O Sermão da Montanha (Sermão do Monte): Estudo Nº 67: Resposta às Orações: Pedi, e Dar-se-vos-á

Imagem de montanhas douradas com uma estrada sumindo no horizonte ilustrando o texto sobre o sermão do monte

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O Sermão da Montanha (O Sermão do Monte) – Oração: Pedi, e Dar-se-vos-á

Mateus 7:7-11 Estudo Bíblico e Comentário Bíblico Nº 67

Por Markus DaSilva, Th.D.

Salvo umas poucas pessoas que aceitaram a Cristo tão cedo na vida que nem se lembram quando foi — os chamados cristãos de berço — o homem típico deixa a vida antiga e vem para Jesus porque precisa de algo que ele pode dar. Este algo pode ser um sentido na vida para aqueles que estão desencantados com este mundo, como foi o meu caso; pode ser curas para enfermidades, como foi o caso da maioria das pessoas que procuravam a Jesus quando ele ainda se encontrava aqui na terra; pode ser solucionar dificuldades financeiras, ou problemas de relacionamentos… e muitas outras situações que sentimos que Jesus pode resolver para nós. Não existe nada de errado no fato de que havia um interesse pessoal quando viemos até a Cristo quando ainda estávamos perdidos nos nossos pecados. Na realidade, parte do motivo que o Messias foi enviado até a nós foi exatamente para nos aliviar de todos os problemas que enfrentamos nesta vida. Foi isso o que Jesus quis dizer com as palavras: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres (dificuldades financeiras); enviou-me para proclamar libertação aos cativos (vícios e mau hábitos), e restauração da vista aos cegos (enfermidades), para pôr em liberdade os oprimidos (problemas emocionais)” (Luc 4:18. Ver também: Isa 61:1).

“A razão que não pedimos com a frequência e com a persistência que deveríamos é porque nos falta visão espiritual.”

O Cristão Tem um Interesse Pessoal em se Manter Junto a Cristo

Mas além dos nossos problemas que foi o motivo inicial que procuramos a Jesus, temos também os problemas que sempre estão surgindo na vida [Acesse estudo:  Os Problemas do Dia a Dia] e que fazem com que nos apeguemos a Cristo, mesmo depois da nossa conversão. Da mesma forma que não há nada de errado no fato de que procuramos a Jesus inicialmente porque tínhamos um interesse pessoal neste encontro, também não há nada de errado nos mantermos junto a Cristo porque temos um interesse pessoal no relacionamento: “Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mat 11:28-30). Note que Jesus usou o presente do indicativo do verbo ser [Gr. ἐστιν (estin)]: “o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”, o que indica uma situação contínua, ocorrendo a todo o tempo. Se andarmos lado a lado com Jesus no nosso dia a dia ele não permitirá que sejamos sobrecarregados com as preocupações do mundo, pois trocamos a carga pesada do mundo pela leveza e suavidade que é o caminhar com o nosso Mestre. Jesus cuida de nós, da mesma forma que um bom pai cuida dos seus filhinhos. Aliás, conforme veremos neste e nos próximos dois estudos, o Senhor nos diz que o cuidado que ele tem conosco é muito superior ao cuidado dos pais com os filhos aqui na terra.

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Existe um Processo a Ser Seguido Para Recebermos Ajuda de Deus

Agora, neste segmento do Sermão da Montanha, Jesus nos ensina qual é o processo para que possamos receber tudo aquilo que precisamos na vida, à medida que caminhamos com ele: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, se abre. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhes pedirem?” (Mat 7:7-11). É importante entendermos que de fato existe um processo a ser seguido todas as vezes que precisamos de algo do nosso Mestre. Isto não é de se surpreender, pois até mesmo aqui na terra existe um processo a ser seguido quando um filho precisa de algo dos seus pais. Se um filho precisa de um livro para a escola, por exemplo, ele primeiro terá que mencionar o fato para o seu pai, terá que dar detalhes sobre o livro, como o seu título, autor e edição; terá que dizer quando ele precisa do livro, e outras coisas mais relacionadas à sua necessidade. Se o filho não iniciar e não der sequência ao processo e como resultado não adquirir o livro e for reprovado na matéria, ele não tem como culpar o seu pai pelo ocorrido.

