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Estudo bíblico completo sobre o amor ao mundo: Não ameis o mundo: Estudo Nº 1: A luz e as trevas.
Por Markus DaSilva
Nos seminários americanos — e imagino ser o mesmo nos outros países — no primeiro ano de Grego sempre se estuda a primeira epístola (carta) de João. A lógica seria começar com o evangelho de Mateus, eu sei, mas um dos motivos que os professores escolhem os escritos do apóstolo João é acima de tudo pelo seu estilo descomplicado e pelo seu vocabulário simples; um grego bem mais fácil de ler e traduzir do que os evangelhos, as cartas de Paulo, e Hebreus, que por sinal é considerado por muitos como o grego mais difícil do Novo Testamento. É em primeira João que encontramos repetidamente o aviso de que o cristão tem que se separar do mundo para poder de fato fazer parte do povo de Deus: “Não ameis [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar] o mundo [Gr. κόσμος (kósmos) s.m. mundo; fig. habitantes da terra, estilo de vida ímpio], nem as coisas que há no mundo [Gr. τα εν τω κόσμω (ta in to kósmo) Lit. aquilo no mundo]. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai (Deus)] não está nele. Porque tudo o que há no mundo, os desejos [Gr. επιθυμία (epithimía) s.f. desejo, cobiça, concupiscência, luxúria] da carne [Gr. σάρξ (sárks) s.f. carne; fig. natureza humana], os desejos dos olhos [Gr. οφθαλμός (oftalmós) s.m. olho; fig. entendimento] e o orgulho [Gr. αλαζονεία (alazonía) s.f. ostentação, pretensão, orgulho] da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa [Gr. παράγω (parágo) v. conduzir por, passar por, ir embora], e os seus desejos; mas aquele que faz a vontade [Gr. θέλημα (thélima) s.n. desejo, propósito, vontade] de Deus, permanece para sempre” (1Jo 2:15-17). Este é o assunto que estudaremos nesta pequena série.
“Sabemos o que deve ser feito e entendemos o que está em jogo, mas a verdade existe apenas a nível do intelecto e não resulta em um abandono daquilo que pertence às trevas.”
Deus Não Nos Força a Sermos Obedientes
Quando Adão e Eva pecaram, houve uma separação entre nós, os seres humanos, e Deus (Isa 59:2). Até então vivíamos em paz e em perfeita harmonia com o nosso Criador. Éramos felizes vivendo em um local onde tínhamos de tudo o melhor e onde nenhum sofrimento jamais existiria se nos mantivéssemos fiéis às simples instruções do Senhor (Gen 2:16-17). Na única vez que fomos tentados a desobedecer à Deus, porém, caímos e optamos pela mentira que nos foi apresentada por Satanás (Gen 3:6). Obviamente esta separação entre a raça humana e Deus não o pegou de surpresa, pois já havia um plano de restauração em andamento antes mesmo do mundo ser criado (2Tim 1:9). Este plano de restauração, no entanto, não seria forçado a ninguém, da mesma forma que a obediência ao mandamento de não comer do fruto proibido também não foi forçado aos nossos pais. Se Deus tivesse o interesse em forçar a obediência no ser humano, ou se de alguma forma a obediência viesse de Deus e não de nós (conforme alguns teólogos sugerem), então isso teria sido feito logo de cara, com os nossos pais no jardim, e certamente o Criador não nos deixaria passar pelos milénios de rebeldia e sofrimento que passamos até o presente.
A Prova de Que Escolhemos a Deus é Nos Desprender dos Prazeres do Mundo
A separação entre o homem e Deus, dividiu a terra entre dois grupos: aqueles que desejam ser restaurados ao relacionamento que tinham com o Criador antes da queda e aqueles que preferem continuar separados. O primeiro grupo são aqueles da raça humana que se arrependeram da sua rebeldia no Éden; reconheceram que cometeram um erro gravíssimo ao preferirem as palavras da serpente às palavras de Deus. Aceitaram o plano de salvação que Deus ofereceu através do seu Filho (João 3:36) e estão somente aguardando o dia em que serão retirados daqui. Não querem este mundo presente que tem a Satanás como príncipe (João 12:31) e a prova disso é que se desprenderam dos prazeres que o mundo oferece aos seus escravos (Gal 5:24). Deus não aceitaria o arrependimento destas pessoas se continuassem a usufruir dos prazeres do mundo, pois seria um arrependimento falso. Seria como o homem que confessa à sua esposa que agiu de forma errada ao traí-la e que promete que não fará mais isso pois deseja muito restaurar o seu casamento; com lágrimas se diz arrependido e explica a ela que não vai mais procurar por outras mulheres e apenas manterá as amantes que já possui.
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O Encontro do Ser Humano Com o Mal
A separação que ocorreu no Éden expôs o ser humano ao mal, algo que até então não conhecíamos: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal” (Gen 3:22). Se Deus naquele momento tivesse se retirado daqui então estaríamos para sempre envoltos nas trevas tenebrosas do mal e do pecado. Esta é a escuridão que atualmente se encontram Satanás e um terço dos anjos que antes moravam no céu, mas que se uniram à serpente e agora vivem aqui conosco (Efe 6:12). Essa verdade foi revelada por Jesus ao apóstolo João: “A sua cauda levava após si a terça parte das estrelas do céu… E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele” (Apo 12: 4,9), sendo que também ouvimos do mesmo evento dos lábios de Cristo: “eu vi a Satanás, como raio, cair do céu” (Luc 10:18).
