O Cristão, COVID-19 e a Crise Mundial de 2020. Estudo nº 5: Salmos 8

Moça loira de costas olhando para as montanhas à distância. Ilustração do texto: (Parte 5) Série Especial: O Esconderijo do Altíssimo: O Cristão e a Crise de 2020 (Salmos 8)

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Por Markus DaSilva, Th.D.

Continuando a nossa série especial que analisa a crise mundial que se iniciou em 2020 à luz da Palavra de Deus revelada no livro de Salmos, mudaremos drasticamente a nossa direção em relação ao último estudo que teve como base o Salmos 6. No estudo anterior, abordamos a necessidade do arrependimento, do abandono dos pecados (Isa 59:2.), e de um viver em completa obediência aos mandamentos de Jesus (João 14:21) por parte do povo de Deus, se queremos que o Pai venha ao nosso auxílio durante este período singular da nossa história. No Salmos 6, Davi reconheceu que o sofrimento que sobreveio a ele e a sua iminente destruição estavam diretamente ligadas aos seus pecados: a ira de Deus estava sobre o rei. Isso é algo facilmente confirmável quando vemos o uso do verbo repreender logo na abertura do salmo [Heb. יכח (yaka) v. repreender, corrigir, reprovar]: “Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor. Tem compaixão de mim, Senhor, porque sou fraco” (Sal 6:1).

“A crise mundial é um instrumento de Deus para cumprir dois claros propósitos: punir os ímpios e corrigir os justos.”

A Revelação da Nossa Posição no Universo

Neste estudo do Salmos 8, no entanto, o tom, embora igualmente sério, é mais o de reverência e admiração do que o de ansiedade e temor observado no Salmos 6. Foi no Salmos 8 que o Espírito Santo inspirou Davi a escrever uma das mais profundas revelações em relação ao ser humano encontradas nas Escrituras. Nos Salmos 8, no versículo 5, Deus revela qual é a nossa posição na hierarquia do universo: “um pouco abaixo de Deus (Elohim)”. [Heb. ו · חסר · הוא מעט מן · אלהים (v’rassererru mme at me Elohim)]. Esta fantástica declaração, deve, ou deveria, fazer com que enxerguemos a atual crise mundial em um prisma bem diferente do das pessoas que não temem a Deus (Sal 14:1).

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Três Nomes de Deus em um Mesmo Salmo

Antes da revelação da nossa identidade, o salmista faz uma introdução doxológica, onde o nome do Deus de Israel é exaltado e o Senhor é reconhecido como o soberano criador do universo. Note que neste salmo, Davi utiliza dos três mais conhecidos nomes de Deus: [‏יהוה (YHWH ou Jeová)], [אדון (Adonai)] e [אלהים (Elohim)]: “Ó Senhor (Jeová), Senhor (Adonai) nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, tu que puseste a tua glória dos céus!” (Sal 8:1). Logo a seguir, o autor descreve a beleza e magnitude do cosmo e com humildade expressa a sua surpresa de que O criador tenha colocado tudo isto sob o domínio do pequeno e frágil homem: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco abaixo de Deus (Elohim) o fizeste; de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés” (Sal 8:3-6).

O Entendimento Errado de Que Deus Não se Ira Com o Seu Povo

Quando começou a crise mundial, comentando em um dos estudos desta série especial, uma senhora se manifestou claramente ofendida porque relacionamos a chegada do coronavírus com os pecados, mundanismo e pouco-caso com os mandamentos de Jesus que se observa entre o povo de Deus nesses últimos dias. No seu entendimento, Deus é um Deus de amor e jamais enviaria algo ruim, como este vírus mortal, para causar sofrimento ao seu próprio povo. Perturbada com as palavras do texto, ela deixou bem claro a sua oposição ao escrever: “Deus não é um carrasco!”. No mesmo estudo, um senhor escreveu, com deboches e gargalhadas, que estávamos enganados, pois Deus nunca se ira com as pessoas e que se pregamos um Deus que se ira, que fiquemos com ele para nós.

