O Sermão da Montanha: Estudo Nº 34: O Juramento e a Honestidade

Foto de uma igreja em um penhasco com ums grande pinheiro em frente. O sermão da montanha.

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O Sermão da Montanha – Juramentos

Mateus 5:33-37 Estudo Teológico Nº 34 O Juramento e a Honestidade

Por Markus DaSilva, Th.D.

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as várias diferenças entre a nossa futura morada no céu e a terra onde atualmente vivemos, uma que notaremos assim que mudarmos é o fato de que todos os seres que lá habitam falam apenas a verdade. No mundo presente, a verdade, principalmente a verdade completa e sem interesse, passou a ser algo raro já há muitos séculos. Estamos tão acostumados com a mentira ou a verdade parcial e interesseira, que já criamos mecanismos internos para lidar com o problema no subconsciente. Todo o ambiente de vendas e marketing, por exemplo, funciona baseado na verdade parcial, ou na mentira descarada. Este é o motivo que para eliminar qualquer problema legal, as empresas imprimem os detalhes dos seus produtos em letras bem pequenas e utilizando de um linguajar técnico para que assim poucos leiam ou compreendam exatamente o que estão comprando. Eles sabem que se as suas propagandas consistissem somente de verdades, as suas rendas sofreriam. Assim seguimos todos nós, envoltos em um ambiente saturado de mentiras, ilusões, fantasias, ficções, farsas, enganos, engodos… enfim, tudo aquilo que tem como objetivo levar as pessoas a não enxergar a vida como ela é de fato. Disseminar a mentira neste planeta é uma tarefa que Satanás, seus demônios e associados humanos, executam com gosto e com tremendo sucesso nestes últimos dias: “Vós tendes por pai o Diabo [Gr. διάβολος (diávolos) adj. Diabo; s.m. acusador, inimigo], e quereis satisfazer os desejos [Gr. επιθυμία (epithumía) s.f. desejo, cobiça, concupiscência, luxúria] de vosso pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. pai]; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade [Gr. αλήθεια (álithia) s.f. verdade, dependência, integridade], porque nele não há verdade; quando ele profere mentira [Gr. ψεύδος (psévdos) s.n. mentira, falsidade, engano], fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira” (João 8:44).

“Não existe uma boa mentira, ou uma mentira inocente; não existe uma mentira construtiva, ou uma mentira justificável; não existe uma mentira necessária, ou uma mentira educativa.”

O Alerta de Jesus Sobre Juramentos

Na sequência do Sermão da Montanha, após nos instruir quanto ao adultério, divórcio e novo casamento, Jesus mais uma vez nos esclarece quanto a diferença entre a letra da lei [το γράμμα του νόμου (to grama tu nomu)] e o espírito da lei [το πνεύμα του νόμου (to pnevma tu nomu)], neste caso em relação às palavras que saem da nossa boca: “De novo, ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o descanso dos seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno” (Mat 5:33-37).

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Não se Pode Confiar Naquilo que as Pessoas Prometem

Neste alerta no Sermão da Montanha contra juramentos, Jesus não citou diretamente Moisés, mas sim sumarizou várias passagens na Bíblia Sagrada que lidam com o tema. Assim como foi no caso do divórcio e novo casamento, estas palavras de Jesus estão relacionadas tanto à lei civil (Num 30:2) como à lei moral (Exo 20:7). Jesus aqui nos ensina que como herdeiros do Reino dos Céus, não podemos mais nos apoiar em juramentos para que as pessoas creiam naquilo que falamos. O cristão deve viver de tal forma que todas as pessoas que o conhece saibam que da sua boca se ouve apenas a verdade, sem que haja a necessidade de juramentos, testemunhas, avalistas e coisas semelhantes usadas para suplementar as suas simples palavras. Na época de Jesus, assim como nos dias atuais, eram poucas as pessoas que se podia confiar naquilo que falavam ou prometiam e por isso se desenvolveu a ideia de que a única forma de se ter certeza que aquilo que as pessoas falavam era de fato verdade seria através de juramentos, onde as pessoas aceitavam antecipadamente a punição de Deus caso fosse confirmado que elas mentiram.

