O Sermão da Montanha (Sermão do Monte): Estudo Nº 78: Os Dois Construtores: A Casa Sobre a Rocha

Paisagem de bois pastando com altas montanhas ao fundo. O Sermão da Montanha.

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O Sermão da Montanha (O Sermão do Monte) – A Casa Sobre a Rocha

Mateus 7:24-25 Estudo Bíblico e Comentário Bíblico Nº 78

Por Markus DaSilva, Th.D.

Finalmente, depois de um ano e meio escrevendo, gravando, publicando e enviando os estudos aos leitores espalhados pelo mundo, estamos terminando esta longa e necessária série sobre o Sermão da Montanha. Neste e no estudo seguinte, Jesus conclui o sermão com uma fantástica e verdadeira ilustração dos dois tipos de cristãos presentes nas nossas igrejas. O primeiro deles, e o que cobriremos neste estudo, são os cristãos que levam as palavras de Jesus a sério e vivem de acordo com os seus mandamentos. E o outro tipo de cristãos, que abordaremos no próximo e último estudo da série, são os cristãos flexíveis; aqueles que conhecem os ensinos de Jesus, mas imaginam não ser necessário seguir à risca as suas instruções para assim herdar o Reino dos Céus. Jesus comparou estes dois estilos de vida espiritual com dois homens que decidiram ter chegado a hora de construir a sua casa. O primeiro deles, Jesus descreveu da seguinte forma: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. E desceu a chuva, vieram as inundações, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha” (Mat 7:24-25. Ver também: Luc 6:47-48). E a respeito do segundo tipo de cristão o Senhor nos disse: “Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, vieram as inundações, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua queda” (Mat 7:26-27. Ver também: Luc 6:49).

“Construir sobre a Rocha não é para os fracos. Prova disso que é a maior parte dos cristãos constroem sobre a areia: eles não praticam os ensinos de Cristo.”

A Última Conjunção Indica a Conclusão do Sermão da Montanha

Pela última vez no Sermão da Montanha Jesus utiliza da conjunção [Gr. ουν (un) conj. pois, portanto, sendo assim] o que indica uma conclusão daquilo que ele acabou de ensinar. Quem acompanhou esta série desde o começo deve ter notado que frequentemente Jesus utilizou desta mesma conjunção para conectar um ensino ao outro, mas aqui, quando consideramos o contexto imediato: [Gr. πας ουν όστις ακούει μου τους λόγους (pas un óstis akúi mu tus lógus) Lit. todos, pois, ouve minhas palavras], devemos entender que Jesus nos apresenta uma conclusão do sermão inteiro e não apenas do seu ensino anterior, que neste caso foi sobre os falsos mestres e adoradores. Este entendimento faz todo o sentido também pelo fato de toda a frase ser no plural: “as minhas palavras”, “as põe em prática”, etc.

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Jesus se Refere a Cristãos e Não a Descrentes

Quando criança, sempre que ouvia as pessoas lerem estas palavras de Jesus e via os desenhos que faziam ilustrando as duas casas construídas, uma na rocha e a outra na areia, eu entendia a passagem como se referindo aos cristãos e aos ímpios: a casa dos cristãos era firme e a casa dos ímpios era frágil, esse era o meu entendimento da cena. Mas obviamente, assim que lemos Jesus mencionando “aqueles que ouvem as minhas palavras”, entendemos corretamente que tanto a casa sobre a rocha como a casa sobre a areia se tratam de cristãos e não de descrentes. Este é um ponto importante, pois podemos confirmar que a salvação é muito mais do que ter o título de cristão, pois ambos construtores frequentavam uma igreja, possivelmente até a mesma, só que um deles entendeu que a base da casa era algo importante, enquanto o outro considerou este detalhe como algo irrelevante.

