O Sermão da Montanha (Sermão do Monte): Estudo Nº 75: Árvore Sem Frutos: Lançada no Fogo

Foto de uma igreja antiga junto a altos penhascos. O Sermão da Montanha (Sermão do Monte)

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O Sermão da Montanha (O Sermão do Monte) – Árvore Sem Frutos: Lançada no Fogo

Mateus 7:19-20 Estudo Bíblico e Comentário Bíblico Nº 75

Por Markus DaSilva, Th.D.

Terminando mais um dos vários segmentos do Sermão da Montanha, Jesus dá um alerta aos seus discípulos sobre o que ocorrerá no juízo final com os seus seguidores em geral, e com os líderes cristãos em particular, se eles não contribuírem positivamente para o crescimento do Reino dos Céus: “Toda árvore [Gr. δένδρον (dendron) s.n. árvore] que não produz bom fruto [Gr. καρπός (karpós) s.m. fruta, colheita, descendente] é cortada e lançada no fogo [Gr. πῦρ (pir) s.m. fogo]” (Mat 7:19). O segmento começou tendo como foco os falsos mestres que se apresentam na igreja como inocentes ovelhas, mas que na realidade são lobos devoradores (Mat 7:15). Todavia, ao considerarmos a terminologia mais abrangente: “toda árvore” (Mat 7:19); “nem todo o que me diz” (Mat 7:21); “naquele dia muitos me dirão” (Mat 7:22); podemos ver que Jesus ampliou o seu foco dos falsos mestres para o público cristão em geral, o que obviamente não exclui os falsos mestres.

“Completar a obra de Deus é essencial para a vida espiritual, da mesma forma que a comida é essencial para a vida física.”

Palavras Idênticas às de João Batista

É interessante observar que Jesus usou a mesma expressão usada por João Batista, que disse: “E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo” (Mat 3:10). No original grego a única diferença é que no caso de João a expressão faz parte de uma frase, e então Mateus utilizou a conjunção [Gr. ούν (un) conj. pois, então, sendo assim], enquanto no sermão da montanha aparece como uma sentença independente: [Gr. παν δένδρων μη ποιούν καρπόν καλόν εκκόπτεται και εις πυρ βάλλεται (pan déndron mi poioún karpón kalón ekóptete ke is pir válete)]. Existem três possibilidades para explicar o uso da mesma expressão. Uma é que João Batista já sabia que Jesus utilizava desta expressão nos seus sermões e intencionalmente a usou também para estabelecer uma conexão entre eles (João 3:30); ou mesmo o oposto, Jesus é que quis dar credibilidade a João Batista utilizando de uma frase que todos relacionavam ao profeta (Mat 11:9). Uma outra possibilidade é que este era um ditado conhecido em Israel, da mesma forma que todas as culturas possuem ditados que são frequentemente usados pela população.

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A Obrigatoriedade De Produzir Bons Frutos

Um ponto que facilmente passa despercebido é que diferentemente dos versos anteriores, Jesus não fez nenhuma referência aos maus frutos neste verso, mas sim aos bons: “toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo”. Certamente que se subtende que Jesus continua se referindo ao problema dos falsos mestres e seus maus frutos, mas, mesmo assim, a conclusão é que a menos que a árvore produza bons frutos ela será cortada, o que elimina a possibilidade de que o agricultor — neste caso, Deus — aceite uma árvore que não produza nenhum fruto, nem mau, nem bom. Este ponto é extremamente importante e possui o total respaldo de outras passagens nos evangelhos: “…ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome; e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente” (Mat 21:18-19). Jesus esperava que independentemente das circunstâncias a figueira deveria ter frutos já prontos para serem comidos por ele, mas não tinha, e por isso foi amaldiçoada sem misericórdia. Vemos então uma expectativa de Deus que todas as suas criaturas produzam frutos para a sua honra, glória e prazer: “trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra; a todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e fiz” (Isa 43:6-7). Como o nosso criador e mestre, Jesus possui a prerrogativa divina de exigir que nós, os seus servos, produzamos frutos para o seu prazer, honra e glória. Lembrando que satisfazer aos desejos de Jesus não se trata de um favor, ou de um ato de agradecimento, como alguns líderes ensinam quando falam da graça, mas se trata sim de uma obrigação: “Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi mandado? Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer” (Luc 17:7-10).

