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O Sermão da Montanha – O Divórcio
Mateus 5:31-32 Estudo Teológico Nº 30
Por Markus DaSilva
Para ilustrar a forma errada que os escribas e fariseus guardavam a lei de Deus sobre o casamento, adultério, divórcio, novo casamento e a maneira correta que os seus seguidores os devem guardar, Jesus utilizou de algumas passagens das Escrituras Sagradas. Duas destas saíram direto dos dez mandamentos que o Senhor entregou a Moisés no Monte Sinai. São eles: o sétimo mandamento: “Não adulterarás” (Exo 20:14); e o décimo mandamento: “Não cobiçarás… a mulher do próximo” (Exo 20:17). Agora, na sequência dos ensinos no Sermão da Montanha, Jesus deixa os dez mandamentos, também conhecidos como a lei moral, e entra no tema do divórcio, que faz parte das leis civis que o Senhor entregou ao povo de Israel. A lei civil também foi entregue através de Moisés, mas não escritas pelo próprio dedo de Deus, como foram os dez mandamentos. Aqui, Jesus explica a maneira como uma lei relacionada ao divórcio era convenientemente interpretada pelos judeus, e logo a seguir nos ensina a maneira correta que os seus seguidores devem entender o tema da separação de casais: “Também foi dito: Quem deixar [Gr. απολύω (apolío) v. liberar, divorciar, soltar, desprender, despedir] sua mulher, dê-lhe certidão de divórcio. Eu, porém, vos digo que todo aquele que deixar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade [Gr. πορνεία (pornia) s.f. imoralidade, prostituição, fornicação], a faz cometer adultério [Gr. μοιχεύω (mirrievo) v. cometer adultério]; e quem casar [Gr. γαμέω (gâmeo) v. tomar como mulher, casar] com a divorciada, comete adultério” (Mat 5:31-32).
“Ainda que não falem, a ideia que a igreja passa aos irmãos e irmãs é a de que Deus não tem uma opinião muito firme sobre o divórcio.”
Como as Nossas Igrejas Estão Lidando com o Problema do Divórcio
Além deste estudo introdutório, teremos mais três estudos quando abordaremos em detalhes os ensinos de Jesus sobre este tema extremamente relevante para os nossos dias. Este, sem sombra de dúvidas, é um tema que praticamente nenhuma igreja trata com a seriedade e a imparcialidade que deveria tratar. Certamente que o que não faltam são palestras de celebridades, cursos, encontros, retiros, jantares e coisas semelhantes dedicadas ao tema de casamento e divórcio, mas todos eles, ou quase todos eles, pressupõem que divórcio e suas consequências é algo subjetivo, e que o resultado da experiência, se boa ou má, dependerá da atitude de cada um. Ainda que não falem, a ideia que a igreja passa aos irmãos e irmãs é a de que Deus não tem uma opinião muito firme sobre o assunto. Grande prova disto são as centenas de livros cristãos escritos especificamente para ajudar os divorciados e casados de novo a se sentirem em paz consigo mesmos e com Deus. Esta maneira de lidar com o problema inevitavelmente acaba transmitindo aos cristãos que continuam casados a ideia errada de que o divórcio, ainda que seja uma experiência desagradável, é uma opção válida entre os filhos de Deus.
