O Sermão da Montanha: Estudo Nº 31: O Divórcio: A Insatisfação Conjugal

Longa cadeias de montanhas, à frente texto sobre casamento e divórcio. O semão do monte. Estudo bíblico complet

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O Sermão da Montanha – O Divórcio

Mateus 5:32 Estudo Teológico Nº 31

Por Markus DaSilva, Th.D.

C

omeçaremos este estudo esclarecendo que existem apenas quatro passagens nos evangelhos onde Jesus toca no assunto de divórcio. Duas em Mateus (Mat 5:31-32; Mat 19:3-9); uma em Marcos (Mar 10:2-12) e uma outra em Lucas (Luc 16:18). Não há menção de divórcio no evangelho segundo João. Devemos também esclarecer que as passagens em Marcos 10 e Mateus 19 se referem ao mesmo evento; então na realidade Jesus mencionou o divórcio apenas três vezes em toda a Bíblia e a razão de tão poucas vezes é porque Jesus não fez nenhuma mudança na lei que já se encontrava nas Sagradas Escrituras. Em cada uma destas passagens mencionadas, o Senhor foi taxativo de que a união entre o homem e a mulher, segundo Deus, segue valendo enquanto os dois estiverem vivos, a única exceção, segundo Cristo, seria se a mulher fosse culpada de imoralidade sexual [Gr. πορνεία (pornia)] ou adultério [Acessar estudo sobre como o homem e a mulher cometem adultério]

Também em todas estas vezes que lemos sobre o divórcio nos evangelhos, o contexto foi Jesus esclarecendo uma passagem no Velho Testamento em que Moisés proibia um homem divorciado voltar a casar-se com a sua mulher, caso ela tivesse se casado (ou tido sexo) com um outro homem durante o período em que esteve separada. Esta proibição ocorria mesmo que o seu segundo marido morresse: “Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, se ele não gostar dela por haver ele encontrado nela algo indecente e por isso lhe dar uma carta de divórcio em mãos e a despedir da sua casa. Se ela, pois, saindo da casa dele, for e se casar com outro homem, e este também não gostar mais dela e, dando-lhe uma carta de divórcio em mãos também a despedir de sua casa; ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer; então seu primeiro marido que a despedira, não poderá tornar a tomá-la por mulher, depois que foi contaminada; pois isso é abominação perante o Senhor. Não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança” (Deut 24:1-4).

“Embora na visão do homem ele se divorciou da sua mulher, na realidade as duas almas nunca se separaram e continuarão unidas até que uma delas volte para Deus.”

Não Existem Instruções no Velho Testamento Sobre o Divórcio

Contrário ao entendimento dos fariseus — e de muitos líderes nos nossos dias — esta passagem em Deuteronômio não se trata de uma instrução sobre quando o divórcio é permitido, mas sim de uma proibição de que um homem tenha a mesma mulher como esposa pela segunda vez, depois que ela teve sexo com outro homem, apenas isto. Na realidade não existe nenhuma passagem no Velho Testamento instruindo alguém quanto ao divórcio, isto porque este conceito de separação de casais não faz parte da criação, mas é sim uma invenção humana. O entendimento popular, no entanto — e o próprio Jesus confirma esse entendimento — é que apesar de Deus nunca ter permitido o divórcio, a prática de fato já existia entre os judeus quando Moisés os levou do Egito, um fato facilmente deduzido pelas passagens que lidam com os requerimentos para o sacerdócio levítico: “Não tomarão mulher prostituta ou que não seja virgem, nem tomarão mulher divorciada [Heb. גרש (garash) v. despedir, expelir, rejeitar] do seu marido; pois o sacerdote é santo [Heb. קדוש (kadôsh) adj. santo, consagrado, separado]  para seu Deus [Heb. אלהים (Elohim) s.m. sent.prim. Deus; sent.sec. deuses, seres celestes]” (Lev 21:7. Ver também Lev 21:14; Lev 22:13; Eze 44:22). Ou seja, se Moisés mencionou “mulheres divorciadas” nas instruções do sacerdócio, então a prática já existia. Jesus, no entanto, foi bem claro quanto ao motivo que Moisés permitiu (obviamente com o consentimento de Deus) que esta prática continuasse após o êxodo: “Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações [Gr. καρδία (kardía) s.f. coração; fig. inclinação e desejos do homem] Moisés vos permitiu largar [Gr. απολύω (apolío) v. liberar, divorciar, soltar, desprender, despedir] vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio” (Mat 19:8).

