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Estudo Bíblico Sobre a Batalha Espiritual Entre as Forças do Bem e as Forças do Mal: Parte 5
Por Markus DaSilva
Uma das verdades da Bíblia que mais alegra o cristão é que o Diabo, mesmo sendo ele um ser tão poderoso, pode ser vencido por nós, simples e fracos seres humanos. Quando pensamos no poder que este anjo caído possui, quando calculamos o tamanho do seu exército e quando consideramos as vantagens que seres espirituais possuem sobre nós, criaturas limitadas pelo corpo físico, a possibilidade de sairmos vencedores nesta batalha contra as forças do mal seria considerada absurda se não fossem palavras como estas que o nosso irmão Tiago nos escreveu: “Sujeitai-vos [Gr. υποτάσσω (ipotásso) v. sujeitar-se, obedecer, render-se] , pois, a Deus [Gr. θεός (Theós) s.m. Deus]; mas resisti ao Diabo [Gr. διάβολος (diávolos) adj. Diabo; s.m. acusador, inimigo], e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7-8).
“Para que possamos resistir ao Diabo e assim fazê-lo fugir, teremos que primeiro nos submeter a Deus.”
O Poder de Persuasão dos Anjos Caídos
Nos últimos dois estudos desta série que lidam com a batalha que está sendo travada hoje mesmo entre as forças espirituais do bem e as forças espirituais do mal, falamos sobre os ataques sobrenaturais. Estes são ataques que possuem como característica o uso do poder de persuasão que anjos podem exercer sobre o homem. Todos os anjos possuem este poder, mas certamente que os anjos que continuam leais a Deus não o utilizam, pois se o fizessem, invadiriam o livre arbítrio que o Criador deu a todas as suas criaturas. Os demônios, porém, que já há anos abandonaram a sua fidelidade a Deus para se unirem ao seu líder, Satanás, não veem nenhum problema em influenciar e torturar os homens com este poder sobrenatural e são limitados tão somente pelo próprio Deus, que pode permitir ou não que assim o façam. Este fato pode ser facilmente verificado no caso do rei Acabe, quando um destes espíritos de falsidade pediu permissão a Deus para influenciar o rei e seus profetas a crerem em uma mentira: “Então saiu um espírito [Heb. רוח (rruack) s.f. Espírito, espírito, vento, sopro, fôlego] , apresentou-se diante do Senhor [Heb. יהוה (Yerrovah) np.div. Jeová, Javé], e disse: Eu o enganarei [Heb. פתה (patah) v. enganar, persuadir, seduzir]. E o Senhor lhe perguntou: De que modo? Respondeu ele: Eu sairei, e serei um espírito mentiroso [Heb. שקר (shekeu) v. enganar, ser falso, mentir] na boca de todos os seus profetas [Heb. נביא (naví) s.m. profeta]. Ao que disse o Senhor: Tu és capaz [Heb. יכל (yarrôll) v. ser capaz, vencer, prevalecer] de enganar o rei, vá e faça isto” (1Re 22:21-22).
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O Motivo Que Deus Permite Que os Demônios Executem os Ataques Sobrenaturais
Existem vários motivos que Deus permite que os anjos caídos utilizem deste poder sobre nós, mas este não é o assunto do presente estudo, e, portanto, mencionarei apenas um que é relevante ao tema desta série. Deus permite que o cristão passe por estes ataques sobrenaturais para que amadureça. Ou seja, para que cresça; para que enxergue a realidade de que a vida tal qual vivida pela grande maioria não passa de uma ilusão, desenhada, arquitetada e oferecida pelo príncipe deste mundo. Minha experiência com este tipo de ataque é que realmente observamos no final que aquilo que o mundo oferece não passa de vaidade e uma corrida atrás de vento (Ecl 1:14). Sim, pura vaidade e futilidade, mas o maligno oferece e o homem carnal recebe com alegria, pois ambos amam as trevas (João 3:19). O mundo atual é um mundo de mentiras, onde o ser humano vive dia após dia correndo atrás dos seus desejos e ambições; repetidamente tomando decisões baseadas somente na farsa, na ficção e na fantasia. Esta verdade sobre o príncipe deste mundo, Satanás, nos foi revelada pelo próprio Jesus: “ele nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira” (João 8:44).