O Cristão Não Pode Ocupar Espaço Inutilmente

Uma característica muito forte de Deus é que ele está sempre ocupado trabalhando (João 5:17), e este atributo divino também se reflete na sua criação. Basta observar a natureza que notaremos imediatamente o movimento ininterrupto de tudo ao nosso redor. Nada está parado, sem que esteja cumprindo a sua função no maravilhoso e vasto universo criado; toda a natureza continuamente adora ao Criador de tudo e de todos: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sal 19:1). Se Deus estipulou que até a natureza simples, que consiste de criaturas irracionais e objetos inanimados, esteja cada um executando o seu papel de adorar ao Senhor dentro da capacidade que lhe foi confiada, quanto mais o homem, que é criatura racional e capaz de assumir a função de adorador em um nível inteligente e altamente superior? O que espera este mesmo homem se decidir ignorar a função para qual foi criado e utilizar a capacidade que Deus lhe deu para coisas pessoais; para satisfazer, não ao Criador, mas a si mesmo? Para passar os seus rápidos dias aqui na terra se entretendo, mudando entre um prazer e outro: agora um filme, depois um noticiário, mais tarde um seriado, depois um campeonato e amanhã um show?: “E passou a narrar esta parábola: certo homem tinha uma figueira plantada na sua terra; e indo procurar fruto nela, não o achou. Disse então ao agricultor: eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; por que ocupa ela ainda a terra inutilmente? Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a este ano ainda, até que eu cave ao redor, e ponhe adubo; se no futuro der fruto, bem; mas, se não, o Senhor a corta” (Luc 13:6-9).

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O Cristão e a Sua Participação na Obra de Deus

O grande foco de Deus aqui na terra, e talvez em todo o universo, é a restauração do homem que foi criado à sua imagem e semelhança (Gen 1:26). Esta é uma afirmação corajosa de se fazer, pois se considerarmos que estamos falando do Criador de tudo e de todos, é difícil, aliás, impossível imaginar todas as coisas importantes que Deus lida regularmente. Se o presidente de um país aqui na terra precisa resolver grandes problemas todos os dias, imaginem então Deus que é responsável por tudo aquilo que existe? A única razão que podemos dizer, com certeza, que a nossa restauração é de fato o foco de Deus, é porque ele enviou o seu único e amado Filho, Jesus, para pagar o preço do nosso resgate (João 3:16). O apóstolo Paulo colocou esta verdade da seguinte forma: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?” (Rom 8:32).

Algo muito importante sobre o processo de restauração do homem é o fato de Deus utilizar o próprio homem como o seu principal instrumento para atingir o seu objetivo. A obra de Deus aqui na terra é para ser concluída por todos nós; isto foi algo que Jesus nos ensinou, não apenas com palavras, mas também com o seu próprio exemplo: “Disse-lhes Jesus: a minha comida [Gr. βρώμα (vroma) s.n. comida] é fazer [Gr. ποιέω (pieó) v. fazer, atuar, obedecer, praticar, executar] a vontade [Gr. θέλημα (thélima) s.n. desejo, propósito, vontade] daquele que me enviou, e completar [Gr. τελέω (teléo) v. terminar, completar] a sua obra [Gr. έργον (érgon) s.n. ação, ato, ocupação, obra]” (João 4:34). Todos nós devemos procurar saber de Deus qual é a nossa função na sua obra de restauração do homem, para que assim possamos trabalhar com toda a nossa força e utilizar de todo o tempo disponível produzindo frutos da melhor qualidade possível para glória e prazer do nosso Senhor.

Uma figueira velha, mas ainda viva ao lado de uma ponte de pedra
Figueira do tipo mencionada por Jesus: “…ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome; e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente” (Mateus 21:18-19).