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A Polêmica do Divórcio Entre a Escola Rabínica de Shamai e a Escola Rabínica de Hillel nos Dias de Jesus

Na época de Jesus existia uma discussão acirrada entre os judeus quanto ao significado das palavras de Moisés na passagem em Deuteronômio já mencionada acima: “por haver ele [o marido] encontrado nela algo indecente”. Isto ocorria porque se baseando nestas palavras, os homens judeus procuravam os motivos permitidos pela Torá para se divorciarem das mulheres. As duas grandes escolas rabínicas da época diferenciavam consideravelmente no seu entendimento desta passagem. Enquanto a escola de Shamai defendia que o divórcio só era permitido em caso de adultério, a escola de Hillel — possivelmente avô de Gamaliel (Atos 22:3) — tomava uma posição bem mais liberal, ensinando que o marido poderia se divorciar da sua mulher por praticamente qualquer motivo, até mesmo se ela queimasse a sua comida. Este era o contexto quando perguntaram a Jesus: “é permitido ao homem se divorciar da sua mulher por qualquer motivo?” (Mat 19:3). Eles queriam que Jesus se posicionasse em um dos lados da polêmica. Cristo, porém, os levou, não à conhecida passagem em Deuteronômio como esperavam, mas sim à Gênesis: “Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher, e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais duas, mas uma só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não separe o homem” (Mat 19:4-6. Ver também: Gen 1:27; 5:2).

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O Foco de Deus é a Alma do Homem

Deus lida com os seres humanos essencialmente no nível espiritual. A razão disto é bem simples: “Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó. Quanto ao homem, os seus dias são como a erva; como a flor do campo, assim ele floresce. Pois, passando por ela o vento, logo se vai, e ninguém se lembra o lugar onde se encontrava” (Sal 103:14-16). Ou seja, para Deus que é eterno, estes rápidos anos que vivemos aqui na terra não significam nada, mas a alma, ou espírito, que Ele nos deu significa tudo aquilo que somos, pois o espírito é eterno enquanto a carne é apenas pó: “E não temais os que matam [Gr. αποκτείνω (apoktino) v. matar] o corpo [Gr. σώμα (sóma) s.n. corpo; fig. Igreja], e não podem matar a alma [Gr. ψυχή (psirrí) s.f. alma, vida, mente, individualidade]; temei antes aquele que pode fazer perecer [Gr. απόλλυμι (apólimi) v. se perder, arruinar, desperdiçar, destruir, perecer, morrer] no inferno [Gr. γέεννα (guyena) s.f. inferno] tanto a alma como o corpo” (Mat 10:28). E em outro lugar, Jesus foi ainda mais específico em relação à falta de importância da carne (ou do físico) e da importância do espírito do homem: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (João 6:63).

Deus Enxerga o Casamento no Nível Espiritual, que é Eterno

O motivo que é fundamental que entendamos a superioridade do espírito do homem é para que fique bem claro que quando o Senhor une um homem e uma mulher e os dois se tornam uma só carne, muito mais importante do que a união física através do sexo, é a união das duas almas decretada pelo Criador. A união da carne é a parte visível e que pertence ao homem, mas a união das almas é a parte espiritual e que pertence a Deus. Embora na visão do homem ele se divorciou da sua mulher, na realidade as duas almas nunca se separaram e continuarão unidas até que uma delas volte para Deus: “e o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus [Heb. אלהים (Elohim) s.m. sent.prim. Deus; sent.sec. deuses, seres celestes] que o deu” (Ecle 12:7). Apenas quando isso ocorre, Deus considera a união dissolvida e a alma que ainda se encontra dentro de um corpo poderá se unir a uma outra, algo que apenas ocorre, obviamente, em caso de morte de um dos cônjuges.

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A Diferença Entre Deus não Querer Algo e Deus não Ter Prazer em Algo

Os judeus no período bíblico e muitos cristãos nos dias de hoje procuram pela aprovação de Deus para terminar seu casamento e assim procurar a satisfação conjugal no próximo relacionamento. O entendimento dos nossos irmãos e irmãs que se encontram nesta situação é o de que, como sempre dizem: “Deus quer que todos sejam felizes no casamento!” Ou às vezes usam a mesma frase, mas no negativo: “Deus não quer ninguém miserável no casamento!” Estas expressões, e muitas outras semelhantes, para que estejam corretas em termos teológicos precisam mudar de: “Deus não quer”, para: “Deus não tem prazer”. Dizer que Deus não quer algo, mas que mesmo assim este algo ocorre, é o mesmo que dizer que Deus não é onipotente, pois, se algo ocorre sem que Deus queira, então significa que Deus não tem o controle de tudo no universo e sabemos muito bem que isto não é verdade. O que sabemos, no entanto, é que devido ao livre arbítrio constantemente usado e abusado pelo ser humano, o mundo está cheio de coisas que Deus não tem o menor prazer que ocorram, mas que por enquanto permite que ocorram, como guerras, doenças, deformações, desvios mentais, fome, racismo, pobreza, abusos, drogas, crimes, brigas, etc. Obviamente, de todas as coisas que Deus não tem prazer que ocorra, a maior delas é o fato de tantas almas seguirem rumo à morte eterna: “Tenho eu algum prazer na morte do ímpio? diz o Senhor Deus. Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva?” (Eze 18:23). E em relação ao divórcio, Ele nos disse: “Não foi o Senhor que os fez um só? Em corpo e em espírito vocês. E por que um só? Porque ele buscava por filhos consagrados. Sendo assim, tenham cuidado e não seja infiel à mulher da sua mocidade. “Eu odeio o divórcio”, diz o Senhor, o Deus de Israel” (Mal 2:15-16). Ou seja, Deus não tem o menor prazer que o divórcio ocorra, mas, mesmo assim, os casais seguem se separando uns dos outros.