As Três Fases do Processo da Oração Que Funciona

Jesus descreve três passos a serem dados pelos seus seguidores todas as vezes que precisarem de algo. Três verbos que expressam comando ou ordem: Pedir [Gr. αιτέω (etéo)], Buscar [Gr. ζητέω (zitéo)] e Bater [Gr. κρούω (krúo)]. Vemos então um progresso que vai do passo mais básico que é o pedir por aquilo que precisamos, seguido do buscar a resposta da oração de acordo com a direção que nos é dada, e terminando no bater, quando achamos a porta que dá acesso ao que precisamos. Neste estudo focaremos no primeiro passo que é o pedir, no próximo estudo lidaremos com o segundo passo que é o seguir na direção de Deus a procura da porta, e finalmente, no terceiro estudo do bloco abordaremos o que Jesus quis dizer com o bater para que a porta seja aberta e tenhamos aquilo que buscamos. A princípio esse processo de três fases pode parecer muito complicado para alguns, pois imaginam que Deus poderia simplesmente dar aquilo que pedimos assim que o pedido for feito. Ou seja, por que não simplesmente o “Pedi, e dar-se-vos-á”? Por que além de pedir temos também que buscar e bater?

A Sequência de Ações Que Levam à Resposta: Outras Interpretações

Existem outras duas possibilidades de entendermos esta passagem, mas o entendimento que descrevi acima e que exploraremos é o que faz mais sentido. Uma outra interpretação que alguns estudiosos defendem seria considerar as três ações como sinônimas. Ou seja, considerar que o pedir, o buscar e o bater são a mesma coisa e simplesmente significa que temos que orar para que Deus nos dê o que precisamos. Este entendimento é extremamente simplista e não explica a razão que uma boa parte daquilo que o cristão deseja receber de Deus nunca é dado, ainda que peça várias vezes em oração. Além do que o fato de Jesus usar a conjunção “e” [Gr. καί (ké)] conectando o resultado de cada ação, deixa claro que existem diferenças no ato de pedir, buscar e bater: “todo o que pede, recebe; e [Gr. καί (ké)] quem busca, acha; e [Gr. καί (ké)] ao que bate, abrir-se-lhe-á”.

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Uma outra possível interpretação é considerar cada um dos verbos como uma maneira, ou um estilo diferente de oração. Ou seja, algumas pessoas pedem e recebem; outras buscam e encontram e ainda outras batem e a porta se abre. Este entendimento, ainda que atrativo para alguns por possuir um tom filosófico e poético, não justifica a utilização de diferentes termos se o resultado de cada um deles for o mesmo, que é receber aquilo que pedimos. Além do que ninguém tem como explicar na prática como é a oração do cristão que pede, do que busca e do que bate.

Pedindo e Recebendo Aquilo Que Precisamos

Pedir é o primeiro passo e o básico dos básicos quando queremos que Deus nos dê aquilo que desejamos. É interessante que apesar de ser algo tão óbvio, Jesus repetidamente teve que mencionar o “pedir” para que os seus discípulos pudessem receber as bênçãos de Deus: “…e tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei” (João 14:13-14. Ver também: Mat 21:22; Mar 12:24; João 15:7; João 16:24). A razão que não pedimos com a frequência e com a persistência que deveríamos é porque nos falta visão espiritual. Enxergamos o mundo em que vivemos somente através do prisma físico, e como resultado natural também procuramos as soluções para os nossos problemas naquilo que os sentidos do corpo conseguem processar. À medida que crescemos em intimidade com Deus, no entanto, passamos a confiar menos nos olhos e mais na fé. Quando a fé cresce e amadurece, a situação se inverte, passamos a considerar os nossos problemas mais do ponto de vista espiritual e menos naquilo que os sentidos do corpo querem nos transmitir. Podemos ver claramente estas duas perspectivas opostas durante a tempestade que queria afundar o barco em que se encontravam Jesus e os seus apóstolos. Os apóstolos não entendiam como Jesus podia dormir durante um momento tão perigoso: “Mestre, não te importa que pereçamos?” (Mar 4:38); e Jesus não entendia a razão do pânico: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Mar 4:40). Ou seja, segundo Jesus, a fé que era baseada na perspectiva espiritual do evento natural que estava ocorrendo era superior à perspectiva física do mesmo evento. E ainda mais, os apóstolos foram repreendidos porque se deixaram levar por aquilo que os sentidos do corpo entendiam do evento. A tempestade era natural e no físico, mas o seu controle estava no sobrenatural e no espírito.