A Aplicação Militar das Palavras de Tiago
Notemos que as instruções de Tiago sobre o que devemos fazer para que o Diabo fuja de nós consiste de duas atitudes opostas, mas que ambas deverão ser tomadas: submissão e resistência. Estas duas palavras possuem uma aplicação militar, que veremos a seguir como se aplicam ao nosso caso.
Quando um rei de um pequeno país é informado que dois poderosos reis se aproximam de direções diferentes com os seus exércitos para disputar pelas suas terras, ele precisa tomar uma decisão rápida e inteligente quanto à qual dos reis ele se submeterá e à qual resistirá. Ele não tem condição de defender o seu reinado por si mesmo, portanto terá que propor um tratado de paz; uma aliança, com um deles, tornando-se assim seu amigo e se assegurando que receberá a devida proteção. Ao fazer isto, porém, decretará abertamente inimizade com o outro. No caso do cristão, ele precisa decidir quanto às duas forças que lutam pela sua lealdade: Deus ou o Diabo. Para que possamos resistir ao Diabo e assim fazê-lo fugir, teremos que primeiro nos submeter a Deus. Jesus nos falou sobre este tipo de submissão utilizando também de uma ilustração sobre um rei fraco e um rei forte: “ele enviará uma delegação, antes que o rei mais forte chegue, e pedirá um acordo de paz. Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia [Gr. αποτάσσω (apotásso) v. dar adeus, abandonar, se despedir] a tudo [Gr. πας (pas) adj. tudo, de todo o tipo] quanto possui [Gr. υπάρχω (ipar-rro) v. ter, ser, possuir], não tem como ser meu discípulo [Gr. μαθητής (mathitís) s.m. aprendiz, discípulo, aluno, seguidor]” (Luc 14:32-33). Ou seja, para a pessoa que quer ter a Deus como aliado nesta batalha não basta simplesmente pedir um acordo de paz, mas também terá que haver uma renúncia para que o pedido seja aceito. Repito: sem renúncia não há acordo.
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O Significado das Palavras de Jesus na Parábola do Rei Forte
Sem sombra de dúvidas, a submissão a Deus conforme Jesus nos disse logo acima requer uma atitude radical da nossa parte. A palavra renunciar usada por Jesus no grego é [Gr. αποτάσσω (apotásso)], que se trata da união da preposição [απο (apó)], cujo significado é “sair” ou “se despedir”, com o verbo [τασσω (tassó)], que significa colocar em ordem, e daí temos a combinação: (apotásso): Pôr em ordem e sair, ou abandonar, ou renunciar. O que podemos deduzir no contexto do que Jesus disse é que o rei fraco terá que organizar todos os seus bens: ouro, móveis, servos, roupas e tudo mais que possui, depositar em um determinado local, talvez em uma praça, ou um grande armazém, e logo a seguir terá que sair de lá, ou se despedir de tudo aquilo, para que o rei forte venha, inspecione, conte tudo, e tome posse, deixando o rei (que agora é seu protegido) destituído de todos os seus bens.
A Única Forma de Termos a Deus do Nosso Lado na Batalha Espiritual
O nosso Mestre nos alerta que apenas teremos a Deus do nosso lado neste conflito se nos esvaziarmos por completo de tudo aquilo que valorizamos neste mundo (Mat 10:37). É a entrega das nossas posses que determina a nossa submissão: “Porque onde estiver o teu tesouro [Gr. θησαυρός (thisavrós) s.m. tesouro, depósito], aí estará também o teu coração [Gr. καρδία (kardía) s.f. coração; fig. inclinação e desejos do homem]” (Mat 6:21). Se o cristão imagina que conseguirá resistir aos ataques do Diabo, sem que seja necessária uma completa submissão, ou sujeição, àquilo que Deus exige ele está enganando a si mesmo. Voltando à analogia dos dois reis, se o rei fraco que pediu o acordo de paz não cumprir as normas do acordo, se ele insiste em reter parte daquilo que possui, então o tratado será rescindido e a proteção retirada, deixando-o à mercê do outro invasor.
