O Sermão da Montanha (Sermão do Monte): Estudo Nº 68: Resposta às Orações: Buscai, e Achareis

Imagem de um barco vermelho em um lago, ilustrando o texto sobre o sermão da montanha

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O Sermão da Montanha (O Sermão do Monte) – Oração: Buscai, e achareis

Mateus 7:7-11 Estudo Bíblico e Comentário Bíblico Nº 68

Por Markus DaSilva, Th.D.

Regularmente recebemos pedidos de oração vindo dos nossos leitores espalhados pelo mundo. Todos os pedidos são levados ao Senhor no mesmo dia que recebemos. Alguns leitores são bem sucintos quanto ao que querem de Deus, enquanto outros são bem longos, com pedidos bem elaborados, citando detalhe por detalhe o motivo que precisam que Deus responda às suas orações. Independentemente do tamanho do pedido, algo que sabemos que todos precisam é direção. No estudo anterior da série sobre o Sermão da Montanha, mencionamos que existe um processo criado por Deus para dar aos seus filhos aquilo que eles lhe pedem em oração. Este processo consiste de três passos, ou três fases: pedir, buscar e bater: “Pedi [Gr. αιτέω (etéo)], e dar-se-vos-á; buscai [Gr. ζητέω (zitéo)], e achareis; batei [Gr. κρούω (krúo)] e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, se abre. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhes pedirem?” (Mat 7:7-11).

“Se Deus permitisse que apenas coisas boas acontecessem conosco, sem que pedíssemos para ele interferir, então não seríamos realmente seres livres.”

Por Que Jesus Nos Deu Três Passos Para Obtermos Uma Resposta?

Conforme já mencionamos no estudo anterior sobre este segmento do Sermão da Montanha, podemos ver um progresso que vai do passo mais básico que é o pedir por aquilo que precisamos, seguido do buscar a resposta da oração de acordo com a direção que nos é dada, e terminando no bater, quando achamos a porta que dá acesso ao que precisamos. Neste estudo exploraremos o segundo passo para que o discípulo de Jesus receba aquilo que procura que é a busca. Ou seja, o servo de Cristo já pediu e como resultado do seu pedido o Senhor lhe deu a direção que ele deve seguir em busca daquilo que necessita. Finalmente, no terceiro estudo do bloco abordaremos o que Jesus quis dizer com o bater para que a porta seja aberta e tenhamos aquilo que buscamos. A princípio esse processo de três fases pode parecer muito complicado para alguns, pois imaginam que Deus poderia simplesmente dar aquilo que pedimos assim que o pedido for feito. Ou seja, por que não simplesmente o “Pedi, e dar-se-vos-á”? Por que além de pedir temos também que buscar e bater? A resposta é simplesmente porque geralmente não sabemos exatamente o que realmente precisamos. Nós temos um desejo, ou uma necessidade, e baseado nisso expressamos a Deus o que queremos que ele nos dê para que fiquemos felizes, mas a realidade é que devido às nossas limitações, a solução que apresentamos a Deus é sujeita a falhas, pois reflete a nossa visão curta das pessoas e dos fatos que nos envolvem. Deus considera seriamente aquilo que pedimos e atenderá o nosso pedido: “Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa felicidade [Gr. χαρά (rrará) s.f. alegria, felicidade] se complete [Gr. πληρόω (pliró) v. completar, encher, lotar]” (João 16:24). O Senhor, no entanto, não pode simplesmente responder positivamente de uma forma imediata quando ele vê que estamos pedindo pela coisa errada ou no momento errado e que se recebermos o que pedimos tal qual pedimos não ficaremos felizes como esperávamos.

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As Nossas Limitações Sobre o Futuro

Não conhecemos o futuro e não sabemos o que nos espera. Todas as nossas ideias de como as coisas irão se desenvolver no amanhã são apenas baseadas na esperança de que os eventos e as pessoas envolvidas se comportarão de uma forma tal a contribuir para que sejamos felizes no amanhã. Ou seja, não temos certeza que de fato tudo terminará bem porque simplesmente não temos como controlar os eventos e muito menos as pessoas. Em se tratando de pessoas, devemos considerar uma outra verdade que é a nossa incapacidade de saber o que realmente se passa na vida das pessoas com quem relacionamos, pois muitas simplesmente mentem descaradamente sobre quem elas são para conseguirem o que querem, enquanto outras vivem elas mesmas em um ambiente de engano, e assim mentem não só para os outros, mas também para si mesmas. Quando nos envolvemos com estas pessoas é certo que apenas sofrimentos nos aguardam. O profeta Jeremias tocou neste ponto quando nos escreveu: “Assim diz o Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová, Javé]: Maldito o indivíduo que confia no homem [Heb. אדם (adam) s.m. homem, pessoa, ser humano], e se apoia em seres humanos, e aparta o seu coração [Heb. לב (lêv) s.m. coração; fig. alma, mente, caráter] do Senhor!” (Jer 17:5). E em se tratando de eventos futuros que mudam completamente a nossa vida e que apenas Deus o conhece, basta considerarmos o que ocorreu no mundo inteiro com a chegada do COVID-19. Quem de nós esperávamos que os anos de 2020 e 2021 seriam anos tão diferentes, e que mudariam tanto os nossos planos? Apenas o nosso Pai: “no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles” (Sal 139:16).

