O Sermão da Montanha: Estudo Nº 43: Orando o Pai Nosso: Parte 1: “Senhor, Ensina-nos a Orar”

Foto de uma pessoa sentada lendo a Biblia e orando, Serie: Orando o Pai Nosso Com Poder. Estudo Nº 1: Senhor, Ensina-nos a Orar? Markus DaSilva

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O Sermão da Montanha (O Sermão do Monte) – “Senhor, Ensina-nos a Orar”

A Oração do Pai Nosso

Mateus 6:7-8. Estudo Bíblico e Comentário Bíblico Nº 43 da série: O Sermão da Montanha. Parte 1 da série:  Orando o Pai Nosso

Por Markus DaSilva, Th.D.

Imagino ser muito pequeno o número de seres humanos nos últimos dois mil anos que nunca ouviu o “Pai Nosso”. Sem sombra de dúvidas, querendo ou não, praticamente todos conhecem pelo menos parte das famosas palavras de Jesus: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome…”. Nesta série, “Orando o Pai Nosso Com Poder”, faremos um estudo aprofundado e aplicativo de cada elemento que compõe o Pai Nosso, a oração modelo que o nosso Mestre tão amavelmente nos deu para que assim soubéssemos o básico da arte de orar. Sim, Jesus era um especialista em oração, e jamais encontraríamos um outro ser vivente com o conhecimento nesta matéria como o Filho unigênito de Deus. Os seus discípulos e apóstolos sabiam disso, pois viam que orar era um costume que Jesus não abria mão. Mesmo mantendo uma agenda tão agitada, Ele frequentemente reservava tempo para interagir com o Pai em oração: “Mas Jesus se retirava para os locais solitários, e ali orava” (Luc 5:16). Foi exatamente por reconhecerem que diante deles se encontrava o maior de todos os guerreiros de oração que já existiu, que um dos seus seguidores criou coragem e pediu que Jesus compartilhasse com eles um pouco da sua perícia no assunto: “Senhor, ensina-nos a orar” (Luc 11:1).

“Frequentemente sofremos ataques do inimigo com o objetivo de tirar o nosso foco durante os nossos diálogos com o Pai.”

O Evangelista Lucas Como um Historiador

O fato de Lucas identificar a pessoa apenas como “um dos seus discípulos”, faz-nos deduzir que não foi um dos 12 apóstolos e tampouco alguém que o autor considerou ser importante descobrir quem ele era. Lembremos que Lucas, o “amado médico” (Col 4:14), conforme Paulo o chamava, não estava presente durante o ocorrido e provavelmente só conhecia Jesus através dos relatos que se espalhavam por toda a região. Todo o evangelho de Lucas foi resultado de uma intensa pesquisa, averiguando fatos e entrevistando testemunhas oculares, conforme ele mesmo nos disse: “…depois de haver investigado tudo cuidadosamente desde o começo” (Luc 1:3). Podemos assim dizer que Lucas foi o primeiro historiador do cristianismo.

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Os Apóstolos e Discípulos de Jesus

Além dos 12 apóstolos [Gr. απόστολος (apóstolos) s.m. mensageiro, enviado], Jesus tinha pelo menos 70 outros homens que levavam o título de discípulos [Gr. μαθητής (mathitís) s.m. aprendiz, discípulo, aluno, seguidor] (Luc 10:1). Mas, independentemente de quem foi o discípulo que fez a pergunta, Jesus atendeu ao seu pedido e Lucas então relata uma das duas vezes que Jesus deu a nós, os seus atuais discípulos, um esboço para que soubéssemos o que falar com Deus nas nossas orações. Um esboço, que, se as palavras que saíram da boca do nosso Mestre forem usadas de coração e aplicadas com perseverança e fé, estaremos continuamente recebendo dos altos um poder real, transformador, onde nenhuma montanha terá a ousadia de bloquear o nosso caminho rumo à casa do Pai.

