr. μισέω (miséo) v. odiar, ser odiado, detestar] a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna [Gr. ζωήν αιώνιον (zoin eônion) vida eterna]” (João 12:25).

A Lei de Deus, a Santidade de Deus e o Homem

A santidade de Deus é algo que nenhuma criatura realmente consegue compreender. Sabemos, porém, que santidade significa separação, mas separação do que? Separação daquilo que não compartilha da essência divina. Se Deus é a fonte da sua própria essência, então apenas Deus possui a perfeita santidade, uma vez que Deus não pode se desvincular de si mesmo. Quando os serafins gritam dia e noite: santo, santo, santo (Isaías 6:2-7), eles estão maravilhados com a essência divina. Eles estão exaltando o fato de que encontraram a pureza original; eles encontraram o único ser que não tem como ser mais santo do que ele o é; alí se encontra o ápice da santidade; o ser que está completamente separado de todas as impurezas dos universos existentes.

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Algo que também sabemos é que tudo aquilo que se distancia de Deus precisa ser purificado antes que haja uma reaproximação, caso contrário haverá naturalmente uma destruição daquilo que é impuro e o portador da impureza também será eliminado no processo. No ato de Adão e Eva se rebelarem contra o Criador, toda a raça humana se distanciou de Deus e se tornou impura, como nos disse Davi: “Deus olha do céu para a raça humana [filhos de Adão ou Filhos do homem (עַֽל־בְּנֵ֫י אָדָ֥ם)], para ver se há alguém que seja sábio e busque a Deus. Todos rejeitam a Deus; todos são moralmente corrompidos. Nenhum deles faz o que é certo, nem um sequer [entre os corrompidos]!” (Salmos 53:2-3). Obviamente este verso se refere à raça humana coletivamente e não a indivíduos, pois as Escrituras mencionam várias pessoas que agradaram a Deus no seu viver e foram declaradas justas, como Noé, Abraão, Enoque, Moisés, etc.

O processo da santificação do homem rebelde começa quando ele faz o oposto do que Adão e Eva fizeram. Como representantes da sua raça, Adão e Eva deram início ao distanciamento paulatino de Deus no ato de desobedecerem à Lei. Desde então, todo o filho de Adão que desejar cancelar o erro do Éden, se reaproxima de Deus obedecendo à sua poderosa Lei. Adão e Eva desobedeceram e se afastaram, e nós obedecemos e nos aproximamos, bem simples. O livre arbítrio permite esta escolha nos dias de hoje da mesma forma que permitiu a Adão e sua mulher nos primeiros dias deste planeta. Este é um ponto importante, pois muitos imaginam erroneamente que pessoalmente não têm nada a ver com a desobediência do primeiro Casal. Muitos creem não ser justo que Deus os culpe pelos pecados de parentes tão distantes. Mas estas pessoas esquecem, ou ainda não foram informadas pelos seus líderes, que elas também podem escolher entre o fruto que leva à vida e o fruto que leva à morte. O fruto da vida é a obediência à Lei e o fruto da morte é a rejeição da Lei. De fato, nada mais prova que Deus nos deu o livre arbítrio do que a capacidade que cada um de nós possui no coração de escolher a vida ou a morte que resulta da nossa reação à Lei de Deus: “Te pus diante de ti a vida [Heb.חַי‎ (rrái) s.m. vida, viver, vivo] e a morte [Heb. מות (mávet) s.m. morte, morrer, morto], a bênção [Heb. ברכה‎ (berarrárr) s.f. bênção, abençoado, presente] e a maldição [Heb. קללה‎ (kelalá) s.f. maldição, amaldiçoando, amaldiçoado]; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Deuteronômio 30:19). Obviamente se Deus nos instrui a escolher a vida em vez da morte é porque podemos escolher, da mesma forma que Adão e Eva puderam escolher.

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O Livre Arbítrio, a Lei e o Cordeiro no Juízo Final

O juízo final terá como base três pontos: a justa Lei de Deus, o livre arbítrio do homem, e o precioso sangue do Cordeiro.