Exemplos de Pedidos de Oração Que Levam ao Sofrimento

Seja porque não sabemos dos eventos futuros ou porque não sabemos quem de fato são as pessoas que nos rodeiam, teremos que nos apoiar no conhecimento de Deus quando pedimos algo em oração. Vejamos alguns exemplos de pedidos de oração que precisamos da direção que apenas Deus pode nos dar.

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O primeiro exemplo: O pedido de uma irmã da igreja que Deus abra o caminho para que ela possa casar com o seu namorado parece bom aos seus olhos, mas ela não sabe que este rapaz está preso na prisão satânica da pornografia por anos e que isto trará grande sofrimento para ela e os seus filhos no futuro. Já recebemos vários pedidos de oração de pessoas, na sua maioria mulheres, que se tratava exatamente deste sério problema. Elas não sabiam que ainda durante o namoro o seu futuro marido não conseguia ficar sem se satisfazer com este tipo de lixo. Não sabiam, porque eles nunca foram honestos para elas que precisavam primeiro se ver livre deste vício para então pensar em casar. Sem contar aqueles que casaram na ilusão que o casamento seria a solução para o problema, mas obviamente, sem mencionar o fato para a namorada. [Acesse estudo completo sobre libertação de vícios sexuais].

O Segundo exemplo: O pedido de um irmão da igreja que Deus o abençoe na sua ideia de investir em um projeto ou negócio que está indo muito bem na cidade parece bom aos seus olhos, mas ele não sabe que daqui a alguns meses este mesmo negócio irá à falência e levará à ruína todas as pessoas envolvidas. Já recebemos vários pedidos de oração referentes a casos assim. As pessoas são enganadas pela aparência que um determinado projeto seguirá dando lucro a todas as pessoas envolvidas. Veem os carros que estão dirigindo, as casas onde moram, as escolas que suas crianças frequentam e os passeios de férias, e assim deduzem que se entrarem no negócio tudo será maravilhoso com eles também. Infelizmente muitos são facilmente iludidos com este tipo de mentalidade e às vezes até mesmo um alerta de cautela de quem já está envolvido não adianta, pois a pessoa pensará que o alerta foi dado por egoísmo, e mesmo assim seguirá adiante com o plano.

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A Oração, os Nossos Desejos e o Livre Arbítrio

Parte de sermos criaturas com o livre arbítrio é sermos livres para escolhermos qualquer solução que queiramos para os nossos desejos e problemas, mesmo que na realidade a nossa escolha nos traga mais problemas do que solução. Se Deus permitisse que apenas coisas boas acontecessem conosco, sem que pedíssemos para ele interferir, então não seríamos realmente seres livres. É neste sentido que precisamos orar e pedir que Deus nos dê aquilo que precisamos e que solucione os nossos problemas, porque reconhecemos sermos incapazes de tomarmos as decisões que de fato nos farão felizes. Ou seja, quando pedimos em oração que Deus nos ajude, e aguardamos a sua resposta, estamos exercitando o nosso livre arbítrio de uma maneira sábia e humilde. Este tipo de cristão é o que mais se beneficia de um relacionamento Pai e filho, e são as pessoas mais felizes da terra.

Os Caminhos Que Surgem na Vida

No nosso caminhar nesta vida estamos sempre deparando com possíveis opções, ou direções que podemos seguir. Muitas destas direções procedem da nossa própria mente; do nosso próprio entendimento e frequentemente não são baseadas na realidade da vida, mas apenas em desejos ilusórios e como consequência no final só nos trará mais sofrimentos. Outra fonte de soluções enganosas é Satanás e a força espiritual do mal, que utilizando do poder sobrenatural de persuasão que possuem sobre os seres humanos, convencem facilmente as pessoas a tomarem decisões erradas e que terminarão em sofrimento e lágrimas, mas que inicialmente sempre parecem corretas e que terão excelentes resultados. Quando pedimos a Deus em oração que ele intervenha na nossa vida, estamos pedindo que ele nos mostre o caminho que ele tem para nós e que nos dê forças para seguirmos na direção correta todos os dias até obtermos aquilo que desejamos. Notemos que uma das maneiras que Deus trabalha com os seres humano é não somente mostrando o caminho que devemos seguir, mas também indo adiante e endireitando ou aplainando o terreno, conforme foi prometido ao rei Ciro: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão; eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortos” (Isa 45:1-2).