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O Amor e a Justiça de Deus Lado a Lado em João 3:16

Certamente todos nós sabemos que este tipo de comentário só pode vir de indivíduos que nunca se deram ao trabalho de ler por eles mesmos as Sagradas Escrituras, pois a Bíblia está repleta de palavras que revelam tanto o indescritível amor de Deus como a sua imutável e eterna justiça. Se fôssemos dar uma lista de versos que direta ou indiretamente descrevem a manifestação da ira de Deus contra o seu próprio povo, precisaríamos de várias páginas, mas isto é desnecessário, pois basta citarmos o verso bíblico mais conhecido do mundo para vermos claramente, lado a lado, o seu amor e a sua justiça, dois dos grandes atributos do Criador: “Porque Deus amou [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar] o mundo [Gr. κόσμος (kósmos) s.m. mundo; fig. habitantes da terra] de tal maneira que deu o seu Filho unigênito [Gr. υιον μονογενή (yion monoguení) Filho único], para que todo aquele que nele crê [Gr. πιστεύω (pistévo) v. crer, confiar, estar persuadido] não se perca [Gr. απόλλυμι (apólimi) v. se perder, arruinar, desperdiçar, destruir, perecer, morrer], mas tenha a vida eterna [Gr. ζωήν αιώνιον (zoin eônion) vida eterna]” (João 3:16). Foi para cumprir a justiça imutável de Deus que Jesus precisou morrer no lugar do pecador e dessa forma o Senhor demonstrasse o seu perfeito amor ao ser humano.

No Seu Sofrimento, Jesus Reconheceu a Perfeição do Pai

Acreditem. Se existisse uma outra maneira de Deus demonstrar o seu amor, a sua compaixão e bondade pelo homem pecador que não exigisse o sacrifício do seu único Filho, certamente que Ele o faria, mas não o fez, o que fica mais do que claro que tudo aquilo que ocorre no universo ocorre em completa harmonia com ambos, o amor e a justiça de Deus. O próprio Jesus, na sua hora de angústia no Getsêmani, clamou ao Pai por uma opção alternativa, mas conhecendo a perfeição do seu Pai, terminou o pedido em completa submissão: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Luc 22:42).

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Todo o Sofrimento dos Cristãos Possui um Fim Benéfico

Quando falamos da ira de Deus contra o seu povo, é de suma importância entender qual é o objetivo de Deus em permitir que o sofrimento chegue até a nós. Provavelmente a leitora que comentou que Deus não se ira contra os cristãos entende que todo o sofrimento tem como fonte e objetivo o mal e de que apenas o Maligno se relaciona com sofrimentos, sendo assim, no seu entendimento, é inadmissível argumentar que Deus tenha qualquer coisa a ver com o COVID-19 e com os sofrimentos físicos e emocionais causados pelo vírus, incluindo aos cristãos. A realidade, porém, é que nenhum sofrimento alcança os filhos de Deus sem que este possua um objetivo benéfico (Gen 50:20; Rom 8:28; 1Pe 5:10; Tiago 1:12). Ou seja, se Deus permite que um evento nos cause sofrimentos, então não tem a menor dúvida que Deus está coordenando o evento Ele mesmo, ainda que Satanás e suas hostes do mal sejam os instrumentos. Lembremos que o inimigo não pode lançar sequer uma pedra contra nós, a menos que Deus lhe dê a permissão (Jó 2:3-6).

Se Não Aprendemos de Deus Pelo Amor, Aprenderemos Pela Dor

Ao nos revelar através de Davi, no Salmos 8, que fomos criados um pouco abaixo de Elohim, o Criador não tem como objetivo simplesmente nos fazer sentir orgulhosos da nossa privilegiada posição no universo, mas muito mais que isso, Deus deseja que atentemos para a responsabilidade e comportamento condizentes com a posição. Se de fato somos filhos de Deus, teremos que nos comportar como tal, caso contrário devemos nos preparar para receber do nosso Pai todos os tipos de repreensões e castigos que forem necessários para o nosso aprendizado. Se não aprendemos pelo amor, aprenderemos pela dor, mas de uma forma ou de outra aprenderemos: “Eu repreendo e castigo a todos que amo: sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Apo 3:19).

