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O Sermão da Montanha – O Adultério e Divórcio
Mateus 5:32 Estudo Teológico Nº 32
Por Markus DaSilva
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odo o pecado de adultério envolve três seres vivos. Três almas ou espíritos que habitam em três corpos. Das três, duas são almas adúlteras e uma é vítima de adultério. Quando o homem analisa o problema do adultério no casamento ele quase sempre foca apenas na parte física do que ocorreu. Ele considera o fato de que um homem teve sexo com uma mulher que era esposa de um outro homem. Esta esposa deveria apenas ter relações com o seu legítimo marido, mas por algum motivo decidiu quebrar esta limitação, ou esta barreira, e manteve relação sexual com um outro homem. O foco de quem analisa o problema, quase sempre, foi aquilo que ocorreu entre seres físicos. Deus não tem este mesmo foco; para Deus o foco do adultério foi aquilo que ocorreu entre as suas almas através do físico. Falamos “suas almas” porque Deus fez questão de nos avisar que a nossa alma ou espírito não nos pertence: “Pois, todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá. A Frase no hebraico se lê literalmente: [Heb. לי הנה כנפשׁ האב וכנפשׁ הבן (Lit. como a alma do pai e como a alma do filho é para mim)]; E no grego (LXX): [Gr. η ψυχή του πατρός ούτως και η ψυχή του υιού έμαι εισιν (Lit. a alma do pai e assim também a alma do filho minhas são)]” (Eze 18:4).
“Deus está muito mais interessado na eternidade que passaremos com Ele do que com os poucos e rápidos anos que viveremos neste vale de lágrimas que é a terra.”
Deus Lida com o Pecado do Adultério no Casamento no Nível Espiritual
Notemos nesta passagem que Deus deixou de lado o pai como um todo e o filho como um todo, mas se referiu tão somente à sua alma, demonstrando claramente qual foi a parte do homem que de fato foi responsável pelo pecado. Ele poderia muito bem ter dito que “todo o homem, pai e filho, me pertence”, utilizando um destes substantivos para homem: [Heb. אדם (adam) s.m. homem, pessoa, ser humano] ou [אישׁ (ish) s.m. homem] ou [אנושׁ (inosh) s.m. homem, humanidade], mas não, o Senhor preferiu neste caso isolar a alma do restante do homem: a alma do pai e a alma do filho: “a alma que pecar, essa morrerá”: [Heb. נפש (nefesh) s.f. alma, fôlego, vida]; [Gr. ψυχή (psirrí) s.f. alma, vida, mente, individualidade]. Não que Deus não ligue para o que fazemos com o nosso corpo, mas sim porque a alma, ou espírito — que precisa de um corpo para existir neste planeta — é a parte permanente do homem e inclui tudo aquilo que ele é; enquanto o corpo por si só é simples pó: “e o pó volte para a terra como o era, e o espírito [Heb. רוח (rruack) s.f. Espírito, espírito, vento, sopro, fôlego] volte a Deus que o deu” (Ecle 12:7). Jesus, falando sobre a superioridade da alma sobre o corpo nos alertou: “E não temais os que matam [Gr. αποκτείνω (apoktino) v. matar] o corpo [Gr. σώμα (sóma) s.n. corpo; fig. Igreja], e não podem matar a alma [Gr. ψυχή (psirrí) s.f. alma, vida, mente, individualidade]; temei antes aquele que pode fazer perecer [Gr. απόλλυμι (apólimi) v. se perder, arruinar, desperdiçar, destruir, perecer, morrer] no inferno [Gr. γέεννα (guyena) s.f. inferno] tanto a alma como o corpo” (Mat 10:28).
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Deus se Interessa Muito Mais Pelo Nosso Futuro no Reino dos Céus
Este entendimento do que realmente consiste o ser humano é fundamental para que assim compreendamos da forma correta os ensinos da Bíblia sobre o casamento, adultério, divórcio e novo casamento. O ser humano consiste de uma parte física e uma parte espiritual. Embora nas Sagradas Escrituras há termos se referindo ao homem que podem ser difíceis de diferenciar um do outro, como o coração, o espírito e a alma, todos nós sabemos muito bem que existe algo em nós além do corpo, não existe nenhuma dúvida neste ponto. Também sabemos, sem nenhuma dúvida, que este corpo no qual atualmente habitamos, logo deixará de existir. Na realidade, como sempre digo, começamos a morrer assim que nascemos (Ecle 9:2). Sendo esta uma verdade incontestável, não devemos de forma alguma ficar surpresos que Deus, sendo Ele um ser espiritual (João 4:24), lide com este assunto não no nível do corpo que passa, mas sim no nível da alma que permanece, pois o Senhor está muito mais interessado na eternidade que passaremos com Ele do que com os poucos e rápidos anos que viveremos neste vale de lágrimas que é a terra. De novo: “temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mat 10:28).