O Mau Exemplo de Muitos dos Nossos Líderes
Queridos, eu sei que estas são palavras fortes e que muitos gostariam que houvesse uma maneira mais agradável de resistir ao Diabo. Eu sei que este requerimento de “renunciar a tudo que possui” que Jesus estipulou soa para muitos como um preço demasiadamente alto para termos a Ele do nosso lado nesta batalha. Infelizmente também sei que existem muitos líderes pregando um evangelho que discorda e que se opõe às palavras do nosso amado Jesus. O Senhor já determinou a posição deles no Reino (Mat 5:19). Eles são falsos mestres que insistem ser possível resistir ao Diabo sem se sujeitar a Deus. Podem não falar isso abertamente, eu sei, mas, na prática, e no exemplo de vida, isto é de fato o que ensinam, pois como pode alguém se sujeitar a Deus sem uma entrega total e uma completa obediência a tudo aquilo que Ele nos falou? Como pode alguém seguir a Jesus se o seu coração continua repleto dos tesouros deste mundo? Quando a sua mente continua focada em tudo aquilo que o príncipe deste mundo oferece: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mat 4:4). Somente quando verdadeiramente nos sujeitamos ao Senhor teremos acesso à sua verdade e é esta verdade que usaremos como uma arma capaz de vencer os ataques sobrenaturais do inimigo.
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Os Atrativos das Ofertas da Serpente
Conforme já explicado, os ataques sobrenaturais são baseados e dependem exclusivamente da mentira. O inimigo não possui a capacidade, e nem se interessa, em oferecer ao ser humano qualquer benefício real. Tudo aquilo que ele oferece, desde o começo no Jardim do Éden, não passa de mentiras: “Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis” (Gen 3:4). Um ponto chave dos seus ataques é persistir nas suas ofertas, exibindo cenas atrativas e resultados positivos na mente do homem, até que, por fim, ele acredite que realmente receberá algo de bom, algo vantajoso, se seguir os conselhos desta antiga serpente. Isso foi exatamente o que ele fez no Éden: “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto e comeu; e o deu a seu marido, e ele também comeu” (Gen 3:5-6).
As Forças do Mal Nunca se Satisfazem Com Uma Vitória Parcial
Irmãos, concluindo esta seção da série, deixe-me ser o mais claro possível sobre dois pontos de suma importância. O primeiro é quanto à seriedade dos ataques sobrenaturais do inimigo. Se o cristão não procurar se fortalecer contra eles o resultado inevitável é a entrega por completo ao pecado e como consequência o distanciamento de Deus. Não se iludam, o Diabo nunca fica satisfeito com uma vitória parcial nesta batalha. Todos os seus ataques possuem como alvo final que o homem rejeite a Deus e procure um caminho próprio, assim como ele mesmo o fez quando ainda morava entre os anjos do Senhor (Eze 28:15). Também não devemos nos deixar levar pelo orgulho espiritual, crendo que devido à nossa caminhada com Deus no passado estamos imunes a uma derrota no presente. Isso foi o que o apóstolo Paulo quis dizer com as palavras: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe para que não caia” (1Cor 10:12). Ainda sobre a altivez de espírito, recordemos das palavras de Pedro a Jesus: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo algum te negarei” (Mat 26:35).