Regulamentos Para Uma Construção Sólida

Aqui no sul da Flórida, nos EUA, temos muitos furacões. Agora mesmo, ao escrever este texto, olhando pela janela posso ver o início de mais uma tempestade. Os radares do tempo mostram que no momento o temporal se encontra em Cuba, mas chegará à nossa cidade hoje à noite. O governo local já enviou alertas para os residentes avisando dos fortes ventos, muita chuva e possíveis inundações. Já uma amiga da família vive em Los Angeles, um local onde não se tem muitos furacões, mas tem terremotos. Pelo fato destes eventos serem frequentes, existem leis, tanto na Flórida, como na Califórnia, que estipulam em detalhes o tipo de base ou fundação, que todo o construtor terá que obedecer se quiser construir uma casa. Nos dias de Jesus, o mais provável é que as pessoas podiam construir da forma que quisessem e onde quisessem. Mas mesmo sem ter regulamentos, é do conhecimento geral que certos terrenos são melhores para se construir do que outros e é neste ponto que Jesus toca. Já que todas as pessoas mencionadas nesta ilustração das duas casas são cristãos, o alerta de Jesus é que a única forma de se ter uma vida com total garantia de firmeza é se a pessoa aderir por completo às suas palavras. Qualquer desvio, seria o equivalente à pessoa utilizar de material de má qualidade na construção. Cada vez que a pessoa sacrifica qualidade, ela perde firmeza. O irmão ou irmã que vive se desviando dos ensinos de Jesus, está cada vez mais transferindo a base da sua casa da rocha para a areia. Escreveremos mais sobre este ponto mais tarde neste mesmo estudo.

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Ninguém Espera Que Sua Casa Cairá

Tenho um sobrinho que é proprietário de uma distribuidora de material de construção e já esteve envolvido na construção de inúmeras casas no estado de Minas Gerais, no Brasil. Se existe algo que ele entende muito bem é sobre as diferentes qualidades de material existentes. Se alguém não quer ter sérios problemas com a sua construção no futuro é melhor não economizar na qualidade de material, sobretudo em se tratando do alicerce, pilastras, paredes externas, lajes e outras áreas que tem a ver com a estabilidade da construção. Geralmente quando um construtor decide comprar o melhor material disponível, ele o faz, não porque gosta de gastar o seu dinheiro, mas sim porque quer ter a garantia de que, no que depender dele, a sua casa nunca lhe causará problemas sérios na sua base. Por outro lado, quando um construtor decide utilizar material inferior, ele sabe que corre um certo risco, mas imagina que o risco não é muito sério. Ele, por exemplo, jamais compraria o material barato se na embalagem tivesse um aviso que o fabricante não se responsabiliza se a casa cair em um ou dois anos. Ou seja, o construtor, usa do material barato na esperança que coisas muito drásticas, como um desmoronamento, não ocorrerão.

Não foi por acaso que Jesus escolheu a base da construção de uma casa para ilustrar os dois tipos de vidas que os cristãos escolhem. A ilustração nos instrui sobre como realizar a expectativa de uma vida feliz aqui na terra e principalmente garantir uma entrada no Reino dos Céus quando deixarmos este vale de lágrimas onde atualmente vivemos (Mat 25:34). Assim como expliquei acima, nenhum dos construtores esperava que sua casa cairia com o tempo, a diferença é que um preferiu fazer tudo o que lhe era possível fazer para se assegurar da firmeza da casa, incluindo sacrificar parte do seu dinheiro; enquanto o outro preferiu economizar porque deduziu que o benefício era superior ao risco. Sem sombra de dúvidas ele esperava que no final ganharia dos dois lados: teria mais dinheiro no bolso e a casa seguiria firme. Colocando de uma outra forma, ele não via a necessidade de perder algo pra conseguir outro (Luc 17:33).

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Jesus Nos Alerta Sobre os Problemas da Vida

Algo que não devemos de forma alguma ignorar nestas palavras de Jesus é o aviso de que a vida está cheia de problemas. Notemos também que os problemas surgirão tanto na vida de quem pratica os ensinos de Cristo, como também na vida daquele que os ignora; aqui ilustrados por três eventos da natureza que podem fazer uma casa cair: chuvas, inundações e ventos. De fato, qualquer pessoa que aceitou a Cristo como Salvador em uma idade mais adulta pode confirmar que a sua conversão não eliminou os problemas da vida. Enquanto estivermos vivendo neste mundo em trevas é certo que teremos que passar por todos os tipos de aflições. Aqui, no entanto, Jesus não está falando dos problemas que afetam todos os seres humanos, mas tem como foco apenas os sofrimentos dos cristãos.

Os dois construtores são cristãos, e o cristão não está em pé de igualdade com o descrente quando se trata dos problemas da vida, pois ainda que ambos enfrentam problemas, o cristão possui a proteção de Deus enquanto o descrente só pode contar consigo mesmo para se livrar dos sofrimentos. Este é um ponto que sempre devemos lembrar: “Os justos clamam, e o Senhor os ouve, e os livra de todas as suas angústias. Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito. Muitas são as aflições do justo, mas de todas elas o Senhor o livra” (Salmos 34:17-19).

