O Sermão da Montanha: Estudo Nº 40: Os Nossos Inimigos: Ser Perfeitos Como Deus

Pasto de uma fazendo com alguma neve no chão e montanhas ao fundo. Texto diz: Ao esperar que sejamos perfeitos como Ele o é, o Senhor está nos protegendo de todo o tipo de maldade que existe neste mundo.

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O Sermão da Montanha (O Sermão do Monte) – Ser Perfeitos Como Deus

Mateus 5:48 Estudo Bíblico e Comentário Bíblico Nº 40 da série

Por Markus DaSilva, Th.D.

Terminando o capítulo cinco do evangelho segundo Mateus, no versículo 48 Jesus apresenta a conclusão do seu mandamento sobre amar os nossos inimigos que nos foi dado no Sermão da Montanha: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial” (Mat 5:48). A princípio, esta ordem que Jesus nos deu soa como algo completamente impossível de ser obedecido porque sabemos muito bem o quão imperfeito somos. Se Jesus tivesse nos instruído a sermos perfeitos como os seus apóstolos, ou como os nossos pastores, anciãos, presbíteros, diáconos, equipe de louvor, irmãs do círculo de oração e outros queridos irmãos e irmãs da igreja, ainda assim nos sentiríamos intimidados, mas ser perfeitos como Deus nos faz sentir completamente desconectados com as palavras de Cristo. Sim, nos sentimos como se Jesus estava se dirigindo a um grupo de super-humanos, uma elite espiritual da qual definitivamente não fazemos parte.

“A ideia que tantos líderes carnais têm pregado nestes últimos dias de que Deus não espera nenhuma perfeição no comportamento dos seus servos, é completamente estranha às Escrituras.”

As Palavras de Jesus Foram Direcionadas a Todos Nós.

A realidade, porém, é que as palavras de Jesus no Sermão do Monte — e em toda a Bíblia — são direcionadas a mim e a você. Esta é uma das grandes maravilhas do evangelho de Cristo: o fato de que a principal audiência de Jesus eram homens e mulheres simples: camponeses, pastores de ovelhas, pescadores, donas de casa… pessoas comuns, sem pedigree, assim como todos nós (Mat 11:25). Se Jesus nos disse que devemos ser perfeitos no tratamento dos nossos semelhantes, assim como Deus é perfeito no seu tratamento das suas criaturas, então sabemos que temos que parar, meditar e reconsiderar a maneira que até aqui temos nos relacionados com os outros seres humanos, e de uma forma especial com aqueles que consideramos nossos inimigos.

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Em Toda a Bíblia Somos Chamados à Perfeição

Devo mencionar aqui que muito embora o contexto deste versículo do Sermão do Monte relatado por Mateus é a maneira que tratamos os nossos inimigos, a Palavra de Deus é clara que como seus filhos devemos almejar a perfeição do nosso Pai em tudo aquilo que somos. Este é um mandamento antigo e que sempre fez parte das instruções de Deus para que sejamos salvos e obtenhamos a vida eterna: “Quando Abrão tinha noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová, Javé] e lhe disse: Eu sou o Deus Todo-Poderoso [Heb. אל שדי (El Shadday) np.div. Deus Todo-Poderoso]; anda em minha presença, e sê perfeito [Heb. תמים (kamimm) adj. completo, perfeito, sem faltas]” (Gen 17:1. Ver também Lev 19:2; Lucas 6:36; Mat 19:21). O apóstolo Paulo sumarizou bem este princípio ao nos escrever: “o qual nós anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito [Gr. τέλειος (télios) adj. perfeito, completo] em Cristo” (Col 1:28). A ideia que tantos líderes carnais têm pregado nestes últimos dias de que Deus não espera nenhuma perfeição no comportamento dos seus servos, é completamente estranha às Escrituras e possuem como principal objetivo cancelar as palavras de salvação que saíram dos lábios de Cristo; e toda a mensagem que contradiz as palavras de Cristo é a mensagem do anticristo: “Filhinhos [Gr. παιδίον (pedíon) s.n. criança, criancinha; fig. pessoa inocente, simples], esta é a última hora [Gr. εσχάτη ώρα (esrrati ora) exp.idio. última hora]; e, conforme ouvistes que vem o anticristo [Gr. αντίχριστος (antícristos) s.m. anticristo; quem se opõe a Cristo], já muitos anticristos se têm levantado [Gr. γίνομαι (guínome) v.  tornar-se, surgir, ser feito; aparecer]; por onde conhecemos que é a última hora” (1Jo 2:18).