A Seriedade em Usar o Nome de Deus em Votos e Juramentos

Se os escribas e fariseus se apegassem somente na aceitação da punição divina através do uso do seu Nome nos votos e juramentos, o seu mal não seria tão berrante, pois de fato a lei civil entregue por Moisés instruía quanto a esta prática: “Quando um homem fizer voto ao Senhor, ou jurar, ligando-se com obrigação, não violará a sua palavra; segundo tudo o que sair da sua boca fará” (Num 30:2). Esta instrução de Moisés assumia um aspecto ainda mais sério, porque estava ligada diretamente com o terceiro mandamento (segundo na Bíblia Católica): “Não tomarás o nome [Heb. שם (shem) s.m. nome] do Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová, Javé] teu Deus [Heb. אלהים (Elohim) s.m. sent.prim. Deus; sent.sec. deuses, seres celestes] em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão” (Exo 20:7). Ou seja, ao usar o nome de Deus em um voto ou juramento, os judeus se sentiam mais na obrigação de cumprir com a sua palavra. Este foi o caso de Caifás quando ordenou que Jesus afirmasse sob juramento se de fato Ele era o Messias: “E o sumo sacerdote lhe disse: Eu te conjuro [Gr. εξορκίζω (egzorkizo) v. colocar sob juramento] pelo Deus vivo [Gr. Θεού του Ζώντος (Théu tu Zondos) Lit. Deus o vivendo] que nos digas se tu és o Messias [Gr. Χριστός (Cristós) tit.div. Messias, Cristo, Ungido], o Filho de Deus. Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; eu, porém, vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem [Gr. υιός του ανθρώπου (iós tu anthrópu) tit.div. Filho do Homem] assentado à direita do Todo Poderoso [Gr. δεξιών της δυνάμεως (dekcion tis dynameos) Lit. mão direita do Poder] e vindo sobre as nuvens do céu” (Mat 26:63–64).

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A Manobra dos Líderes Judeus nos Dias de Jesus

Os líderes judeus, no entanto, procurando maneiras de não se sentirem na obrigação de cumprir com os seus votos e juramentos, desenvolveram um esquema na qual a pessoa poderia jurar por coisas consideradas importantes, mas que não envolvesse o Nome de Deus, como jurar pelo Céu, pela terra, por Jerusalém, pela sua cabeça… etc. Os rabinos levavam tão a sério os detalhes sobre juramentos que nos primeiros séculos depois de Cristo, as regras passaram oficialmente a fazerem parte do Talmude, que é o tratado Shevuot da Mishná [שבועות (juramentos)].

Deus é o Dono de Tudo e Está Presente em Todos os Lugares

Jesus, no entanto, explicou para os seus discípulos — e para todos nós — a futilidade de argumentar que Deus só se faz presente quando usamos o seu nome: “Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus; nem pela terra, por ser o descanso de seus pés; nem por Jerusalém, por ser a cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto” (Mat 5:34–36. Ver também Mat 10:30). Ou seja, não existe nada no universo que realmente pertence ao homem, nem mesmo o controle da mudança de cor dos seus cabelos. Não existe nada que os judeus pudessem usar nos seus juramentos que Deus não seja de fato o único dono.

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O Cristão não Deve Fazer Qualquer Juramento

O mais importante das palavras de Jesus, no entanto, é a instrução de que devemos nos abster de juramentos por completo. Anos atrás, quando ainda morava no Brasil, me recordo que realmente era muito comum as pessoas quando queriam colocar um tom de verdade nas suas afirmações, elas utilizavam de todos os tipos de juramentos: “juro pela alma da minha vó”; ou: “que eu caia morto se isto não for verdade”; ou simplesmente: “juro por Deus”. Não sei se ainda se ouve este tipo de expressões nos nossos dias, mas o ponto é que nada disso deve sair da boca de um cristão.

