Casamento Apenas com Virgens ou Viúvas? Parte 2. Adultério na Bíblia. Divórcio e Novo Casamento. A Bigamia e a Poligamia.

Um homem e sua esposa caminham em um campo de girasois após o casamento.

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Casamento, Novo Casamento, Divorciadas, Virgens e Viúvas. Adultério na Bíblia. A Proibição da Bigamia e Poligamia nos Nossos Dias.

Por Markus DaSilva, Th.D.

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á um tempo atrás publicamos um estudo sobre o adultério. Mais especificamente sobre como o adultério realmente ocorre segundo as Escrituras, e não segundo aquilo que as igrejas mundanas ensinam. O vídeo foi visto por centenas de milhares de pessoas, e baseado nos comentários, resolvemos produzir este segundo estudo, para esclarecer alguns pontos chaves deste assunto de extrema importância nestes últimos dias em que vivemos.

Quando Deus Considera a União de Casais?

Este é o ponto mais importante deste estudo e o que parece causar mais dúvidas entre os cristãos. Existem apenas três opções, duas falsas e uma verdadeira.

Começaremos com a verdadeira, e daqui a pouco daremos a explicação.

1ª Opção. Para Deus, a união entre um homem e uma mulher ocorre quando uma virgem tem a sua primeira relação consensual. Se ela for viúva, a união ocorre na sua primeira relação após o seu legítimo marido falecer. Legítimo marido é o homem com o qual ela teve o seu primeiro sexo consensual.

2ª Opção. A segunda opção, que é obviamente falsa, é que Deus considera que a união ocorre quando o casal decidir. Ou seja, o homem ou a mulher podem ter quantos parceiros sexuais quiserem, mas apenas no dia em que os dois decidirem que o relacionamento ficou sério, talvez porque vão morar juntos, é que Deus considera os dois como uma só carne. Neste caso seria a criatura e não o Criador que decide quando a alma de um homem está ligada à alma de uma mulher. Não existe a menor base bíblica para este entendimento.

3ª Opção. A terceira opção, que é a mais comum, mas também falsa, é que Deus só considera que houve uma união quando ocorre uma cerimônia. Esta opção não é muito diferente da segunda, pois na prática a única coisa que mudou foi a adição de um terceiro ser humano no processo, que pode ser um juiz de paz, um funcionário do cartório, um padre, um pastor, etc. Nesta opção, o casal também pode ter tido vários parceiros sexuais no passado, mas só agora que se colocou de frente a um líder é que Deus considera que as duas almas estão unidas.

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Não existe o menor respaldo bíblico para este entendimento. Deus não delegou a nenhum ser humano a responsabilidade de unir ou desunir casais. Para Deus a união do casal ocorre quando uma mulher virgem ou viúva se deita com um homem e se tornam “uma só carne”, e não através de cerimônias religiosas ou cartório (Gênesis 2:24; 29:30; 30:4; Mateus 1:25; 19:5; Efésios 5:31). Todos os exemplos de casamentos na Bíblia foram assim. As Escrituras Sagradas não mencionam sequer um caso em que a união de um homem e uma mulher só ocorreu após a aprovação de alguma autoridade religiosa. A título de exemplos temos Isaque e Rebeca: “Isaque conduziu-a até à tenda de Sara, mãe dele, e tomou a Rebeca por mulher” (Gen 24:67). Temos o caso de Jacó e Léia: “E aconteceu, à tarde, que tomou Labão a Léia, sua filha, e trouxe-lha a Jacó. E Jacó entrou a ela” (Gen 29:23). “E Jacó entrou também a Raquel e amou a Raquel mais do que a Léia” (Gen 29:30). Judá e Suá: “E viu Judá ali a filha de um varão cananeu, o nome dela era Suá; e tomou-a e entrou a ela” (Gen 38:2); temos o conhecido casamento de Boaz e Rute: “Assim, tomou Boaz a Rute, e ela lhe foi por mulher; e ele entrou a ela (Rute 4:13). Todos estes exemplos nas Sagradas Escrituras, foram casamentos onde o único evento que determinou a união entre a alma do homem e a alma da mulher foi que uma mulher virgem ou viúva teve relação consensual com um homem, ou como a Bíblia descreve: “o homem entrou a ela”. Só não vê o óbvio quem não quer ver.