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O Poder de Deus para Restaurar Vidas Destruídas
Que o nosso amado Deus é um Deus que se deleita em perdoar pecados e restaurar vidas destruídas, isto está abundantemente claro na sua Palavra e certamente esta será uma das verdades abordadas nestes estudos sobre o divórcio (Isa 44:22, Miq 7:18-19; Rom 5:20). O que procuraremos fazer, no entanto, é expor o ensino do Senhor sobre o tema tal qual ele é de fato, e não da maneira que o homem gostaria que fosse. Afinal, do que adianta ensinar desejos, sonhos e fantasias para os nossos irmãos e irmãs em Cristo? Como se a maneira que gostaríamos que a vida funcionasse alterasse de alguma forma os decretos imutáveis de Deus. Não é bem melhor e correto, nós que recebemos o chamado para ensinar, desconsiderar os nossos próprios ideais e nos limitar tão somente ao claro e inequívoco: “Assim diz o Senhor”? Não é do nosso conhecimento que o único e verdadeiro Deus é todo sábio e todo bondoso e que, portanto, agirá com paciência e carinho para com todo aquele que, reconhecendo o seu erro, se humilha e se joga sem reservas aos Seus pés? Por acaso é a função da liderança iludir as pessoas quanto às consequências dos seus erros? “Receberemos de Deus o bem, e não receberemos o mal? (Jó 2:10). A minha mensagem para os líderes então é: não tente ajudar a Deus; e muito menos ajudar pregando uma palavra que não procede do Senhor, pois assim agem os falsos profetas: “Amados, não creiais a todo espírito [Gr. πνεύμα (pnévma) s.n. Espírito (de Deus), espírito (do homem), vento, sopro], mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas [Gr. ψευδοπροφήτης (psevdoprofítis) s.m. falso profeta] têm saído pelo mundo” (1Jo 4:1).
A Origem Santa do Casamento. A Declaração de que Tudo Era Muito Bom
Temos muito o que falar sobre o casamento, divórcio e novo casamento no meio cristão segundo o que realmente se encontra nas Escrituras. Neste estudo introdutório, porém, deixaremos temporariamente a situação em que se encontra as nossas igrejas e focaremos na base deste assunto que é um evento que ocorreu cerca de seis mil anos atrás: “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe complete” (Gen 2:18). É interessante que o Senhor disse que a situação de solteiro de Adão “não era boa”, porque durante os seis dias da criação o Senhor olhou várias vezes para aquilo que fez e declarou que “era bom”. Ao ver a solidão do homem, no entanto, Deus decidiu que alguma coisa deveria ser feita para que a sua situação também passasse a ser boa e assim nada, além da perfeição, existisse no novo planeta: “Então o Senhor [Heb. יהוה (Yerrovah) np.div. Jeová, Javé] Deus [Heb. אלהים (Elohim) s.m. sent.prim. Deus] fez cair um sono pesado sobre o homem [Heb. אדם (adam) s.m. homem, pessoa, ser humano], e este adormeceu; tomou-lhe, então, uma das costelas, e fechou a carne em seu lugar; e da costela que o Senhor Deus lhe tomara, formou a mulher [Heb. אשה (ishá) s.f. mulher, esposa, fêmea] e a trouxe ao homem” (Gen 2:21-22).
Assim como o mar, os astros, os animais e o próprio ser humano, o casamento faz parte da criação do universo. Na realidade, como explicado acima, este foi o último ato da criação segundo o relato em Gênesis, e neste ato de unir os dois únicos seres humanos que até então existiam, Deus confirmou que agora sim, tudo era muito bom: “Então disse o homem: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne” (Gen 2:23-24).
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A Explicação do Termo “Uma só Carne”. Casamento é uma Aliança Eterna
Esta “uma só carne” [Heb. לבשר אחד (biss l’e-rrad)] se refere àquilo que Deus faz quando o homem e a mulher se casam. É importante frisar o fato de que a união das criaturas de Deus no casamento não é um ato humano, mas sim divino. Para nós pode parecer que o casamento é simplesmente um dos muitos eventos que ocorrem na vida das pessoas. Todos eles sujeitos a alterações, ajustes, reajustes e cancelamentos, à medida que a nossa situação e os nossos interesses vão mudando e os nossos planos adaptados, mas para Deus, quando o homem se une a uma mulher virgem ou viúva [acessar estudo] os dois estão firmando a mesma aliança, ou pacto de união permanente firmado entre Adão e Eva no Jardim do Éden. Foi esse o motivo que Jesus nos alertou contra qualquer tentativa do homem de quebrar este pacto: “Portanto o que Deus uniu, não o separe o homem [Gr. ο ούν ο Θεός συνέζευξεν, άνθρωπος μη χωριζέτω (o ún o Theós synézefxen, ánthropos mi rrorizéto) Lit. o que portanto Deus uniu juntos homem que não separe]” (Mat 19:6). Notemos que Jesus não fez referência quanto à classe de casamento que é considerado como de Deus. Ou seja, Jesus não disse: “os casais que Deus uniu, não o separe o homem”, como se alguns casamentos estão sujeitos à sua lei e outros não, mas disse sim: “o que Deus uniu, não o separe o homem”. Isto quer dizer que todo o casal que tomou a decisão de se unir, está de fato se unindo perante Deus, independentemente de como as coisas andam no casamento.