A Consequência Final dos Problemas

Ainda que é certo que Jesus esteja falando dos problemas que todos enfrentam, existe um detalhe nesta metáfora de Jesus que retira o foco do material e passa para o espiritual, que é a sua conclusão: “aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha”. O fato de Jesus mencionar que a casa firmada sobre a rocha se manteve firme e a construída sobre a areia caiu quando veio a tempestade, implica um final que envolve muito mais do que simplesmente se sair bem nos problemas da vida. Jesus aqui está falando da salvação do homem, mas ainda mais sério, Jesus está falando especificamente da salvação dos cristãos.

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Existe uma conexão inegável entre os problemas e tentações da vida e a decisão do cristão em se manter firme no seu objetivo de se salvar. As tentações, preocupações, e sofrimentos que surgem na sua vida, são forças que lutam contra ele para que se desvie do seu grande objetivo. Quanto mais o cristão se deixar levar pelos problemas dessa vida, mais ele perde o foco daquilo que realmente importa, que é herdar a vida eterna. Nesta pequena parábola, aprendemos que existem poderosas forças que atuam continuamente contra o cristão para derrubá-lo e mantê-lo no chão, incapaz de se erguer e restabelecer o seu relacionamento com Deus. No nosso ministério, frequentemente recebemos e-mails de cristãos nos relatando a situação desesperadora em que se encontram: fraqueza, desânimo, ansiedade e um sentimento de culpa por não terem forças para lutar contra as várias dificuldades e tentações que surgem em todas as áreas, e que sempre acabam fazendo coisas que não deviam fazer. Eles sabem que se nada for feito para mudar a situação, não herdarão a vida eterna e este é o grande motivo do desespero: experimentaram da alegria da presença de Deus, mas não estarão com Ele na eternidade (Heb 6:4-6). Estes são os cristãos que construíram a sua casa sobre a areia, e o foco do nosso próximo estudo.

A Casa Construída Sobre a Rocha

A Rocha é Cristo (1Cor 10:4). Mas por mais firme que seja qualquer rocha, a casa precisa ser construída sobre ela, para que se possa beneficiar da sua firmeza. Se um homem pensa em construir sobre ela para se proteger das chuvas, inundações e ventos; se ele estuda e faz uma pesquisa sobre a rocha, analisando a sua origem, estrutura, componentes, tamanho e tudo o mais que se pode descobrir; chegando à conclusão que de fato a sua casa seria inabalável se fosse construída sobre ela; mas no final, por um motivo ou outro, optar por um outro lugar, podendo até ser bem perto dela, então todo o conhecimento que possuía sobre a rocha não lhe será de nenhum valor. Este é exatamente o que Jesus quis nos dizer com este ensino. É uma lástima que milhões e milhões de cristãos, de todas as denominações, vivem um cristianismo que reconhece o poder que existe em Jesus, mas que não se beneficiam deste poder porque não praticam os seus ensinos (Tiago 1:21-22).

A Dificuldade de se Construir Sobre a Rocha

Construir sobre a Rocha não é para os fracos. Prova disso é que a maior parte dos cristãos constroem sobre a areia (Mat 7:14). Mas é interessante observar que nenhum cristão admite que está construindo a sua casa no local errado, pois todos eles possuem uma ideia de onde se encontra esta Rocha. Nestes trinta e poucos anos que eu e minha esposa caminhamos com o Senhor é provável que já encontramos todos, ou quase todos, os tipos de cristãos que existem no mundo; desde os mais liberais aos mais ortodoxos possíveis. Eles podem possuir estilos de vida bem diferentes uns dos outros, mas certamente que todos eles se consideram seguidores de Jesus; e todos esperam que no final herdarão o Reino dos Céus. O que ocorre então é que a maior parte dos cristãos não leva a sério as palavras de Cristo de que devemos obedecer às suas palavras. Já escrevemos sobre isso incontáveis vezes, em muitos dos nossos estudos, mas em resumo, eles agem assim por dois motivos bem claros: primeiramente porque não estão dispostos a perder a sua vida aqui na terra para ganhar a vida eterna (Mat 10:39; Mar 8:35-37; Luc 9:24; João 12:25); e em segundo lugar, porque se sentem seguros quando veem que os seus líderes e seus irmãos e irmãs na igreja vivem da mesma maneira que eles vivem.

