O Sermão da Montanha: Estudo Nº 6: As Bem-aventuranças: Bem-aventurados os Mansos

Uma foto de montanhas atrás de uma plantaçãoo de trigo. O Sermão da Montanha. Estudo Nº 6: As Bem-aventuranças: Bem-aventurados os Mansos por Markus DaSilva

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O Sermão da Montanha

Mateus 5:5 Estudo Teológico Nº 6

Por Markus DaSilva, Th.D.

Não sei se ainda o dizem, mas anos atrás, quando eu morava no Brasil, se costumava dizer que “o mundo é dos espertos”. A expressão pode significar várias coisas, mas a ideia principal é a de que as pessoas bem-sucedidas na terra são aquelas que sabem tomar decisões que as colocam em vantagem sobre as outras. O ditado pode até possuir uma certa verdade em se tratando do sistema que atualmente domina o mundo presente. De fato, as pessoas financeiramente de sucesso na terra geralmente, mas não sempre, são aquelas que possuem como foco beneficiar a si mesmas, independentemente se os outros serão prejudicados no processo. Nesta terceira bem-aventurança, Jesus mais uma vez nos ensina algo que vai contra o entendimento popular: “Bem-aventurados [Gr. μακαριος (makários) adj. bem-aventurado, abençoado, bênçãos, feliz] os mansos [Gr. πραύς (praus) adj. manso, humilde], porque eles herdarão [Gr. κληρονομέω (kliponomeo) v. receber, herdar] a terra” (Mat 5:5). Este ensino é exatamente o oposto da expressão mencionada acima de que o mundo é dos espertos. Ou melhor, não o oposto, mas sim uma extensão. Ou seja, pode até ser verdade que temporariamente a terra seja dos espertos, mas as pessoas que muito em breve serão os donos permanentes dela não serão os espertos, mas sim os mansos e humildes.

“O principal motivo que o cristão não aceita com mansidão aquilo que o prejudica é porque lhe falta a fé.”

Duas Palavras Semelhantes Usadas Por Jesus

Dois adjetivos parecidos no significado — [Gr. πραύς (praus) adj. manso] e [Gr. ταπεινός (tapinós) adj. humilde, simples, de baixo grau] — foram usados por Jesus no evangelho segundo Mateus. Na bem-aventurança deste estudo Jesus usou a palavra “manso” como uma exortação para os seus seguidores, mas mais adiante, se referindo a si mesmo como um exemplo a ser seguido, Jesus usou não apenas “manso”, mas também “humilde”: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso [Gr. πραύς (praus)] e humilde [Gr. ταπεινος (tapinós)] de coração; e achareis descanso para as vossas almas” (Mat 11:29). O fato de Jesus ter-nos dito que devemos aprender com Ele a ser tanto mansos como humildes torna bem mais fácil entendermos de que maneira devemos viver se queremos muito em breve herdar a terra, quando o Senhor destruir e reconstruir este lugar: “E vi um novo céu [Gr. ουρανός (uranós) s.m. céu] e uma nova terra [Gr. γη (ií) s.f. terra]. Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe” (Apo 21:1). Para herdarmos esta terra então teremos que ser mansos [Gr. πραύς (praus)] e humildes [Gr. ταπεινος (tapinós)] como Jesus o era.

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Do Que se Trata a Mansidão e a Humildade

A mansidão e humildade de Jesus consistia em aceitar passivamente tudo aquilo a que o Pai lhe submetia. Esta também deverá ser a atitude de todos nós, que declaramos ser seus seguidores. É importantíssimo que lembremos que esta é uma atitude voluntária, como tudo aquilo que provém da fé. Ou seja, Jesus não aceitava com mansidão todo o abuso, todo o desaforo, toda a falta de respeito e toda a humilhação das pessoas porque não tinha escolha, pois Jesus poderia revidar a maldade delas a qualquer momento que quisesse: “Ou pensas tu que eu não poderia pedir a meu Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai (Deus), pai (biológico)], e que ele não me mandaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos [Gr. άγγελοσ (ánguelos) s.m. anjo, mensageiro]?” (Mat 26:53). Jesus, no entanto, entendia e aceitava que nenhuma maldade lhe ocorria senão aquela que o Pai permitia para cumprir o seu propósito divino. Foi isso o que disse quando Pôncio Pilatos imaginou erroneamente que tinha autoridade sobre Jesus: “Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes que tenho autoridade [Gr. εξουσία (eksucía) s.f. autoridade, direito, poder] para te soltar, e autoridade para te crucificar? [Gr. σταυρόω (stavróo) v. crucificar] Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado” (João 19:10-11).