A Certeza de uma Resposta: Autoridade

Algo que devemos ter sempre em mente quando oramos é a autoridade e poder de Jesus. Quando pedimos algo a alguém a certeza de que seremos atendidos dependerá em grande parte da capacidade da pessoa em nos dar aquilo que pedimos. Tempos atrás, trabalhando para uma grande empresa sediada no estado de Minnesota, nos EUA, me recordo que pedi por uma mudança de posição e por um aumento salarial e graças as Deus recebi os dois. Quando decidi fazer o pedido eu sabia exatamente quem na empresa poderia me dar o que queria, que neste caso foi alguém (a minha supervisora) que tinha comunicação direta com o chefe de toda a sucursal. Ou seja, o chefe da minha chefe aprovou o meu pedido e o recursos humanos prontamente mudou o meu salário. Eu não perdi tempo fazendo o meu pedido a colegas que, por mais que gostassem de mim, não tinham autoridade para mudar a minha situação na companhia. Quando pedimos algo em oração em nome de Jesus sabemos que estamos apresentando o nosso pedido àquele que tem a mais alta autoridade junto ao Pai: “tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar” (João 16:23).

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A Certeza de uma Resposta: Boa Vontade

Voltando ao meu testemunho acima, além de saber qual era a pessoa que poderia me dar o aumento salarial que eu queria, eu também só fui adiante com a ideia do pedido porque eu já sabia que a minha supervisora gostava de mim, me valorizava como seu funcionário e não queria me perder. De fato, desde o momento que apresentei a ela o meu pedido de aumento pude observar que ela estava pessoalmente interessada em conseguir aquilo que eu pedi. Quando pedimos algo a alguém é muito importante saber que a pessoa tem boa vontade em nos dar aquilo que pedimos. Este conhecimento nos faz ficar tranquilos e confiantes que no que depender da pessoa aquilo que pedimos não nos será negado. No mundo espiritual não é diferente, e foi por isso que Jesus em vários lugares e de várias maneiras quis deixar bem claro que se interessa em nos dar tudo aquilo que lhe pedimos, conforme lemos na continuação do versículo acima: “Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa felicidade [Gr. χαρά (rrará) s.f. alegria, felicidade] se complete [Gr. πληρόω (pliró) v. completar, encher, lotar]” (João 16:24). Com estas palavras confirmamos que a razão que o Pai nos dará tudo aquilo que pedimos é porque ele deseja que sejamos completamente felizes. Ou seja, esta boa vontade de Jesus e do Pai em nos dar aquilo que pedimos é exatamente o conhecimento que precisamos para nos animar a seguir adiante com o nosso pedido.