Aos nos dizer que construir sobre a rocha significa pôr em prática, ou obedecer às suas palavras, Jesus elimina a possibilidade de que existem várias opções de cristianismo e de que qualquer cristão, independentemente da maneira que vive, será aceito por Deus e se manterá firme até o juízo final. Na realidade, foi exatamente para eliminar esta possibilidade que Jesus seguiu adiante na parábola e nos disse que quem não pôr em prática os seus ensinos, não resistirá as forças do mal e certamente cairá. Existe apenas uma, nada mais que uma, maneira de não falhar na nossa caminhada rumo à vida eterna que é obedecer à risca todos os mandamentos de Jesus. Qualquer desvio, por menor que nos pareça, nos colocará em sério risco de sair da Rocha e acabar construindo a nossa casa em terreno instável, que certamente resultará em queda: “…e foi grande a ruína daquela casa” (Luc 6:49).

Obediência Pela Fé, Contrária aos Nossos Desejos

A grande dificuldade de praticar e não apenas conhecer as palavras de Jesus é que gostamos de fazer apenas aquilo que desejamos e que nos dará algum tipo de prazer ainda nesta vida. O cristão não tem problema nenhum em ler, ouvir e decorar as palavras de Jesus; e de fato todo o cristão possui registrado na sua mente pelo menos os ensinos básicos e mais famosos de Cristo: morrer para este mundo, amar a Deus sobre todas as coisas, amar aos nossos inimigos, etc. O problema então não é o conhecer, mas o viver aquilo que se conhece. O conhecer exige muito pouco, de fato não exige nada do cristão, pois até mesmo muitos que não se consideram cristãos conhecem vários dos ensinos de Cristo. Ou seja, para efeito de salvação não existe nenhuma diferença entre um descrente e o cristão que apenas conhece, mas não pratica os ensinos de Cristo. Os dois optaram por viver de acordo com os seus próprios desejos e os dois receberão o mesmo tratamento no juízo final.

Entendemos então que o que o cristão precisa fazer para que o seu conhecimento tenha valor para a salvação é obedecer às palavras de Jesus ainda que contrário àquilo que ele de fato gostaria de fazer. Na realidade, é garantido que os seus desejos pessoais não concordarão com os de Jesus, uma vez que a síntese das palavras de Cristo é o completo abandono do eu: “Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia [Gr. αποτάσσω (apotásso) v. dar adeus, abandonar, se despedir] a tudo [Gr. πας (pas) adj. tudo, de todo o tipo] quanto possui [Gr. υπάρχω (ipar-rro) v. ter, ser, possuir], não tem como ser meu discípulo [Gr. μαθητής (mathitís) s.m. aprendiz, discípulo, aluno, seguidor]” (Luc 14:33).

Como o Cristão se Desvia da Rocha

Queridos, neste penúltimo estudo do Sermão da Montanha, quero dar um alerta a todos vocês, um alerta que também vale para mim, pois não existe cristão que não precisa deste alerta: se desviar da Rocha é muito mais fácil do que muitos imaginam. Um grande exemplo desta verdade é a história do rei Salomão. Quando lemos sobre como este homem foi abençoado por Deus em todos os sentidos, mas de uma forma especial em sabedoria (1Re 4:29); quando lemos sobre as demonstrações visíveis da presença de Deus que lhe foi permitido experimentar (1Re 3:5; 1Re 9:2; 2Cro 7:1); ficamos simplesmente pasmados com o seu final: “Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, porquanto o seu coração se desviara do Senhor Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera, e lhe ordenara expressamente que não seguisse a outros deuses. Ele, porém, não guardou o que o Senhor lhe ordenara” (1Re 11:9-10). Eu lhes garanto que este desvio de Salomão não ocorreu da noite para o dia, mas sim em pequenas concessões, coisinhas que pareciam insignificantes quando feitas, mas que no final o levou a se distanciar do Deus do seu pai. Da mesma forma, nos desviaremos da Rocha com certeza, se começarmos a ceder nas mais pequenas coisas na ilusão de que são pequenas demais para afetar a nossa entrada no Reino dos Céus: “Todo aquele que se desvia [Gr. παραβαίνω (paraveno) v. desviar, ultrapassar, ignorar, transgredir] e não permanece nos ensinos de Cristo, não tem a Deus. Quem permanece nos ensinos de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2Jo 1:9-10). Espero te ver no céu.
 

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