Devemos Ser Agradecidos Que Deus é Bondoso Para os Bons e Maus

Uma boa notícia neste mandamento de Jesus sobre tratarmos as pessoas da forma perfeita que Deus nos trata é que o Senhor não nos deixa na dúvida sobre como isso deve ser feito: “Porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos” (Mat 5:45). Ou seja, por enquanto, e até que venha o juízo final (Mat 13:24-30), Deus não diferencia por completo as pessoas boas das pessoas más na forma que elas são tratadas. Se Ele o fizesse, os bons apenas receberiam coisas boas e os maus apenas coisas más. A princípio, podemos achar que não existe muita justiça nessa forma de agir e de que o certo seria que o homem mau recebesse o mal, para que assim ele aprendesse uma lição e nós que somos bons, recebêssemos só bênçãos como um incentivo pela “nossa bondade”. Este tipo de raciocínio, no entanto, desconsidera dois pontos importantes: primeiro, é que quando lembramos do nosso passado, temos que reconhecer que nem sempre fomos bonzinhos. Se nos nossos dias maus, Deus tivesse nos dado o que merecíamos, muitos de nós — se não todos nós — teríamos sido fulminados e não estaríamos aqui para pregar o evangelho do arrependimento, perdão e salvação (2Pe 3:9). E segundo, é que essa aparente bondade que vemos em nós, se trata de bondade humana, cheia de exigências, inconstâncias e de forma alguma incondicional. Há pouco tempo, minha esposa me lembrou do conhecido ditado que existe uma linha bem fina que separa o amor do ódio. Esta verdade pode ser facilmente comprovada quando observamos o alto número de divórcio entre cristãos nestes últimos dias. Lembrando que a maioria desses ex-casais prometeu diante de Deus que seguiria se amando até que a morte os separasse. Sim, irmãos, devemos ser muito agradecidos que Deus é bom tanto para justos como para injustos.

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Temos Que Nos Elevar Acima dos Sentimentos Pessoais

Uma característica da maneira que Deus trata as pessoas, e que é fundamental que aprendamos, é a sua visão ampla deste mundo. Sim, obviamente Deus é Deus, e conhece o fim desde o começo (Isa 46:10) enquanto nós somos seres humanos e apenas vemos o presente, mas temos que reconhecer o fato de que as coisas mudam com o tempo e junto com as coisas muitas pessoas também mudam. Todos nós conhecemos irmãos e irmãs que são fiéis obreiros de Deus no presente, mas que no passado estavam completamente atolados no mundo do pecado: “o fariseu que o convidou falava consigo, dizendo: Se este homem fosse profeta [Gr. προφητης (profítis) s.m. profeta], saberia quem e de que qualidade é essa mulher que o toca, pois é uma pecadora [Gr. αμαρτωλός (amartolós) adv. pecador, mundano, rebelde, malvado]… como recompensa [Gr. χάρις (rráris) s.f. mérito, graça, favor, crédito, agrado, bondade], eu lhe digo: perdoados [Gr. αφίημι (afiíme) v. perdoar, deixar, enviar, permitir] lhe são os pecados, que são muitos; porque ela muito amou [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar]; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama (Lucas 7:39,47).