A Carência dos Filhos de Deus

Jesus e o Pai não querem que sejamos apenas parcialmente felizes, mas sim que a nossa felicidade seja completa. Quando conectamos o começo deste verso (até agora, nada pedistes) com o seu fim (a vossa felicidade se complete), podemos ver que a maneira que o Pai intenciona completar a nossa felicidade aqui na terra é respondendo positivamente àquilo que lhe pedimos. Esta é uma revelação incrível porque frequentemente imaginamos que Deus não está muito a par das coisas que gostaríamos de ter, ou que ele está a par, mas que simplesmente ignora os nossos desejos e nos dá qualquer coisa que queira. Para ilustrar o que quero dizer, imaginem que eu tenho um tio bilionário, mas excêntrico e imaginem que pedi a ele um carro novo de Natal e ele como resposta ao meu pedido me mandou uma linda lancha com um bilhete dizendo que leu e entendeu o meu pedido, mas pensou e decidiu que o que realmente preciso é de uma boa lancha. Agradeço o presente, coloco a lancha em cima de alguns tijolos no quintal e fico na esperança que um dia chova o suficiente para poder usufruir da resposta ao meu pedido. O que o meu rico e bondoso tio me deu, não me deixou feliz. Este é o entendimento errado que muitos tem de Deus e que acaba eliminando ou diminuindo a sua expectativa de que receberão aquilo que pediu. E o pior, por causa desta visão distorcida eles não abrem o coração a Deus, oram pouco e com desânimo porque, já, de antemão, entendem que não receberão o que realmente querem. Notem, no entanto, que sempre que Jesus nos ensina sobre a oração ele faz questão de dizer que receberemos aquilo que pedimos (Mat 18:19; Mat 21:22; Mar 11:24; João 14:13; João 15:11; João 16:24). Ou seja, se orarmos com entendimento (explicaremos isso mais abaixo) não existe a possibilidade de que Deus nos dará algo completamente diferente e que deixa a desejar, como foi o caso da minha ilustração do tio rico.

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Pedi, e Dar-se-vos-á

Queridos, o primeiro passo para obtermos tudo aquilo que desejamos de Deus é simplesmente pedir com fé. Não se desanimem quando digo que devemos pedir com fé, pensando que infelizmente vocês não têm muita fé e por isso não receberão de Deus o que querem. Pedir com fé é o mesmo que pedir com entendimento. Muitos não recebem o que pedem em oração porque pedem sem entendimento, sem considerar todos os fatos, sem levar em consideração que Deus sabe de coisas que não sabemos. Quando pedimos algo a Deus devemos reconhecer que a nossa visão é muito limitada e assim deixar que Deus nos dê aquilo que pedimos, mas na maneira que ele achar melhor, cientes de que quando o nosso pedido for atendido ficaremos completamente felizes com a maneira que o Senhor respondeu. Ou seja, 1) Deus não nos dará como resposta algo inferior ao que pedimos. 2) Deus não nos dará exatamente o que pedimos se ele souber que passado um tempo mudaremos de ideia e não queremos mais o que ele nos deu. Não, se pedimos com fé (entendimento) no final reconheceremos que o que pedimos nos foi dado de tal forma que ficamos completamente felizes com a resposta. Os muitos detalhes que envolve uma perfeita resposta à oração é algo que só Deus consegue saber e é por isso que temos que pedir com entendimento.

Buscai e Achareis

No próximo estudo da série sobre o Sermão da Montanha, se Deus quiser exploraremos o segundo passo deste processo da oração de sucesso que é o buscar. Existe uma razão do porquê Jesus nos disse que além de pedir temos que buscar para conseguir aquilo que queremos receber e este será o nosso tema. Por agora, quero apenas animá-los lembrando que Jesus não disse simplesmente para buscar, mas sim buscar e achareis. Ou seja, junto com a ordem de buscar uma resposta ele já disse que acharemos aquilo que buscamos (buscai e achareis). Em outras palavras, não buscaremos sem saber ao certo se teremos sucesso na nossa busca, mas sim sabendo de antemão que encontraremos o que procuramos. Quero também mencionar que Jesus não nos deu a entender que a busca ocorre às cegas, que uma hora buscamos numa direção e outra hora noutra, como alguém que não tem a menor ideia onde está aquilo que busca. A nossa busca segue na direção que o Pai nos dá porque demos o primeiro passo no processo que foi o pedir: “Pedi e dar-se-vos-á”. Espero te ver no céu.
 

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