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A Crise Mundial Serve Para Punir os Ímpios e Corrigir os Justos

A crise mundial é um instrumento de Deus para cumprir dois claros propósitos: punir os ímpios e corrigir os justos. Em relação aos ímpios, não tem a menor dúvida que o propósito já foi e continua sendo cumprido. Quando vemos as estatísticas dos danos físicos e financeiros que a crise causou à população mundial, ficamos sem palavras frente ao poder de Deus. É praticamente impossível encontrar um ser humano que não tenha sido afetado negativamente de alguma forma pelo vírus. A punição de Deus sobre esta geração corrupta é inquestionável. “Quem tem ouvidos, ouça” (Mat 11:15).

Mesmo Sofrendo, o Ímpio Segue Ignorando a Deus

Em se tratando dos seus filhos, também é inquestionável que o Senhor está nos corrigindo utilizando do mesmo instrumento que utiliza com os ímpios. Ou seja, como sempre, ao enviar um sofrimento coletivo, o Senhor em um mesmo processo atinge o seu propósito, seja ele punitivo ou corretivo, dependendo do recipiente. A diferença está na reação do homem (Exo 12:23). Se o indivíduo não teme a Deus, o seu sofrimento é apenas o mau fruto que naturalmente nasce do plantio de uma má árvore (Mat 7:18); ele está colhendo o que plantou; está sendo punido. Mas mesmo sofrendo, ele seguirá ignorando a Deus procurando alívio naquilo que a sabedoria humana pode lhe oferecer. Se a pessoa, no entanto, ama e serve a Deus, ela receberá o sofrimento relacionado à crise como uma repreensão (Jó 2:10), e fará uma autoavaliação, considerando as suas ações e omissões na procura de onde ela pode ter ofendido a Deus e assim se corrigir: “Sonda-me, ó Deus [Heb. אל (El) Deus], e conhece o meu coração [Heb. לבב (lêiváv) coração]; prova-me [Heb. בחן (barran) v. examinar, testar, provar], e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim uma inclinação para o que é errado [Heb. אם דרך עצב (im bérrerk ócsev) Lit. se existe um caminho de ídolos], e guia-me pelo caminho eterno [Heb. בדרך עולם (bê bérrerk olam) no caminho da eternidade]” (Sal 139:23-24).

O Que Significa Ser Criado à Semelhança de Deus

Queridos, nós, os filhos de Deus, fomos criados um pouco abaixo do próprio Deus (Elohim); tal qual escrito por Davi no Salmos 8 e também por Moisés, quando lhe foi dado as revelações do Gênesis: “E disse Deus (Elohim): Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gen 1:26. Ver também: Col 3:10; Efe 4:24). Esta é uma revelação que nos deixa sem palavras, tamanha é a sua implicação para o presente e para o futuro. Para o futuro, é a confirmação de que muito em breve iremos de fato morar eternamente com a nossa família, tendo a Jesus como nosso Senhor e irmão e a Deus como Pai: “Disse-lhe Jesus: … vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (João 20:17). Para o presente, é a responsabilidade de que devemos nos portar como Jesus se portava enquanto aqui vivia, em total obediência, e submissão ao Pai. “E aquele que me enviou está comigo; não me tem deixado só; porque faço sempre o que é do seu agrado” (João 8:29). Se vivermos assim como Jesus viveu (1Jo 2:6), teremos a certeza da proteção do nosso Pai e a confiança de que nenhuma praga nos alcançará: “Porquanto fizeste do Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová, Javé] o teu refúgio [Heb. מעון (ma-onn) s.m. habitação, moradia, refúgio], e do Altíssimo [Heb. עליון (Eliôn) adj. tit.div. Altíssimo] a tua habitação [Heb. מחסה (marrasá) s.m. refúgio, abrigo], nenhum mal [Heb. רעה (raá) s.f. mal, maldade, disastre, miséria] te sucederá, nem praga [Heb. נגע (negá) s.m. praga, doença, ferida] alguma chegará à tua tenda” (Sal 91:9-10). Espero te ver no céu.
 

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