Devemos Confiar Que Deus é a Nossa Justiça

O exemplo de Jesus de mansidão serve tanto para nos guiar como para nos esclarecer. Para nos guiar porque aprendemos com Cristo que a mansidão que devemos ter, se planejamos herdar a nova terra, consiste em deixar que o Pai seja a nossa justiça. Esta é uma atitude que requer muita fé, deixe-me adiantar. A inclinação natural da carne é a de que compete a nós mesmos tomar as necessárias providências para que os nossos interesses sejam devidamente defendidos. A ideia comum é a de que se não defendermos aquilo que é nosso ninguém o fará por nós. Este é um conceito que infelizmente prevalece tanto fora como dentro da igreja. É devido a este entendimento contrário ao exemplo de Jesus que frequentemente se ouve de cristãos lutando uns contra os outros nos tribunais seculares: “Na verdade já é uma completa derrota para vós o terdes ações judiciais uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o prejuízo?” (1Cor 6:7).

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Precisamos de Fé Para Sermos Mansos

O principal motivo que o cristão não aceita com mansidão aquilo que o prejudica é porque lhe falta a fé. O conhecimento dele de que o Senhor cuidará dos seus filhos se limita a isso mesmo: só conhecimento. Ele não vive como se Deus de fato cuidará dele quando enfrentar as dificuldades da vida. O seu viver cristão é apenas teórico. Ele pode até ter escrito em um quadro ou camiseta que o Senhor é o seu pastor e que nada lhe faltará (Sal 23:1), mas na prática ele é uma pobre ovelha que se ilude com a ideia de que tem condição de cuidar de si mesma.

Erroneamente Procuramos Segurança nos Homens e Não em Deus

A mansidão de Jesus, além de nos guiar neste mundo em trevas, também nos esclarece quanto ao que de fato ocorre ao nosso redor. Realmente, quando olhamos as nossas circunstâncias tão somente com os olhos do entendimento físico, temos todo o motivo para nos preocupar e procurar nos colocar em uma situação de segurança. É exatamente por causa deste instinto natural que a indústria de seguros é tão lucrativa. As pessoas cada vez mais procuram uma maneira visível de garantir um futuro tranquilo. Esta garantia que as pessoas procuram adquirir, no entanto, não passa de uma ilusão. Jesus exemplificou bem esta verdade na parábola do homem que resolveu construir maiores armazéns para estocar a sua safra e assim garantir uma vida confortável no futuro: “e direi à minha alma [Gr. ψυχή (psirrí) s.f. alma, vida, mente, individualidade]: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e alegra-te. Mas Deus lhe disse: Insensato [Gr. άφρων (áfron) adj. idiota, insensato, tolo, estúpido] , esta noite te pedirão [Gr. απαιτέω (apaitéo) v. exigir, pedir de volta, cobrar] a tua alma; e o que tens preparado, para quem ficará?” (Luc 12:19-20). Tudo aquilo que o homem procura com toda a sua sabedoria e força conseguir nesta vida, cedo ou tarde se desfaz em pó, e nada daquilo que consegue de fato lhe traz o resultado positivo que espera conseguir.

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A Mansidão dos Cristãos e a Agressividade dos Descrentes

A fé vivida (e não apenas teórica) deve ser o diferencial entre os salvos e os perdidos. As pessoas que não possuem a esperança da salvação também não possuem nenhum motivo para serem mansas. Muito pelo contrário, elas têm sim todo o motivo para serem agressivas em tudo aquilo que fazem, pois no seu entendimento mundano, elas só têm a si mesmas para se defenderem da maldade que prevalece neste planeta dominado pelo Maligno (João 16:11). Os salvos, no entanto, no ato de aceitarem a Jesus como Salvador se tornaram filhos de Deus e a partir de então possuem como o seu protetor o próprio Deus do universo. O homem que tem a Jesus como irmão (Mat 12:48-50) e a Deus como Pai (Mat 6:8) deve viver na segurança de que nada ocorrerá com ele que seja de fato para o seu mal. Ainda que às vezes nos parece que o mundo inteiro esteja maquinando contra nós e que seremos destruídos se não defendermos a nós mesmos, pela fé devemos ter em mente que aquele que está do nosso lado é superior ao mundo e que devemos nos apoiar na sua força e não na nossa: “Direi do Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová, Javé]: Ele é o meu Deus [Heb. אלהים (Elohim) s.m. sent.prim. Deus; sent.sec. deuses, seres celestes], o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei” (Sal 91:2). O apóstolo João também nos disse o mesmo quando escreveu: “Porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1Jo 4:4).