O Caráter Passageiro Dessa Vida

Seguir o exemplo de Deus, no entanto, não se limita a ver a bondade em potencial de todo o ser humano, mas também em entender que o foco do Senhor é bem menos a nossa imperfeita felicidade nestes rápidos anos que passamos aqui neste vale de lágrimas e bem mais a nossa felicidade perfeita e eterna junto a Jesus na nossa residência permanente no Céu. Esse entendimento é fundamental para sabermos como lidar com as pessoas que nos maltratam. Aliás, aceitar a realidade do caráter passageiro dessa vida é fundamental em todas as áreas na nossa caminhada com Jesus. É somente aceitando que a qualquer momento deixaremos este mundo que conseguiremos focar naquilo que realmente importa: a vida eterna.

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Devemos Procurar Entender o Porquê Algumas Pessoas São Más

Parte de possuir uma visão mais ampla desse mundo inclui procurar entender o porquê as pessoas são o que são. É bom esclarecer logo de cara que não estou tentando justificar a maldade dos homens, mas apenas reconhecer o fato de que todos nós somos pelo menos em parte frutos do nosso ambiente e carga hereditária. Além do que, em diferentes graus, todos nós possuímos a assinatura do mal no nosso DNA, independentemente do ambiente que crescemos, o que significa que todos nós precisamos da misericórdia de Deus: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne [Gr. σάρξ (sárks) s.f. carne; fig. ser humano, natureza humana], não habita bem algum” (Rom 7:18).

Infelizmente somos frequentemente forçados a nos relacionar com pessoas que já trazem consigo um longo e pesado histórico de maldade; histórico que em muitos casos se estende por gerações. Sabemos muito bem que pessoas que cresceram em ambientes abusivos tendem a perpetuar a má experiência e seguem sendo abusivas com os outros, e nós, que muitas vezes não temos nada a ver com a história, acabamos sendo uma das suas vítimas. Isso ocorre frequentemente no trabalho, na escola, na igreja, com os nossos vizinhos e com as pessoas que entram na família através de casamentos. Todos nós conhecemos pessoas que odeiam e são odiadas por sogros, genros, padrastos, cunhados… etc. Muitas delas trazem consigo o mal hereditário. A propósito, devo mencionar aqui que essa é uma das principais razões que Deus proibia que os israelitas se casassem com os povos vizinhos: “não casarás com os povos vizinhos; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos” (Deut 7:3).

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A Carga Hereditária do Mal

Estar conscientes do mal hereditário que muitos dos nossos inimigos carregam nas costas nos ajuda em vários importantes pontos: primeiro, que devemos ser agradecidos ao Senhor que nos livrou dessa horrível carga. Segundo, que devemos ser mais misericordiosos com estas pessoas. Terceiro, que o mal que recebemos delas não são direcionados exclusivamente a nós, mas a todos que intencionalmente ou não cruzam os seus caminhos. E por último, que elas já trazem em si mesmas a punição decorrente da forma que agem. Lidaremos com estes pontos a seguir.

Devemos Ser Agradecidos Porque Deus Nos Salvou do Mundo da Maldade

Um dos grandes mistérios da vida é o fato de que as pessoas possuem diferentes fardos a carregar. Esta é uma verdade que se aplica a todas as áreas da vida. Algumas pessoas são excepcionalmente saudáveis, enquanto outras lutam com todos os tipos de enfermidades desde o berço; umas já nascem ricas, enquanto outras levam uma vida financeiramente difícil; umas nascem e crescem em ambientes de amor e carinho, enquanto outras em locais tóxicos, violentos e abusivos. Independentemente de como foi ou de como é a nossa situação, a realidade é que sempre existem aqueles que estão em condições melhores ou piores do que a nossa. Não somos Deus para saber o porquê uma está nesta condição e a outra naquela, mas sabemos que existe uma lógica divina muito além do nosso entendimento. Como servos de Deus, devemos ser agradecidos que apesar de tudo o que já passamos e passaremos, Ele na sua bondade nos separou e nos santificou e nos edificou uma morada ao seu lado que muito em breve receberemos como herança. Que sejamos misericordiosos com aqueles que não receberam a bênção de um novo coração (Eze 36:26), e da salvação em Cristo (João 6:44), e que continuam vivendo como escravos da ilusão e aguardando o final que espera os amantes do mal e do pecado. Sempre lembrando que no passado também vivíamos como eles atualmente vivem (Tito 3:3; 2Cor 5:17).