1º. A justa Lei de Deus será a regra usada no juízo final. É baseado na Lei que cada pecado será revelado. Se a Lei não existisse, também não existiria o pecado já que pecado é a rejeição [Gr. ανομία (anomía) s.f. sem lei, contra a lei] da Lei (1 João 3:4). Mas o conceito da não existência do pecado é absurdo e nem merece muitas palavras, pois a razão de todos os sofrimentos ao nosso redor é porque o pecado existe, e não só existe como foi este o motivo que Jesus foi enviado até a nós e o motivo que bilhões de almas sofrerão eternamente no lago de fogo. O pecado existe e existe porque a Lei também existe. Tudo aquilo que o homem fez será considerado a seu favor apenas se estiver alinhado à perfeita Lei de Deus: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba o bem ou o mal segundo o que tiver feito por meio do corpo” (2 Coríntios 5:10).

2º. O livre arbítrio também existe porque a Lei existe. Conforme já explicamos mais acima, não faria o menor sentido Deus nos informar sobre a sua Lei se de fato não tivéssemos a capacidade de aceitá-la ou rejeita-la. Todo o ser humano, se quiser, pode viver em obediência à Lei de Deus. A dura realidade, porém, é que poucos querem. Poucos possuem um genuíno interesse em obedecer a Lei do Criador. A grande maioria, de fato quase a totalidade da raça humana, sempre rejeitou e continua rejeitando a Lei de Deus. O mais triste deste quadro é que boa parte desta grande multidão de rebeldes, se consideram cristãos: “Hipócritas! [Gr. υποκριτής (ipocrités) s.m. hipócritas, atores] Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: ‘Este povo [Gr. λαός (laós) s.m. povo, nação, multidão] me honra [Gr. τιμάω (timáo) v. honrar, estimar, valorizar] com os lábios [Gr. στόμα (stóma) s.n. boca, conversa, lábios, palavras]; o seu coração [Gr. καρδία (kardía) s.f. coração; fig. inclinação e desejos do homem], porém, está longe [Gr. πόρρω (póro) adv. distante, longe] de mim. Em vão me adoram [Gr. σέβω (sébo) v. adorar, venerar], ensinando doutrinas [Gr. διδασκαλια (didaskalia) s.f. ensino, doutrina, instrução] que são preceitos de homem [Gr. εντάλματα ανθρώπων (entalmata anthropon) mandamentos de homens]’” (Mateus 15:7-9. Ver também: Isaías 29:13)”.

3º. O Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo é a graça da salvação concedida a todo aquele que crê e obedece fielmente à Lei do Pai e do Filho. Quem obedece é um recipiente do amor e da graça de Deus e é salvo, mas quem desobedece sente a ira de Deus e é condenado: “Quem crê [Gr. πιστεύω (pistévo) v. crer, confiar, estar persuadido] no Filho tem a vida eterna [Gr. ζωήν αιώνιον (zoin eônion) exp.idio. vida eterna]; o que, porém, desobedece [Gr. απειθέω (apithéo) v. desobedecer, recusar cumprir algo] ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece [Gr. μένω (mêno) v. morar, permanecer, reter, continuar, persistir] a ira [Gr. οργή (oryí) s.f. sent.prim. ira, raiva, indignação; sent.sec. punição, justiça] de Deus” (João 3:36). A verdadeira graça está diretamente ligada à obediência. Quem obedece agrada ao Pai e o Pai o envia a Jesus Cristo: “Foi por esse motivo que eu disse a vocês que só pode vir a mim a pessoa que for trazida pelo Pai” (João 6:65). Todo aquele que é enviado a Jesus terá os seus pecados permanentemente apagados pelo sangue do Cordeiro (1 Pedro 2:24). Não existe salvação para a alma que conscientemente rejeita a magnífica Lei de Deus; não existe salvação para quem não agrada a Deus; não existe salvação para quem o Pai não envia ao seu Messias. Espero te ver no céu.