O Sermão da Montanha. Estudo Nº 26: O Adultério: O Olhar Adúltero

Imagem de uma igreja no topo de uma montanha. Ilustração sobre o Sermão da Montanha. Text: O cristão que de fato possui autocontrole sexual interrompe o processo do adultério imediatamente, quando o pecado tenta entrar na mente através dos olhos.

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O Sermão da Montanha

Mateus 5:28 Estudo Teológico Nº 26

Por Markus DaSilva, Th.D.

De todos os sentidos do corpo humano, a visão é aquele que consegue acessar a nossa mente com a maior rapidez e que consegue registrar uma cena no consciente com mais detalhes e duração. Ainda ontem à noite, o nosso filho, adulto, nos disse que a única coisa que se lembrava de uma visita que fez ao Brasil quando tinha três aninhos era a imagem da avó dormindo na rede. Note que a sua única recordação deste passeio distante se trata de algo que entrou e se fixou na mente através dos olhos. Poderia ter sido o delicioso cheiro que sempre vinha da cozinha, ou da voz da empregada que estava sempre cantando, ou ainda do remexer dos pelinhos do braço provocado pela brisa que sempre vinha da varanda. Se você parar para pensar, a sua recordação mais distante provavelmente também será de algo que você viu, e não de algo que você ouviu, ou cheirou, ou sentiu, ou provou. Os nossos olhos são de fato a mais importante porta até a nossa mente: “A lâmpada do corpo são os olhos. Quando, pois, os teus olhos forem bons, todo o teu corpo se enche de luz; mas, quando forem maus, o teu corpo se enche de trevas” (Luc 11:34).

“O homem que olha para as mulheres com um olhar adúltero se limita ao ato sexual mental, não porque ele possui autocontrole, mas sim porque as circunstâncias não permitem que ele cometa o adultério de fato.”

Dois Pecados Cometidos Através dos Olhos

Na continuação do nosso estudo do Sermão da Montanha que lida com o problema do adultério no meio cristão, procuraremos entender o que foi que Jesus quis dizer que no mero fato do homem olhar para uma mulher casada com atração por ela, ele já quebrou dois dos mandamentos de Deus, o sétimo: “Não adulterarás” (Exo 20:14), e o décimo: “Não cobiçarás… a mulher do próximo” (Exo 20:17). As palavras de Cristo foram: “Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher com intenção impura [βλέπων γυναίκα προς το επιθυμήσαι αυτής (vlepon guineke pros to epithimisé aftis) Lit. Olha para uma mulher com o objetivo de cobiçar ela], já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mat 5:27-28). Conforme explicado acima, não foi à toa que Jesus mencionou especificamente o olhar para uma mulher, não sendo necessário um contato mais pessoal, como o conversar com ela ou o tocá-la fisicamente, pois, através de um simples olhar mal-intencionado o homem já registrou na mente todos os dados necessários para dar seguimento a todo o tipo de fantasias sexuais na sua mente: “Ora, aconteceu que, numa tarde, Davi se levantou do seu leito e se pôs a passear no terraço da casa real; e do terraço viu uma mulher que se banhava; e ela era muito agradável aos olhos” (2Sam 11:2).

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Nem Todo o Olhar Entre Casais é Pecado

Antes de continuarmos, devemos deixar claro que Jesus não está aqui se referindo à atração sexual normal que obviamente existe entre o homem e a mulher que nunca casaram. Note que preferi não usar a palavra “solteiro”, pois como sabemos, nestes últimos dias, este termo perdeu o seu sentido original, devido ao pouco-caso que as nossas igrejas fazem da lei de Deus sobre o casamento. Antes falávamos que a pessoa “é solteira”, mas hoje em dia se diz que ela “está solteira”, este assunto, porém, será abordado logo quando Jesus nos instruir sobre o divórcio. Mas quanto ao tema deste estudo, que é o adultério, todos nós entendemos muito bem que existe uma atração sexual natural, saudável e agradável entre o rapaz e a moça cristã que procuram encontrar o seu eterno companheiro na jornada rumo à casa do Pai. Todos nós experimentamos esta gostosa fase na vida e Jesus certamente não está proibindo que o homem e a mulher, que se enquadram neste grupo, olhem com admiração e atração uns para os outros. Esta é uma verdade especialmente relevante para os dias atuais, onde praticamente não existe mais o casamento arranjado e todos possuem a liberdade de escolher o seu próprio cônjuge.

Cobiçando a Mulher de um Outro Homem

Mas voltando às pessoas casadas. Quando analisamos o alerta de Jesus no Sermão do Monte, notamos que a referência é talvez até mais forte para o décimo mandamento do que para o sétimo, pois enquanto o sétimo especificamente menciona o ato do adultério, o décimo possui a palavra “cobiçar”, ou seja, desejar algo que pertence a uma outra pessoa. Lembrando que a mulher do próximo é o segundo item da lista das “coisas” que normalmente o homem cobiçava no período bíblico, a sua casa sendo o primeiro: “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo” (Exo 20:17). A palavra traduzida como cobiçar [επιθυμέω (epithimeo) v. desejar, almejar, anelar, ansiar] na Bíblia mais comum nos dias de Jesus — a Septuaginta (LXX) — também significa “desejar” ou “ansiar” ou ainda, “almejar”, ou seja, todos estes são termos que denotam o objetivo de realmente, se possível for, tomar posse de algo que pertence a uma outra pessoa. Em outras palavras: do ponto de vista humano, um furto, ou em alguns casos, um roubo. Mas do ponto de vista divino, é sempre um roubo, pois nada se passa sem que Deus esteja presente.