Os Mansos de Deus Não São Ignorantes

O manso de Deus não é ignorante quanto às maldades intencionais das pessoas. Ele não é passivo porque não sabe que os outros lhe querem destruir, e por isso sofre por falta de conhecimento. Não, ele está bem a par de quem são os instrumentos de Satanás neste mundo, mas, ainda assim, na sua dependência de Deus, ele não resiste ao homem mal (Mat 5:39; Rom 12:17), sabendo que o Senhor agirá ao seu favor no momento e da maneira que for do seu agrado. Davi testemunhou desta verdade quando escreveu: “Muitas são as aflições do justo, mas de todas elas o Senhor o livra… a malícia matará o ímpio, e os que odeiam o justo serão condenados” (Sal 34:19,21). Ou seja, o rei sabia que o servo de Deus que ainda se encontra neste mundo dominado pelo mal passa por aflições, provações e perseguições de todos os tipos. Ele não era ignorante da batalha espiritual que todos nós enfrentamos no nosso dia a dia. Mas, ele sabia que no final, Deus sempre vem no auxílio dos seus filhos fiéis: “Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários! Muitos surgem contra mim. Muitos são os que dizem de mim: Não há socorro para ele em Deus. Mas tu, Senhor, és um escudo [Heb. מגן (maguén) s.m. escudo] ao redor de mim, a minha glória [Heb. כבוד (kavôd) s.m. glória, riqueza, honra], e aquele que levanta a minha cabeça. Com a minha voz clamo ao Senhor, e ele do seu santo monte me responde [Heb. ענה (aná) v. responder]” (Sal 3:1-4).

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Os Ensinos do Sermão da Montanha Não São Para os Fracos

Queridos, conforme deixamos claro no início desta série, os ensinos do sermão da montanha não são para os fracos. Nenhum de nós aceita facilmente as maldades das pessoas. O próprio Jesus se entristecia com a capacidade de praticar o mal existente no coração do homem, o homem que ele mesmo criou (João 1:3-4). O mal que frequentemente é praticado sem qualquer provocação, mas simplesmente pelo egoísmo, pelo individualismo, pela falta de amor para com o semelhante: “E, havendo ele dito isso, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: é assim que respondes ao sumo sacerdote? Respondeu-lhe Jesus: Se falei algo errado, explique o erro; mas, se correto, por que me feres?” (João 18:22-23). E em outro lugar: “Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar. Disse-lhes Jesus: Muitas boas obras da parte de meu Pai vos tenho mostrado; por qual destas obras ides apedrejar-me?” (João 10:31-32).

Existe Muito Mais em Jogo nas Nossas Lutas do Que se Aparenta

Irmãos, ser manso como Jesus o era requer fé e confiança, pois receber a maldade sem revidar vai contra o nosso instinto natural. É somente quando enxergamos a situação como algo espiritual é que entendemos existir muito mais em jogo do que as aparências. Na carne, não queremos aceitar a afronta. Na carne, queremos “devolver com juros”. Na carne, queremos “dar uma lição”. Tudo isso e muito mais a carne deseja fazer, mas como seguidores de Jesus que querem herdar a terra não podemos obedecer aos desejos da carne fraca, mas sim o Espírito forte que nos foi dado pelo Pai: “Porque se viverdes segundo a carne [Gr. σάρξ (sárks) s.f. carne; fig. ser humano, natureza humana], haveis de morrer [a morte eterna]; mas, se pelo Espírito [Gr. πνεύμα (pnévma) s.n. Espírito (de Deus), espírito (do homem), vento, sopro] mortificardes as obras do corpo [Gr. σώμα (sóma) s.n. corpo], vivereis [a vida eterna]. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus [Gr. υιοί Θεού (yí Theú) filhos de Deus]” (Rom 8:13-14). Espero te ver no céu.
 
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