A Importância de Direcionar a Mente Para as Coisas do Céu
Nestas palavras de Jesus: “temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”, e em outros versos semelhantes (Mat 25:46; Luc 12:4; João 6:63), podemos ver nitidamente a importância que é para o cristão tomar as suas decisões tendo em vista não apenas o mundo físico, mas sim em como o mundo físico afeta o mundo espiritual. No caso do adultério, divórcio e novo casamento, esta é uma verdade seríssima, pois o que está em jogo são as consequências eternas das nossas decisões. Quando o homem ou a mulher de Deus casado opta por cometer um adultério, é certo que esta foi uma decisão na qual a parte espiritual foi ignorada; é certo que o desejo de satisfazer a carne no presente foi mais forte do que o desejo de entrar no Reino dos Céus no futuro. E, como se trata de pessoas que temem a Deus, a única explicação então é a de que a sua mente não estava direcionada corretamente (Col 3:2). Quanto mais o cristão mantém a sua mente direcionada para o Céu, mais se enfraquecem os ataques de Satanás e os pecados da carne vão se tornando raros. Este processo de direcionar a mente para o céu é o que leva o cristão à perfeição a qual Jesus se referiu: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial [Gr. έσεσθε ουν υμείς τέλειοι ώσπερ ο πατήρ υμών ο εν τοις ουρανοίς τέλειός εστιν (ésesthe un imis télio ósper o Patir imon o en tis uranis teliós estin) Lit. será então vocês perfeitos assim como o Pai seu quem no céus perfeito é]” (Mat 5:48). O rei Salomão também fez referência ao caminhar do cristão e ao seu crescimento na perfeição de Deus: “Mas o caminho dos justos é como a luz do amanhecer, que vai brilhando mais e mais até ser dia estabelecido [Heb. כון (kun) v. firmar, estabelecer, ficar estável]” (Prov 4:18). Voltaremos a falar sobre o caminhar do cristão mais abaixo.
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Um Relacionamento Adúltero não Deixa de ser Pecado Com o Tempo
Mesmo que o ato do adultério consista em um relacionamento estável e que dure por anos, enquanto a alma do homem com quem a mulher era casada originalmente não retornar para Deus, a sua união continua válida. O único motivo que Deus permitiu que Davi continuasse o seu relacionamento com Bate-Seba foi porque o gentio Urias, o seu marido, estava morto (2Sam 12:9). Esta é a razão que Jesus proíbe que alguém se case com mulheres que já foram casadas e cujo marido continua vivo: “Qualquer um que se separa [Gr. απολύω (apolío) v. liberar, libertar, divorciar, soltar, desprender, despedir] da sua mulher [Gr. γυνή (guiné) s.f. mulher, esposa] e casa [Gr. γαμέω (gâmeo) v. tomar como mulher] com outra, comete adultério [Gr. μοιχεία (mirría) s.f. adultério, adúltero]; e quem foi divorciada pelo marido [Gr. ανήρ (anir) s.m. marido, homem] comete adultério ao se casar” (Luc 16:18). Notemos que nesta passagem Jesus não toca no assunto de culpabilidade e permissão como o fez em Mateus (Mat 5:32 e Mat 19:9), mas simplesmente alerta os seus ouvintes para dois pontos: primeiro, que não se separem com o intuito de um novo casamento, e, segundo, que não procurem casamento com mulheres separadas. Vemos aqui então uma clara diferença entre o que ocorre no físico e o que ocorre no espiritual, e se Deus nos permitir, entraremos em mais detalhes no próximo e último estudo deste bloco do Sermão da Montanha que lida com o divórcio.