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O Adultério e os Líderes Judeus

Ainda comparando o sétimo com o décimo mandamento, devemos notar que Jesus trata o mandamento de não cobiçar a mulher do próximo no mesmo nível do sétimo que se refere ao ato do adultério em si. Os escribas e fariseus apenas consideravam o ato físico do adultério, uma vez que este poderia ser comprovado (João 8:4-5), mas desconsideravam o décimo, pois ninguém poderia acusar ou provar que alguém de fato cobiçava a mulher do outro. Desta forma, embora eles mantinham uma aparência de castidade, ou pureza sexual externa, por dentro estavam cheios de pensamentos imundos: “vós exteriormente pareceis retos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de falta da lei [Gr. ανομία (anomía) s.f. sem lei, contra a lei]” (Mat 23:28). O homem pode enganar aos outros homens quanto à ser casto e fiel ao seu cônjuge, pois este apenas veem aquilo que é externo, Deus porém, conhece aquilo que verdadeiramente passa no seu interior: “Porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, vê o coração” (1Sam 16:7).

O Que Segura o Homem Adúltero a Ficar Apenas no Olhar

O homem que olha para as mulheres com um olhar adúltero se limita ao ato sexual mental, não porque ele possui autocontrole, mas sim porque as circunstâncias não permitem que ele cometa o adultério de fato. Ou seja, uma vez que o olhar adúltero foi lançado e o ato efetuado na mente, todas as barreiras que servem para mantê-lo livre de cometer este pecado na realidade, e não somente no coração, já caíram, e apenas fatores externos como o medo de ser descoberto, a vergonha, a rejeição, a vingança e a lei dos homens o impede de dar vazão aos seus desejos carnais.

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O Autocontrole Sexual

O cristão que de fato possui autocontrole sexual interrompe o processo do adultério imediatamente, quando o pecado tenta entrar na mente através dos olhos. Este autocontrole só é possível porque ele, em uma atitude de humildade, reconhece as suas fraquezas, e com o constante auxílio do Espírito Santo, não dá oportunidade à carne para pecar contra o Senhor. Foi isto o que Jó quis dizer quando lemos: “Fiz um pacto com os meus olhos, como então olharia com cobiça para as virgens? Que porção, pois, teria eu do Deus lá de cima e que herança eu teria do Todo-poderoso desde as alturas? Acaso não é a perdição para os ímpios, e a desgraça para os que praticam a iniquidade? Ou não vê Deus os meus caminhos e não conta todos os meus passos?” (Jó 31:1–4). Este pacto com os olhos a que Jó se refere é a atitude pré-determinada e contínua que possui todo aquele que genuinamente tem os mandamentos do Senhor em altíssima estima, e a última coisa que deseja na sua vida é magoar ao seu amado Criador. Ainda que no contexto da época Jó não estaria no erro ao olhar com interesse para uma virgem, ele se conhecia e sabia que tal hábito poderia eventualmente levá-lo ao pecado: “De todo mau caminho desvio os pés, para observar a tua palavra. Não me aparto dos teus juízos, pois tu me ensinas. Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca. Por meio dos teus preceitos, consigo entendimento; por isso, detesto todo o caminho falso” (Sal 119:101–104).

As Nossas Igrejas Não Ensinam Estas Verdades

Queridos, na sequência da série sobre o Sermão da Montanha, ainda temos quatro estudos que lidam com pecados sexuais e pedimos que continuem orando por nós enquanto nos empenhamos nesta difícil tarefa. Satanás e suas hostes do mal não querem de forma alguma que estes estudos sejam publicados e muito menos acessados pelo povo de Deus. Estes ensinamentos deveriam vir de todos os púlpitos das nossas igrejas, mas infelizmente isto não ocorre com a frequência que deveria ocorrer. Muitos dos nossos líderes, mesmo conhecendo as verdades do Senhor, receiam ensinar contrário às tendências populares, pois temem perder alguns dos seus membros para as igrejas mais liberais. Este é um quadro lamentável, pois como resultado, o povo, sobretudo os jovens, está se afundando cada vez mais nas mais profundas prisões satânicas por falta de uma firme orientação: “…e como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rom 10:14). Quanto aos de fora, eles vão às nossas igrejas procurando por direção, mas frequentemente encontram um ambiente tão semelhante ao mundo de onde vieram que acabam na mesma situação de perdidos em que se encontravam. É de suma importância que nestes últimos dias, todas as nossas denominações assumam o seu papel de serem o sal que interrompe, ou, pelo menos, que atrasa o rápido apodrecimento deste mundo caído; e de serem a luz que ilumina o caminho da salvação para o mundo perdido nas trevas do pecado. Que parem imediatamente de pregar este evangelho da falsa graça, onde tudo é permitido, e nada se exige, e comecem a ensinar o evangelho de Cristo, onde apenas aqueles que estiverem disposto a perder a sua vida neste mundo a encontrão no Reino de Deus: “Quem ama [Gr. φιλέω (filéo) s.f. amizade, amor, afeto] a sua vida [Gr. ψυχή (psirrí) s.f. alma, vida, mente, individualidade], perdê-la-á; e quem neste mundo odeia [Gr. μισέω (miséo) v. odiar, ser odiado, detestar] a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna [Gr. ζωήν αιώνιος (zoin eônion) vida eterna]” (João 12:25). Espero te ver no céu.
 
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