Devemos deixar claro que o casamento no “papel” ou no “religioso” certamente tem o seu valor para a sociedade civil, mas Deus não adapta as suas leis baseado naquilo que cada sociedade decide. Com o passar dos anos a definição do que a sociedade considera casamento está cada vez mais distante da lei de Deus, como bem sabemos. A sociedade pode decidir o que quiser, mas a lei original de Deus permanecesse para sempre. Da mesma forma, nem a sociedade ou qualquer igreja possuem permissão de Deus para mudar ou cancelar ou abolir ou adaptar ou atualizar qualquer uma das suas leis, incluindo decidir quando é que um determinado casamento ocorreu e quando foi anulado. Se houve sexo consensual entre o homem e uma mulher virgem ou viúva, para Deus o casamento ocorreu.

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E para manter este estudo bem pequeno, deixe-me terminar explicando que enquanto o primeiro homem de uma mulher estiver vivo, a sua alma está ligada à dele e, portanto, ela comete adultério contra ele cada vez que tem relação com um outro rapaz, e o rapaz que tem relação com ela também comete adultério contra o primeiro homem da mulher (1 Cor 7:10-11, 39). Foi exatamente por isso que Jesus disse: “Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de imoralidades sexuais (pornia), a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério” (Mat 5:32). Jesus disse “a expõe a tornar-se adúltera” porque estando ela só existe uma maior possibilidade que venha a ser tentada nesta área e já que não é mais virgem, tanto ela como os rapazes com quem ela tiver sexo cometem adultério contra o homem com o qual ela era casada.

Nesta importante passagem, Jesus alerta que o homem não pode se separar da sua mulher, pois ao fazê-lo estará cometendo o pecado da maldade; da falta de amor para com a sua legítima esposa; aquela que entregou a ele a sua virgindade e selou assim a sua vida com ele. Muitos maridos maldosos, mesmo sabendo que as suas esposas não poderiam casar com outro enquanto eles estivessem vivos, as abandonavam por qualquer motivo. Os fariseus testaram a Jesus neste ponto: “Então, chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” (Mat 19:3).

Um outro ponto que devemos mencionar é que muitos confundem perdão de pecados com autorização para pecar. Praticamente todos os pecados que o homem e a mulher cometem são perdoados quando a alma se arrepende e procura a Jesus, incluindo o adultério. Mas ao ser perdoado, o indivíduo terá que sair do relacionamento adúltero em que se encontra. Esta é uma regra que se aplica a todos os pecados e não apenas ao adultério. O mentiroso, tem que parar de mentir, o profano de profanar, etc. Um bom exemplo deste princípio foi com Zaqueu, o cobrador de imposto que ao aceitar Jesus disse: “…e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lhe restituo quadruplicado. Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa” (Lucas 19:8-9). Ou seja, se Zaqueu quisesse manter os bens roubados Deus não aceitaria o seu arrependimento. Da mesma forma o adúltero não pode continuar no relacionamento adúltero e esperar que o pecado do adultério não mais existe.

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Vamos agora explicar um outro ponto que muitos comentaram no estudo anterior que é a diferença entre o adultério do homem e o da mulher segundo Deus.

Tanto homem como mulher cometem adultério, e a punição para os dois é a mesma (Lev 20:10; Deut 22:22–24). Mas Deus, por razões que não sabemos, considera de forma diferente como este pecado ocorre para os dois. O homem (casado, solteiro ou virgem) comete adultério todas as vezes que mantém relações com uma mulher que não é virgem nem viúva (Num 31:17-18; Jz 21:11-12; Mat 5:32; Rom 7:3), porque neste caso Deus considera que ela é a mulher de um outro homem, ainda que ela mesma não veja desta forma. Já a mulher, segundo Deus, comete adultério todas as vezes que tem relações com um homem além daquele que ela teve a sua primeira relação consensual (Deut 22:20-21; Mat 18:19). Mas esta verdade não quer dizer que o homem tem a liberdade de sair arrumando mulheres virgens ou viúvas a gosto sem que Deus se importe.

O Pecado da Falta de Amor por Parte dos Maridos

O entendimento deste ponto consiste de duas partes. A primeira é a lei de Deus tal qual nos foi dada desde a criação da nossa raça: “A Letra da Lei”, no grego [το γράμμα του νόμου (to grama tu nomu)]. A letra diz que a alma de uma mulher está ligada à apenas um homem, mas não diz que a alma do homem está ligada à apenas uma mulher. É por isso que todas as menções de adultérios nas Escrituras são sempre contra o homem. Por exemplo, no conhecido caso de Davi, o profeta Natã não falou nada sobre ter havido adultério contra alguma mulher do rei quando ele teve relações com Bate-Seba, mas apenas contra Urias, o seu marido. Lembrando que Davi já era casado com Mical, Abigail e Aionã (1Sam 25:42).