A Oração do Pai Nosso Como um Delineamento ou Esboço

Na série de estudos bíblicos anterior, mencionei que utilizo do Pai Nosso como um delineamento, um plano de ação, para a minha Oração de Consagração que faço todas as noites, à meia-noite, e que dura um pouco mais de uma hora. Não é complicado. Eu simplesmente me recorro a cada parte do Pai Nosso como um tema a ser abordado com Deus ou como um ato de adoração, dependendo da parte da oração em que eu me encontre. Cada segmento do Pai Nosso é expandido e dura alguns minutos no meu diálogo com o Senhor. Em cada estudo desta série darei mais detalhes sobre como faço esta expansão do Pai Nosso na esperança de que a informação seja de alguma ajuda para os nossos leitores que ainda tem dificuldade nesta área.

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As Duas Versões do Pai Nosso

Mencionei mais acima que o relato de Lucas se refere a uma das duas vezes que Jesus nos deu a oração do Pai Nosso porque Mateus também relata um evento em que Jesus nos ensina o Pai Nosso, mas tudo indica que os dois evangelistas não se referem ao mesmo episódio. Em Lucas, conforme já mencionado, Jesus nos ensina o Pai Nosso em resposta a um pedido de um dos seus discípulos que gostaria de aprender a orar com Jesus, assim como os seguidores de João Batista aprenderam a orar com o profeta. Mateus, por outro lado, não menciona qualquer pedido, mas sim relata Cristo ensinando a oração do Pai Nosso como parte do conhecido Sermão da Montanha (Mat 6:9) onde Jesus descreve não só como devemos orar, mas também nos alerta quanto às certas práticas comuns entre os religiosos da época que os seguidores de Jesus não devem imitar quando oram. Lidaremos com estas práticas mais adiante.

As Diferenças do Pai Nosso Relatado Por Mateus e Lucas

A versão do Pai Nosso do Sermão da Montanha em Mateus, além de diferenciar do relato de Lucas em algumas expressões no original Grego, também é mais longa, incluindo três frases que Lucas não menciona: “que estás nos céus” [Gr. ο εν τοις ουρανοίς (o en tis uranis)]; “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” [Gr. γενηθήτω το θέλημά σου ως εν ουρανώ και επί της γης (genithito to thelima su os en urano ke epi tis guis)] e “mas livra-nos do mal” [Gr. αλλά ρύσαι ημάς από του πονηρού (alla rise imas apo tu poniru)]. Uma outra indicação de que os dois relatos se referem a duas ocasiões separadas é que na continuidade de Lucas, Jesus utiliza de uma parábola para incentivar os discípulos à prática da oração (Luc 11:5-10), enquanto Mateus, logo após o Pai Nosso, descreve os ensinos de Jesus sobre o perdão e o Jejum (Mat 6:14-18), dando sequência ao sermão da montanha. Nesta série utilizaremos ambos relatos, incluindo a parte final da oração, uma doxologia mencionada apenas em Mateus e que não se encontra em alguns manuscritos mais antigos: “Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém” (Mat 6:13). Esta doxologia na oração do Pai Nosso de Mateus se assemelha bastante à abertura da oração do rei Davi na preparação para a construção do templo do Senhor (Ver 1Cron 29:11).

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A Canonicidade da Oração do Pai Nosso

Para a finalidade desta série, é desnecessário que eu entre em mais detalhes quanto às diferenças dos dois relatos do Pai Nosso nas Escrituras. Quem gostar e quiser estudar mais sobre estas diferenças, já existe bastante material disponível sobre o assunto. Não tenho o interesse ou tempo para abordar o aspecto histórico do Pai Nosso, incluindo a canonicidade dos dois relatos, simplesmente porque entendo que se Deus permitiu que o Pai Nosso, tal qual conhecemos, estivesse nas Escrituras por cerca de 2000 anos, é porque cada uma das suas palavras foram inspiradas pelo Espírito Santo, independentemente de como ou exatamente quando elas foram inseridas (2Tim 3:16-17).