O Homem Mau Está Sempre a Procura de uma Vítima

O homem mau é mau com todos. Muitas vezes imaginamos que a maldade que recebemos dos outros é um mal que por algum motivo veio apenas sobre nós, mas a realidade é que a pessoa má expressa a sua maldade sempre que surge uma oportunidade, e desde que uma retribuição lhe pareça improvável, pois a pessoa má frequentemente também é medrosa e covarde. Sim, o homem mau agirá maldosamente sempre que lhe for conveniente. Hoje podemos ser o seu alvo, mas amanhã será um outro alguém. O coração mau nunca descansa, mas está sempre preparado para exercer a sua maldade nas menores das provocações e muitas vezes em vítimas que nem sabem o porquê estão sendo atacadas. Esta verdade pode ser facilmente confirmada nos frequentes casos de violência de trânsito que se vê nos nossos dias. Mais uma vez, devemos ser muito agradecidos ao Senhor que nos transformou e nos livrou de possuir um coração voltado continuamente para a maldade.

A Pessoa Má é Infeliz Aqui e na Vida Futura

A pessoa má não é feliz e a razão disso é que ela subsiste de algo ilusório. Alguns anos atrás em um outro estudo, explicamos que o mal é um sentimento falso. Explicamos que assim como as trevas é simplesmente a ausência da luz, o mal é na realidade a ausência do bem. Deus não criou o mal, apenas o bem. À medida que Satanás e posteriormente o homem optou por se distanciar de Deus, que é a única fonte de bem, o mal se manifestou e seguirá se manifestando até o fim deste mundo. O Diabo, seus demônios e seus parceiros humanos, são os seres mais infelizes do universo. Não existe sequer uma gota de felicidade à parte de Deus e Deus não se encontra onde o mal se manifesta. Acreditem, a pessoa má já está sofrendo hoje mesmo a agonia do inferno. No juízo final, ela apenas seguirá recebendo o tormento eterno que está acostumada (Mat 25:41).

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Sendo Perfeitos Como o Nosso Pai

Queridos, devemos ser perfeitos assim como o nosso Pai no Céu é perfeito. Este mandamento que Jesus nos deu no Sermão da Montanha  não deve de forma alguma nos pegar de surpresa, pois o que todo o bom pai espera dos seus filhos senão que eles também sejam bons? Ao esperar que sejamos perfeitos como Ele o é, o Senhor está nos protegendo de todo o tipo de maldade que existe neste mundo (João 16:33). Devemos entender, no entanto, que enquanto a perfeição de Deus é inerente e imutável, a nossa precisa ser procurada e exercitada (Tiago 1:4; 1Jo 2:5). Deus é a própria perfeição (Sal 18:30), assim como Ele é a própria vida, a própria luz e o próprio amor. Aos seres humanos, por outro lado, foi dado o livre arbítrio que nos permite rejeitar ou almejar a perfeição do Criador. Aqueles que procuram a perfeição se aproximam cada vez mais do Senhor e se tornam filhos de Deus (Mat 5:45), enquanto aqueles que rejeitam se distanciam mais e mais da fonte da perfeição e se tornam filhos das trevas (Efe 5:8; Mat 25:30). Quanto aos nossos inimigos, eles são carentes de tudo aquilo que já temos; estamos cheios de todas as bênçãos, eles são os mais pobres dos pobres. Nossos inimigos são merecedores da nossa compaixão, perdão e bondade. Espero te ver no céu.
 
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