A Comida de Jesus

Quando Jesus disse que a sua comida era fazer a vontade do Pai e completar a sua obra, ele estava respondendo aos seus discípulos que chegavam de uma cidade próxima onde foram comprar alimento (João 4:27,31-34) e, preocupados com ele, insistiam que comesse um pouco. Enquanto estava aqui na terra, Jesus precisava comer para sobreviver assim como todos os outros seres humanos (Mat 4:2; Mat 21:18; João 1:1-3, 14; 1Jo 1:1-3; Mat 1:18-23). Ao dar esta resposta aos discípulos, Jesus não estava dizendo que não tinha fome, ou que estava jejuando, e nem mesmo que fazer a obra de Deus é mais importante que almoçar ou jantar, mas sim que completar a obra de Deus é essencial para a vida espiritual, da mesma forma que a comida é essencial para a vida física. Quem não come morre fisicamente; quem não trabalha para completar a obra de Deus, morre espiritualmente. Esta conexão entre bons frutos e vida eterna foi feita por Jesus logo a seguir: “Não dizeis vós: ainda faltam quatro meses até a colheita? Ora, eu vos digo: levantai os vossos olhos, e vede os campos, que já estão prontos para a colheita. Quem colhe já está recebendo recompensa e ajuntando fruto para a vida eterna; para que o que semeia e o que colhe juntamente se alegrem” (João 4:35-36). Mais uma vez, vemos Jesus utilizar da metáfora do fruto, só que desta vez o foco está no benefício de se plantar e de se colher os bons frutos que veio das boas árvores.

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Nossos Talentos e os Maus Frutos

No último estudo desta série mencionamos que todo o falso mestre é alguém talentoso. Ele precisa de muito talento para estar continuamente convencendo aos irmãos que ele é uma ovelha, quando na realidade não passa de um lobo. O dia a dia destes falsos mestres, se fácil ou difícil, dependerá dos seus talentos. Alguns falsos mestres são tão bons atores que conseguem convencer aos outros das suas mentiras com a maior facilidade do mundo; de fato são tão bons profissionais que conseguem convencer a si mesmos das mentiras que não param de surgir na sua mente, pois como bem sabemos, uma mentira leva à outra. Apesar das suas mentiras serem tão óbvias, muitos deles de fato acham que são verdadeiros mestres e que possuem o apoio de Deus nos seus projetos satânicos (João 16:2-3). Esta verdade é facilmente comprovada quando lemos o que Jesus disse que ocorrerá com muitos destes falsos mestres no fim dos tempos: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a desobediência à lei [Gr. αποχωρείτε απ ‘ εμού οι εργαζόμενοι την ανομίαν (aporroríte ap emú i ergazómeni tin anomían) Lit. afastem-se de mim aqueles atuando sem lei)]” (Mat 7:22-23. Ver também Mat 13:20-21; 1Jo 2:19). Vemos aqui que os indivíduos que Jesus disse não conhecer realmente esperavam ser bem recebidos no Reino dos Céus, e até apresentaram a Jesus uma lista dos seus supostos bons frutos: profetizaram, expulsaram demônios e fizeram muitos milagres.

Os Verdadeiros Bons Frutos

Quando alguns leem as palavras de Jesus acima, ficam confusos, sem saber o que de fato aconteceu. Afinal, o que houve de errado com os irmãos? Porque Jesus não os recebeu e até os ofendeu dizendo que não os conhecia? Afinal não foi o próprio Jesus que nos disse que no seu nome faríamos muitos milagres (Mar 16:17-18)? A resposta para estas perguntas se encontra nas próprias palavras de Cristo. Milagres, por si mesmos, não são provas de que Deus está com os irmãos. Ou seja, mesmo quando os milagres são verdadeiros, ainda assim não devemos deduzir que o obreiro possui a aprovação de Deus. O que determina a presença de Deus na vida dos seus servos, com ou sem milagres, é se ele obedece ou não à sua lei: “…apartai-vos de mim, vós que praticais a desobediência à lei” (Mat 7:23).