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Buscai e Achareis

A promessa de Jesus é que acharemos aquilo que buscamos, mas antes de achar teremos que buscar. É importante entender que Jesus não está simplesmente dizendo que devemos perseverar e ir atrás das coisas que queremos, como alguns palestrantes motivacionais o faz. Não existe nada de especial e nenhuma recompensa por parte de Deus simplesmente porque o cristão é uma pessoa corajosa ou destemida ou resoluta, e que não desiste até conseguir aquilo que quer, não, de forma alguma. O buscar de Jesus significa uma disposição em caminhar na direção que Deus nos mostra, ainda que esta não seja a direção que realmente gostaríamos de seguir. Em outras palavras, o ponto chave de “Buscai e achareis” não é apenas o buscar, mas o buscar na direção vinda de Deus. Seguir em uma direção contrária à que queremos não é para os fracos porque exige fé. Os cristãos que não têm fé, ou têm pouca fé, frequentemente oram a Deus sobre uma determinada situação, mas nem sequer esperam para ouvir qual é a direção de Deus sobre o problema e seguem por caminhos que eles mesmos criam, imaginando que simplesmente pelo fato de terem orado Deus os abençoará. Este tipo de comportamento tão comum nas igrejas é a causa de muitas lágrimas entre os irmãos. Isso foi o que Salomão quis dizer quando escreveu: “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à morte [Heb. מות (mávet) s.m. morte, morrer, morto]” (Prov 14:12).

A Busca e o Tempo de Deus

Outro ponto importante sobre buscarmos no caminho que Deus nos mostra e não no nosso próprio tem a ver com o tempo de Deus (Sal 27:14; Isa 40:31; Lam 3:25-26). Esta verdade comprova a sabedoria de Jesus em nos dizer que temos que buscar para achar. Certas coisas que eu e a minha esposa buscamos em oração são achadas em questão de dias enquanto outras demoraram anos até que achamos. Por exemplo, várias vezes oramos a Deus sobre problemas ligados à saúde ou finanças cuja resposta de Deus é simplesmente que esperemos alguns dias antes de fazer qualquer coisa e de fato poucos dias depois tudo se resolve positivamente, sem darmos um passo. Por outro lado, já tivemos situações em que o caminhar na direção que Deus nos deu durou anos, mas também no final recebemos dele o que queríamos. [Acesse o estudo sobre o homem e o tempo].

A Persistência na Oração: Duas Parábolas

Jesus nos deu duas parábolas para ilustrar a importância de persistimos em oração: a do juiz iníquo (Luc 18:1-8) e a do amigo que não queria ser incomodado (Luc 11:5-13). As duas são parábolas comparativas e não exemplificativas. Em outras palavras, Jesus compara a atitude dos dois com Deus, nos ensinando que se estas pessoas, sendo más, atenderam àqueles que os importunavam, imaginem o Pai que é bondoso e tanto nos ama? O poder da persistência se encontra na humildade de quem clama, nós os filhos, e na misericórdia de quem responde, Deus o Pai (Rom 8:32). Devemos entender que oração envolve o contraste entre um ser carente e ignorante interagindo com um ser onipotente e onisciente (Sal 102:19-20). Sendo assim, quando ocorre um atraso no nosso pedido devemos procurar uma explicação que se enquadre nesta realidade. O motivo que Deus quer que sejamos persistentes na oração é porque é assim que mostramos que não temos nenhuma outra fonte de socorro a não ser o nosso Pai: “E disse o estranho a Jacó: Deixa-me ir, porque já está amanhecendo. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se me não abençoares” (Gen 32:26).

Se Buscarmos na Direção Correta Encontraremos a Porta Correta

No próximo estudo teremos a conclusão deste segmento do Sermão da Montanha no qual Jesus nos diz que se batermos a porta será aberta. No momento, quero apenas chamar a sua atenção para o fato de que todos os três passos que temos que dar para uma resposta positiva às nossas orações exigem ação da nossa parte: o ato de pedir, o ato de buscar, e, finalmente, o ato de bater (João 13:17; Tiago 1:22). Isto quer dizer que se mantermos os nossos desejos internamente e não os revelarmos a Deus, não temos ninguém a culpar pelos fracassos senão a nós mesmos. Certamente que Deus conhece os nossos desejos mesmo que não os apresentemos quando oramos, mas no mero fato de mencionar aquilo que gostaríamos de ter já estamos pondo a nossa fé em prática e cumprindo o mandamento de Jesus. É estranho chamarmos essas palavras de Jesus sobre a oração de mandamento, mas a realidade é que Deus quer tanto nos ver felizes que nos dá uma ordem, na esperança que ao obedecermos receberemos o que pedimos e seremos completamente felizes. Que bênção é saber que mesmo neste vale de lágrimas em que temporariamente vivemos, o nosso Pai de fato se importa conosco: “Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa felicidade se complete” (João 16:24). Espero te ver no céu.
 

Acesse o esboço completo do Sermão da Montanha