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A Proibição da Bigamia ou Poligamia

A segunda parte da dúvida sobre como ocorre o adultério para o homem e para a mulher de acordo com as Escrituras Sagradas tem a ver com a vinda do Messias. Jesus, como o único porta-voz vindo direto do céu (João 3:13; João 12:48-50; Mat 17:5), nos deu mais explicações sobre a lei do seu Pai. A lei de Deus não é, e nunca foi baseada em meras obrigações, mas sim no amor. Todos os mandamentos de Deus têm como objetivo o bem das suas criaturas, este é “O Espírito da Lei” [το πνεύμα του νόμου (to pnevma tu nomu)]. Se o homem considera a lei de Deus apenas como uma série de regulamentos a serem observados e ignora o amor divino que está por detrás, ele corre o risco de cair no mesmo erro dos escribas e fariseus. Ele está se limitando à letra da lei e não ao seu espírito. A letra da lei é apenas a sua expressão, mas o espírito da lei é a sua essência. Observar apenas a letra pode levar o homem a todos os tipos de enganos e possivelmente à morte eterna, mas quando ele foca no seu espírito, ele passa a experimentar a vida inerente aos santos desejos de Deus, que são os seus mandamentos. O espírito é superior à letra. No caso do adultério, ainda que a letra da lei não proíbe o homem ter tido relações com mais de uma mulher se elas eram virgens ou viúvas, o espírito da lei não permite tal ato. A razão é que no contexto social moderno isso causa imenso sofrimento para todos os envolvidos. No período bíblico, este era um comportamento normal, e os rapazes, as moças, seus pais, parentes e amigos, já cresciam dentro deste ambiente. Todos aceitavam a bigamia ou a poligamia. Para os cristãos dos nossos dias, no entanto, algo assim é inaceitável em todos os sentidos.

Em vários lugares, Jesus foi bem claro que o amor ao nosso semelhante assume precedência sobre o amor próprio: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:34–35). Dentro da nova dinâmica estabelecida pelo Filho de Deus, tanto o homem como a mulher deverá estar disposto a colocar a felicidade do seu cônjuge acima da própria. Lembrem-se que as palavras de Jesus que acabamos de mencionar, não foi um conselho ou uma sugestão, mas sim um mandamento. Se o casal de fato ama a Jesus e quer subir com Ele, então este mandamento terá que ser cumprido. Se apenas um dos cônjuges obedece às palavras de Jesus, não permitindo que o ódio entre no seu coração, mas mantém o seu amor mesmo nos dias difíceis, então apenas o obediente será aprovado por Jesus enquanto o cônjuge rebelde sofrerá a consequência da sua rebeldia no juízo final. Falava com a minha esposa, se Jesus nos mandou orar, abençoar e fazer o bem aos nossos inimigos (Mat 5:39-44), quanto mais os homens só devem amar e fazer o bem à suas mulheres (Efe 5:25).

Finalmente, devemos lembrar que Jesus não veio a este mundo para que fôssemos felizes nas nossas vidas conjugais ou em qualquer outra área. É um erro infantil, quando um cristão decide entrar em um relacionamento adúltero porque, como geralmente dizem: “Deus quer que todos sejam felizes no casamento”, ou as vezes falam a mesma coisa, mas no negativo: “Deus não quer ninguém infeliz no casamento”. Falam isto como se Deus não nos tivesse dado vários mandamentos e instruções sobre o assunto e como se Deus fosse uma espécie de papai Noel, cuja função nesta vida é dar presentinhos para as suas criaturas para que assim todos fiquem felizes aqui na terra.

Irmãos, que fique claro que nem Deus Pai, nem Jesus, possui como foco a nossa felicidade neste mundo envolto pelas trevas do pecado, como tantos líderes mundanos ensinam. O foco do Senhor é a nossa salvação. O foco do Senhor é que possamos subir com Ele e assim vivermos eternamente em um local onde nunca mais haverá qualquer tipo de sofrimento. Lá não haverá traição, nem separação, nem adultério, nem qualquer outra coisa que nos magoa neste mundo podre em que vivemos. Apenas quando o cristão aceita esta verdade, e abandona de vez os valores deste mundo, é que ele passa a enxergar a vida como ela é de fato. Se temos cruzes a carregar, cruzes que frequentemente surgem por nossa própria culpa, devemos carrega-las sem reclamação (Lucas 9:23). Existem muito mais dúvidas sobre o adultério, casamento e novo casamento, e possivelmente teremos que produzir mais estudos para cobrir todos eles. Se Deus nos permitir, assim faremos.

Muito obrigado por ler, ouvir ou assistir aos nossos estudos. Se Deus quiser, logo logo nos veremos no céu.