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Não Foram Salvos Nem Pelas Obras e Nem Pela Graça

Todos os sinais e maravilhas que aqueles homens e mulheres fizeram na igreja não resultaram em nenhuma recompensa no futuro reino, e o pior, não contribuíram em nada para a sua salvação. Também devemos observar que eles não foram alcançados pela graça da salvação, que segundo o ensinamento de muitos líderes, qualquer um que clama a Jesus é salvo pela graça. Ou seja, nem as suas obras, nem a graça lhes foram de qualquer valia, porque falharam no ponto que realmente Jesus estava interessado: a obediência aos seus mandamentos: “Se alguém me ama [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar], obedecerá [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] à minha palavra [λόγος (lógos) s.m. palavra, mensagem, verbo]; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada [μονή (moní) s.f. ficar juntos, estabelecer residência]. Quem não me ama, não obedece às minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] não é minha, mas do Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai] que me enviou [Gr. πέμπω (pémpo) v. enviar, despachar]” (João 14:23-24). Pelos seus frutos os conhecereis. Um espinheiro não pode em hipótese alguma dar bons frutos. Se por acaso encontrarmos bons frutos em um espinheiro, podemos ter certeza que eles foram colocados lá por alguém. Da mesma forma, quando vemos bons frutos de um obreiro que não obedece a Deus, sabemos que os bons frutos de fato não vieram do seu trabalho, mas foi resultado do trabalho de uma outra pessoa. O obreiro desobediente pode até querer o crédito pelo seu trabalho, mas nenhum crédito lhe será dado (Mat 25:28-30).

Uma Melhor Tradução Para Mateus 7:23

Antes de continuarmos, é bom esclarecer que infelizmente, para não ofender aos seus leitores que preferem não ler sobre a lei de Deus, quase todas as Bíblias em português e em espanhol não traduziram bem este versículo tão importante do evangelho: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a desobediência à lei” (Mat 7:23). Em vez da tradução correta, optaram por frases mais genéricas como: “vós que praticais a iniquidade” (ARC, ARA, TAR, TB2010, BJport, RVA e BJesp); algumas como “…praticam o mal” (NAA, NTLH, NVIport, NVIesp e RVA2015). Apenas as versões NVT e NTV corretamente traduziram como: “…vocês que violam a lei de Deus”. Já as versões em inglês a maioria foi fiel ao original grego: “…vocês que praticam a desobediência à lei” ou em inglês: “you who practice lawlessness” (CJB, ESV, LEB, NET, NKJV). Finalmente, das três línguas as versões mais fiéis ao original foi a NLT (que é a versão em inglês da NVT e NTV): “…vocês que violam a lei de Deus” ou “…you who break God’s laws”; e a AMP “…vocês que agem com malícia, ignorando os meus mandamentos”.

Árvore Cortada e Lançada no Fogo

Queridos, a parte mais triste do versículo deste estudo do Sermão da Montanha é o que espera todos os falsos mestres quando deixarem este mundo para trás: “toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo” (Mat 7:19). Sempre que ouvimos de Jesus que algumas pessoas na igreja irão para o fogo eterno ficamos tristes, pois não entendemos a razão que estes supostos cristãos escolheram este horrível final, mesmos cientes de todos os avisos nas Escrituras Sagradas. Se fossem descrentes, ainda que triste, pelo menos saberíamos que escolheram o erro sem mesmo se interessar pela verdade, mas no caso dos cristãos, e muito em especial no caso dos nossos líderes, eles não podem argumentar que não sabiam. Jesus repetidamente nos alertou que temos que obedecer às suas palavras se queremos de fato ser seus discípulos (Luc 14:33). Essa verdade se encontra em vários lugares, em vários contextos e em todos os quatro evangelhos, para que assim ninguém que tem acesso à Bíblia poderá dizer que desconhecia a necessidade da obediência para a salvação. Se o cristão decide não obedecer, a única explicação é porque para ele a desobediência é mais vantajosa. O cristão desobediente prefere satisfazer os seus desejos no mundo presente porque é um prazer que ocorre no presente. Ele não quer negar a si mesmo por um breve tempo, e assim usufruir da perfeita felicidade no Reino dos Céus. Ele é uma má árvore que naturalmente produz maus frutos, e todas as más árvores serão lançadas no fogo. Espero te ver no céu.
 

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