O Perigo da Mentira

Deus ama a verdade e por isso espera que todos nós também sejamos livres de todo o tipo de mentira: “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor; mas os que falam a verdade são o seu deleite” (Prov 12:22). Se desenvolvermos o hábito de falar apenas a verdade, com o tempo as pessoas que nos cercam reconhecerão que as nossas palavras são confiáveis. Não existe uma boa mentira, ou uma mentira inocente; não existe uma mentira construtiva, ou uma mentira justificável; não existe uma mentira necessária, ou uma mentira educativa. Quando o ser humano escolhe mentir, ele automaticamente escolhe o inimigo e rejeita a Deus. Não se deve esperar as bênçãos do Senhor em nada onde se envolveu a mentira (Isa 65:16; Num 23:19).

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Qual é a Fonte de Toda a Mentira

Jesus conclui as suas palavras nos alertando quanto à verdadeira origem do engano: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno [Gr. πονηρός (ponirós) adj. mal, maldoso, maligno, imoral]” (Mat 5:37).  Esta afirmação de que qualquer coisa que falarmos além da verdade vem de Satanás pode nos pegar de surpresa, pois muitas vezes realmente procuramos enrolar as pessoas com aquilo que falamos; muitas vezes intencionalmente utilizamos de uma combinação de palavras querendo que as pessoas entendam algo diferente daquilo que foi dito. Fazemos isto para que caso sejamos acusados de mentirosos, podemos argumentar que houve um mal-entendido e que nunca falamos aquilo. Este tipo de tática pode de fato enganar aos outros seres humanos, mas nunca engana a Deus. Mas ainda pior, este tipo de lábia, de enrolação, de trapaça, pode parecer que foi algo inteligente da nossa parte, a realidade, porém, é que permitimos que a nossa boca fosse utilizada como um instrumento do Diabo: “o que passa daí, vem do Maligno”.

Um Mundo de Mentiras

Vivemos em um mundo de mentiras; um mundo de engano e ilusão. Tudo ao nosso redor está contaminado pela mentira. Um mundo onde se ouve, se vê, e se fala a mentira como algo natural, aceitável e louvável (2Tes 2:10). Desde pequenos, somos doutrinados a acolher o engano com alegria e admiração, algo que ocorre até mesmo dentro de ambientes cristãos. O chamado povo de Deus voluntariamente expõe os seus próprios filhos a todos os tipos de enganos simplesmente porque os outros pais os fazem. Desconsideram que tudo isso está moldando e preparando as pequenas mentes, ainda em desenvolvimento, a aceitar como natural o mundo de mentiras onde vivemos. [Acessar estudo: Um Mundo de Mentiras: Parte Um e Parte Dois]

Não Devemos nos Relacionar com Mentirosos

Queridos, quando Jesus nos diz que não devemos fazer juramentos para dar suporte às nossas palavras, Ele está nos dizendo mais uma vez que devemos nos portar como cidadãos do Reino dos Céus (Fil 1:27; 3:20). No Céu nenhum ser precisa provar a ninguém que está falando a verdade porque lá é um local onde a mentira não se faz presente. Este é o tipo de ambiente que Jesus quer que nos acostumemos antes mesmo de mudarmos para lá. A verdade, somente a verdade deve fazer parte do nosso vocabulário a todo o momento e em qualquer situação. Se acaso somos por um tempo forçados a frequentar locais onde a mentira é algo corriqueiro, como em certos trabalhos, na escola ou entre familiares, as pessoas devem notar que existe algo diferente em nós; elas devem notar que existem pureza e honestidade no nosso falar. Devo também mencionar que devemos nos separar de tal ambiente assim que nos for possível, pois não é da vontade do Senhor que vivamos em locais onde a mentira é algo comum no dia a dia. Se voluntariamente relacionarmos com mentirosos, é certo que seremos levados por eles ao pecado da mentira: “Bem-aventurado [Heb. אשרי (ashrê) adj. feliz, abençoado] o homem [Heb. איש  (ish) s.m. homem] que não anda segundo o conselho dos ímpios [Heb. רשע (rashá) adj. ímpio, sem retidão, culpado], nem se detém no caminho dos pecadores [Heb. חטא (rratá) adj. pecador], nem se assenta na roda dos escarnecedores [Heb. ליץ (let) adj. escarnecedor, gozador, zombador, irônico]” (Sal 1:1-1). Espero te ver no céu.

 

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