O Significado de que Deus Odeia o Divórcio

Quando o Senhor nos diz que odeia o divórcio, muitos cristãos que estão contemplando o divórcio, ou que já se divorciaram, parecem não entender corretamente o que Deus disse. Quando Deus odeia algo [Heb. ‏שׂנא (sanê) v. odiar, desprezar] isto quer dizer que Ele não aceita este algo de forma alguma. Por exemplo, além do divórcio, as Escrituras também dizem que Deus odeia a idolatria (Deut 16:22), a violência (Sal 11:5) e o sacrifício de crianças (Deut 12:31). Nenhuma destas coisas que Deus odeia, assim como o divórcio, recebe a aprovação de Deus e não existe a possibilidade de Deus odiar, mas abrir uma exceção dependendo da situação. Odiar para Deus é o mesmo que não aceitar. Mas, mesmo lendo que Deus odeia o divórcio, muitos na igreja preferem manter na mente a ideia bizarra de que o Senhor reconhece que é melhor divorciar do que estar em uma situação infeliz. Ou seja, imaginam que entre a sua santa e perfeita lei e a suposta felicidade do homem, Deus escolhe o segundo. Quando lemos as Escrituras, no entanto, continuamente vemos um quadro exatamente o oposto deste entendimento. Repetidamente Deus puniu e punirá as pessoas que ignoram a sua lei, desconsiderando por completo aquilo que o homem entende como a sua felicidade (Sal 78:50; Eze 7:4; Ose 12:2; Zac 11:6; Mat 25:41; 2Tes 1:8; 2Pe 2:4).

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Casamento, Adultério, Divórcio, Novo Casamento e o Juízo Final

Queridos, estamos bem a par de que este estudo sobre casamento, adultério, divórcio, e novo casamento não é de forma alguma aquilo que muitos gostariam de ouvir, mas estas são palavras que precisam ser ditas para o nosso próprio bem. Se Deus tivesse mudado de ideia em relação ao casamento, divórcio e novo casamento, tenham certeza de que Cristo nos teria dito, pois relacionamentos é algo muito importante e o nosso amado Salvador jamais nos deixaria em dúvidas sobre este tema. O fato dele ter falado tão pouco sobre isso já demonstra, por si só, que nada mudou daquilo que já havia sido revelado na Santa Bíblia. Aliás, mudou sim, mas não para relaxar a lei de Deus e sim para pôr um fim nos ensinos errados dos fariseus na sua época e dos fariseus modernos. Ensinos que fazem pouco caso das santas leis de Deus para que assim o homem possa fazer aquilo que o seu coração deseja. Infelizmente, porém, conforme já falamos acima, ignorar os claros mandamentos de Deus sobre este assunto não ajudará a ninguém no juízo final, pois nós, que temos total acesso à sua santa Palavra, não teremos como argumentar que éramos ignorantes sobre estas verdades. Nem tampouco poderemos argumentar que apenas seguimos os conselhos dos nossos líderes mundanos, pois isto tampouco nos inocenta. Os líderes pagarão pelos seus falsos ensinos e aqueles que os seguirem pagarão por preferirem dar mais ouvidos a homem do que a Deus: “Porque virá tempo em que não suportarão a verdadeira doutrina [Gr. διδασκαλια (didaskalia) s.f. ensino, doutrina, instrução]; mas, tendo grande desejo [Gr. επιθυμία (epithimía) s.f. desejo, cobiça, concupiscência, luxúria] de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres [Gr. διδάσκαλος (didáskalos) s.m. mestre, doutor, professor] segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade [Gr. αλήθεια (álithia) s.f. verdade, dependência, integridade], mas se voltarão [Gr. εκτρέπω (ektrépo) v. deslocar, se voltar, desviar] às fábulas [μύθος (mithos) mito, fábula, ficção, estória]” (2Tim 4:3-4). Espero te ver no céu.
 

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