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Como Podemos Ter Acesso à Verdade Que Destrói o Inimigo
O segundo ponto que quero salientar é quanto à verdade e à submissão. A verdade é a nossa principal arma contra o pai da mentira, e é a submissão a Deus que nos dá acesso à verdade. O homem que não se submete a Deus pode pensar que tem a verdade, e de fato muitos realmente não só pensam como também pregam aquilo que para eles é a verdade, mas Jesus foi claro que a verdade só se obtém através de um relacionamento pessoal e íntimo: “Se vós permanecerdes [Gr. μένω (meno) v. permanecer, ficar, continuar] na minha palavra [λόγος (lógos) s.m. palavra, ensino, verbo], verdadeiramente [Gr. αληθώς (alithós) adv. verdadeiramente, realmente, certamente] sois meus discípulos [Gr. μαθητής (mathitís) s.m. aprendiz, discípulo, aluno, seguidor]; e conhecereis [Gr. γινώσκω (guinósko) v. conhecer, saber; fig. ter relação sexual] a verdade [Gr. αλήθεια (álithia) s.f. verdade, dependência, integridade], e a verdade vos libertará [Gr. ελευθερόω (aletheró) v. libertar, livrar]” (João 8:31-32). O verbo [Gr. γινώσκω] significa conhecer intimamente. Este foi o mesmo verbo usado por Maria quando disse ao anjo Gabriel que não poderia se engravidar porque não conhecia [Gr. γινώσκω] homem (Luc 1:34). Ou seja, a verdade que liberta a que Jesus se refere não se trata de uma mera leitura e entendimento das suas palavras, mas sim de um conhecimento que naturalmente ocorre devido ao amor e à intimidade com o nosso Salvador, assim como ocorre entre o marido e a esposa que se amam e são íntimos. Este conhecimento da verdade, por sua vez, naturalmente resulta em uma completa obediência: “Se alguém me ama [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar], obedecerá [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] à minha palavra [λόγος (lógos) s.m. palavra, mensagem, verbo]; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada [μονή (moní) s.f. ficar juntos, estabelecer residência]. Quem não me ama, não obedece às minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] não é minha, mas do Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai] que me enviou [Gr. πέμπω (pémpo) v. enviar, despachar]” (João 14:23-24).
Sejam Boas ou Más, Todas as Promessas de Satanás São Falsas
Em suma, amados, os ataques sobrenaturais das forças do mal são resistidos e vencidos através da verdade. Quando estiverem sob um destes fortes ataques, primeiramente lembrem-se que ele está ocorrendo porque o Senhor o permitiu, e somente o permitiu para que vocês, que são seus filhos queridos, se beneficiem com a experiência, pois Deus permite que sejam provados “para que cresçam na perfeição, não faltando em coisa alguma” (Tiago 1:4). E em segundo lugar, se apeguem na verdade que liberta. Mesmo na fraqueza, procurem lembrar que tudo aquilo que vem do inimigo é falso. Se ele promete o mal, isso é falso, e se ele promete o bem, isso também é falso. Clamem pelo nome do Senhor da verdade e se agarrem à verdade, e serão libertos: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Espero te ver no céu.
Nesta Série de Estudos Bíblicos:
- Estudo Nº 1 – A Batalha Espiritual (Introdução).
- Estudo Nº 2 – A Batalha Espiritual (O Cristão Ingênuo).
- Estudo Nº 3 – Os Ataques Sobrenaturais (Algo Estranho).
- Estudo Nº 4 – Os Ataques Sobrenaturais (Além do que Podemos Aguentar).
- Estudo Nº 5 – Os Ataques Sobrenaturais (Resistir ao Diabo).
- Estudo Nº 6 – Os Ataques Simples (Dos Olhos e Ouvidos à Mente).
- Estudo Nº 7 – Extração e Transporte (Caminhos Diretos e Rotas Alternativas).
- Estudo Nº 8 – Resistência e Contra-ataque (A Oração Constante).
- Estudo Nº 9 – Resistência e Contra-ataque (A Oração de Consagração).
- Estudo Nº 10 – Resistência e Contra-ataque (O Jejum Regular).
- Estudo Nº 11 – Resistência e Contra-ataque (A Prática da Palavra).
- Estudo Nº 12 – A Batalha Espiritual (Conclusão).
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