A Seriedade do Adultério no Casamento
Podemos ver então que o ato do adultério é muito mais sério do que a maioria pensa. Os cristãos estão sendo continuamente enganados por Satanás através dos ensinos que saem da boca dos nossos líderes carnais. Estes amantes do mundo presente se colocam em posição de ensinar aos outros os caminhos de Deus quando eles mesmos estão completamente cegos pelas paixões deste mundo: “Eles são do mundo [Gr. κόσμος (kósmos) s.m. mundo; fig. habitantes da terra, estilo de vida ímpio], por isso falam [Gr. λαλέω (laléo) v. falar, conversar, declarar] como quem é do mundo, e o mundo os ouve [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar]. Nós somos de Deus [Gr. θεός (Theós) s.m. Deus]; quem conhece [Gr. γινώσκω (guinósko) v. conhecer, saber; fig. ter relação sexual] a Deus nos ouve; quem não é de Deus não nos ouve. Assim é que conhecemos o espírito da verdade [Gr. Πνεύμα της Αληθείας (Pnevma tis alíthias) Espírito da verdade] e o espírito do erro [Gr. πνεύμα της πλάνης (pnevma tis planis) espírito do erro]” (1Jo 4:5-6. Ver também Mat 15:14). E o espírito do erro é aquele que recusa a ser fiel aos ensinos de Cristo, preferindo ensinar aquilo que agrada os ouvidos daqueles que pagam os seus salários. O espírito da verdade é aquele que se limita a ensinar aquilo que o Espírito Santo veio nos lembrar: “Mas o Ajudador [Gr. παράκλητος (paráklitos) s.m. advogado, mediador, intercessor, ajudador; tit.div. Espírito Santo], o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará [Gr. διδάσκω (didásko) v. ensinar, instruir, explicar] todas as coisas, e vos fará lembrar [Gr. υπομιμνήσκω (ipomimnísko) v. trazer à lembrança, recordar] de tudo quanto eu vos tenho dito” (João 14:26). Ou seja, a função do líder não é ensinar aquilo que agrada aos seus ouvintes, nem ainda aquilo que ele acha que é certo, mas sim aquilo que Jesus nos ensinou. “Nem queirais ser chamados mestres [Gr. καθηγητής (kathiytis) s.m. professor, instrutor]; porque um só é o vosso Mestre, que é o Messias” (Mat 23:10).
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A Culpabilidade de Todos na Desobediência à Lei de Deus
Embora não resta dúvidas que os nossos líderes carnais são em grande parte os culpados por esta vergonha em que se encontra a família cristã nestes últimos dias, os irmãos e irmãs não são de maneira nenhuma inocentes. De fato, vemos em vários lugares nas Escrituras Sagradas que Deus condena tanto os líderes rebeldes como os seus ouvintes e seguidores: “Acaso não hei de trazer o castigo por causa destas coisas? Diz o senhor; ou não hei de me vingar de uma nação como esta? Coisa espantosa e horrenda tem-se feito na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam por intermédio deles; e o meu povo assim o deseja” (Jer 5:29-31). Isto ocorre porque quase sempre o indivíduo ouve e segue os líderes que ensinam aquilo que ele quer ouvir e que aceitam o seu estilo de vida pecaminoso (2Tim 4:3). Este mesmo indivíduo, quase sempre também, quer distância dos ensinos que se firmam nas palavras de santidade e obediência que saem dos lábios de Jesus (João 8:42).
O Trabalho do Espírito Santo em Abrir os Nossos Olhos Espirituais
Queridos, para encerrar este estudo, retornemos ao que foi mencionado acima, que é a necessidade de se ter a nossa mente voltada para aquilo que é eterno e não para aquilo que é passageiro. Digo por experiência própria, quando acostumamos a nossa mente a ter como foco as coisas do alto, naturalmente começamos a desenvolver um senso de realidade para com as coisas deste mundo. De fato, não existe nada de surpreendente quanto a isto, pois uma das funções do Espírito Santo é exatamente abrir os nossos olhos para as coisas espirituais (João 14:26; 1Co 2:10-11). Ao vermos as coisas como elas realmente são, situações como o adultério no casamento, ou o divórcio, ou o novo casamento, assumem o seu correto valor, e somos assim mais capacitados para lidar com elas de uma forma realista, desapaixonada e acima de tudo, de uma forma que Deus aprova; e não só aprova como também de uma forma que Ele possa nos abençoar à medida que abandonamos os nossos desejos e nos concentramos em fazer apenas o desejo do Pai, assim como Jesus o fazia (João 4:34). Adultério, divórcio e novo casamento são de fato experiências difíceis para quem se vê envolvido em tais situações, mas lhe garanto que se o seu coração estiver decidido a fazer tudo aquilo que o Espírito Santo lhes guiar, ainda que doa, o Senhor estará contigo durante toda a caminhada. Por mais escura que a estrada possa parecer, o nosso amado Jesus estará do seu lado, lhe dirigindo e lhe consolando: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte [Heb. צלמות (sall-mávet) profundas trevas], não temeria mal [Heb. רע (raá) adj. mal, ruim] algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam [Heb. נחם (nirrâm) v. confortar, consolar-se, arrepender]” (Sal 23:4). Espero te ver no céu.
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