A Importância do Casamento Ter Sido Estabelecido Antes do Pecado. A Santidade do Casamento
A primeira união entre o homem e a mulher ocorreu antes da entrada do pecado. Este é um ponto importante para entendermos o caráter permanente do casamento. Se o primeiro casamento tivesse ocorrido após o pecado, então esta seria uma instituição destinada ao fracasso, pois desde o início estaria contaminada com a imperfeição que domina este mundo. No entanto, sendo a união matrimonial estabelecida em um ambiente perfeito e pelo próprio Criador, o casamento entre o homem e a mulher de Deus tem tudo para ser uma fonte de bênçãos para nós e de alegria para o Senhor, da mesma forma que o foi para Adão e Eva. Os vários problemas que ocorrem em muitos casamentos não é porque existe algo de errado com a sua união, mas sim porque, inspirado por Satanás, o casal insere todos os tipos de contaminações externas no seu lar e acabam corrompendo algo que em si mesmo é perfeito. A solução para se ter um casamento abençoado é então mantê-lo livre de tudo aquilo que corrompe o que é santo: “Que todos honrem o casamento, e que o leito conjugal [Gr. κοίτη (kiiti) s.f. cama do casal, relação sexual] seja conservado puro [Gr. αμίαντος (amíandos) adj. puro, imaculado, sem mancha, sem pecado]; pois Deus [Gr. θεός (Theós) s.m. Deus] julgará os impuros [Gr. πορνεία (pornia) s.f. imoralidade, prostituição, fornicação] e os adúlteros [Gr. μοιχεύω (mirrievo) v. cometer adultério]” (Heb 13:4).
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Conclusão. O Casamento Segundo o Homem e Segundo Deus
Queridos, nesta introdução, o que gostaríamos de enfatizar é que o casamento em geral, mas muito em particular aquele que ocorre entre os cristãos, é muito mais do que uma certidão que se assina no cartório ou uma cerimônia que se passa na igreja. Estes são apenas os aspectos visíveis do que de fato ocorreu. O que de fato ocorreu, amados, foi uma aliança firmada perante Deus, e Deus, sendo Ele santo e eterno, não firma alianças impuras ou temporárias. Se existe uma quebra da aliança, ela sempre procede do homem e nunca de Deus: “…lhe salvará da mulher adúltera, com suas palavras sedutoras. Ela abandonou o seu marido, o companheiro da sua mocidade, e ignorou a aliança que fez diante de Deus” (Prov 2:16-17); e se Deus considera as suas alianças santas e eternas, o que ocorrerá com todos aqueles que seguem ignorando os seus pactos de casamentos? O que isto nos diz, no final, é que existe algo extremamente sério acontecendo nas nossas igrejas em relação a casamento, divórcio e novo casamento. Algo que precisa ser resolvido em caráter de urgência, antes que o noivo chegue e nos pegue despreparados: “E, tendo elas ido comprar óleo [έλαιον (éleon) s.n. azeite de oliva, óleo], chegou o noivo [νυμφίος (nimfíos) s.m. noivo]; e as que estavam preparadas [έτοιμος (étimos) adj. pronto, preparado] entraram com ele para as bodas [Gr. γάμος (gâmos) s.m. casamento, festa de casamento, salão de festas] e fechou-se a porta” (Mat 25:10). Espero te ver no céu.
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