A Função do Espírito Santo de Capacitar o Homem a Recusar as Trevas
Quando um ser humano aceita o plano de salvação oferecido por Deus, ou seja, quando alguém aceita a Jesus como o seu Salvador, ele está de fato escolhendo a única forma de se libertar das trevas em que se encontra e poder assim estar de novo em comunhão com a luz tal qual Adão e Eva estavam antes da queda (João 8:12). No ato do indivíduo aceitar a Cristo ele é revertido com o poder do Espírito Santo para que agora tenha a capacidade de recusar as trevas e viver na luz. É importante entender o que eu acabei de dizer. O Espírito Santo não força o homem a escolher a luz, mas sim expõe o pecador à luz: “E quando ele [O Espírito Santo] vier, exporá [Gr. ελέγχω (elerro) v. expor, mostrar o erro, alertar quanto ao erro] o mundo do seus pecados [Gr. αμαρτία (amartía) s.f. pecado, erro, ofensa], da retidão [Gr. δικαιοσύνη (dikiosíne) s.f. retidão, justiça] e do juízo [Gr. κρίσις (krísis) s.f. julgamento, perdição, condenação, veredito, justiça]” (Jo 16:8). Sem o Espírito Santo, nenhum ser humano consegue se libertar das trevas, aliás, ele nem tem esse desejo pois nunca viu a luz e está totalmente ambientado e conformado com a sua circunstância. O Espírito Santo convence a ele da sua situação e só então este indivíduo, vendo a luz, decide se quer ou não permanecer nas trevas: “Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (João 12:46).
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O Homem Descrente Corre da Luz
Todos nós sabemos de criaturas marítimas que vivem no fundo do oceano em completa escuridão. Estes peixes, e outras criaturas do mar, nunca viram nenhuma luz, não demonstram qualquer interesse em subir mais para a superfície onde poderão ter um pouco de claridade. Aliás, segundo entendo, eles fogem quando uma luz se aproxima pois é algo completamente estranho e ofensivo para eles. Assim é com todo aquele que rejeitou a luz e pertence a este mundo. Quando nos aproximamos destas pessoas com a mensagem da salvação, elas correm e muitas vezes se sentem ofendidas e agem com agressividade com o mensageiro. O que quero dizer com tudo isso é que aqueles que vivem na luz pertencem à luz, mas aqueles que vivem nas trevas pertencem às trevas: “Que comunhão tem a luz com as trevas?” (2Cor 6:14). Nenhuma comunhão.
A Importância de Praticar Aquilo que Ouvimos
Quando alguém diz que é um servo de Deus, mas, ao mesmo tempo, participa das coisas que pertencem às trevas então ele está enganando a si mesmo, pois as trevas e a luz não se relacionam. Foi isso o que João nos escreveu: “Se dissermos que temos comunhão [Gr. κοινωνία (koinonía) s.f. comunhão, comunidade, relação] com ele [Deus], e andarmos nas trevas [Gr. σκότος (skotos) s.n. trevas, escuridão], mentimos [Gr. ψεύδομαι (psevdomé) v. mentir, falar falsamente, enganar], e não praticamos a verdade [Gr. αλήθεια (álithia) s.f. verdade, dependência, integridade]” (1Jo 1:6).
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Próximo jejum: sexta-feira, 1 de novembro de 2024
“Não praticamos a verdade”, ou seja, sabemos o que deve ser feito e entendemos o que está em jogo, mas a verdade existe apenas a nível do intelecto e não resulta em um abandono daquilo que pertence às trevas, portanto a nossa afirmação de que somos servos de Deus é uma mentira. Foi isso o que Jesus quis dizer com as palavras: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha” (Mat 7:24).
Afastar das Trevas e Permanecer na Luz
Queridos, seguiremos falando sobre o amor ao mundo nesta série à medida que o Senhor permitir. Por agora, deixe-me somente exortá-los que permaneçam na luz. Permanecemos na luz não só nos aproximando da sua fonte, que é Cristo (João 8:12), como também nos afastando deste mundo em trevas que é dominado por Satanás: “mas a nossa luta [Gr. πάλη (pali) s.f. luta, batalha] não é contra a carne [Gr. σάρξ (sárks) s.f. carne; fig. ser humano, natureza humana] e o sangue [Gr. αίμα (êma) s.m. sangue], mas sim contra os principados [Gr. αρχή (ar-rrí) s.f. primário, princípio, origem, começo; autoridades primárias], contra as potestades [Gr. εξουσία (eksucía) s.f. autoridade, direito, poder], contra os dominadores [Gr. κοσμοκράτωρ (kosmocrátor) s.m. senhor do mundo] das trevas [Gr. σκότος (skotos) s.n. trevas, escuridão] desse século [Gr. αιών (aion) s.m. eternidade, século], contra a iniquidade [Gr. πονηρία (poniría) s.f. iniquidade, malícia, depravação] espiritual [Gr. πνευματικός (pnevmátikos) adj. espiritual, consciente, racional] nos altos [Gr. επουράνιος (epurânios) adj. celestiais, natural dos céus]” (Efe 6:12). Irmãos, o nosso tempo na terra se aproxima do seu fim em uma velocidade assustadora. Estes são dias de decisões. Espero te ver no céu.
Nesta Série de Estudos:
- Estudo Nº 1 — Não Ameis o Mundo: A Luz e as Trevas.
- Estudo Nº 2 — Não Ameis o Mundo: A Cobiça da Carne.
- Estudo Nº 3 — Não Ameis o Mundo: A Cobiça dos Olhos.
- Estudo Nº 4 — Não Ameis o Mundo: O Orgulho da Vida.
- Estudo Nº 5 — Não Ameis o Mundo: As Coisas que Há no Mundo.
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