O Pai Nosso é um Modelo Para a Nossa Oração e Não um Mantra

Entendemos que o Pai Nosso é um modelo, ou um esboço a ser seguido. Ou seja, Jesus não nos deu a oração do Pai Nosso para que fosse repetida várias vezes, como uma espécie de mantra, palavra por palavra, de uma forma mecânica, como alguns os fazem, geralmente porque assim aprenderam dos seus pais e líderes religiosos. Repetição de certas palavras ou frases como parte dos rituais de adoração aos seus deuses é, no entanto, uma prática comum fora do cristianismo (1Re 18:26; Atos 19:34), e certamente não existe nenhum ensino nas Escrituras que apoie esta atividade. Na realidade, antes de nos dar o Pai Nosso, este foi um dos alertas de Jesus: “E, orando, não useis de vãs repetições [Gr. βατταλογέω (vatalogéo) v. gaguejando ou com muito blá-blá-blá], como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes” (Mat 6:7-8). Uma outra confirmação de que a intenção de Jesus ao nos dar o Pai Nosso não foi que deveríamos simplesmente repetir as palavras é que não existe sequer um relato nos evangelhos ou nas epístolas de indivíduos, ou só ou em grupo, “orando o Pai Nosso”, como seria o caso se eles tivessem entendido que o Pai Nosso era para ser repetido literalmente, palavra por palavra.

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A Função da Oração do Pai Nosso

Ao nos dizer que o nosso Pai sabe o que nos é necessário antes de o pedirmos, Jesus nos ensinou que o ponto principal de orarmos não é que Deus precisa ser informado, como é o caso dos pais humanos que muitas vezes não sabem o que os filhos querem a menos que lhes digam. A oração tem sim, como o seu principal objetivo a demonstração de dependência e confiança e é por isso que as orações que funcionam precisam ser acompanhadas da fé em ação. O indivíduo que pede a Deus por algo em oração, mas que ao terminar de orar não age como quem espera ser atendido, então a sua oração não passou do uso de palavras e não refletiu a verdadeira dependência que deve existir entre o Pai que está nos céus e o filho que está na terra.

As Duas Partes do Pai Nosso

O Pai Nosso possui a parte de adoração e a parte de petição. O início e a doxologia, são elementos da oração em que adoramos a Deus no nosso reconhecimento da Sua posição de Criador, da Sua grandeza e da Sua autoridade (Mat 6:9-10; Luc 11:2), enquanto o restante (Mat 6:11-13; Luc 11:3-4) consiste do nosso reconhecimento da sua posição de provedor e protetor dos seres humanos em geral e protetor dos seus filhos em particular: “Se vós, pois, sendo maus [Gr. πονηρός (ponirós) adj. mal, maldoso, maligno, imoral], sabeis dar boas [Gr. αγαθόσ (agathós) adj. bem, bom] dádivas a vossos filhos [Gr. τέκνον (teknon) s.n. filho, criança], quanto mais vosso Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai (Deus), pai (biológico)]  , que está nos céus [Gr. ουρανός (uranós) s.m. céu], dará boas coisas aos que lhes pedirem?” (Mat 7:11).

O Aspecto Pessoal e Profético do Pai Nosso

Parte do Pai nosso possui um aspecto presente e pessoal, mas, ao mesmo tempo, profético, onde sabemos que a resposta da nossa petição, na sua plenitude, apenas ocorrerá quando o Reino de Deus estiver completamente estabelecido. Por exemplo, a vontade de Deus será feita na terra, assim como ela é atualmente feita no céu, apenas quando o pecado não mais existir entre as suas criaturas na nova terra (Isa 65:17; Apo 21:1). Mas, este mesmo pedido, porém, pode e deve ser aplicado na nossa vida individual no presente, afinal, um dos maiores desejos do cristão deve ser que a vontade de Deus seja feita na sua vida, assim como Jesus nos demonstrou com o seu próprio exemplo: “Disse-lhes Jesus: A minha comida [Gr. βρώμα (vroma) s.n. comida] é fazer [Gr. ποιέω (pieó) v. fazer, atuar, obedecer, praticar, executar] a vontade [Gr. θέλημα (thélima) s.n. desejo, propósito, vontade] daquele que me enviou, e completar [Gr. τελέω (teléo) v. terminar, completar] a sua obra [Gr. έργον (érgon) s.n. ação, ato, ocupação, obra]” (João 4:34). Mas falaremos mais sobre esta dicotomia do Pai Nosso quando abordarmos estas partes da oração modelo do Senhor.

O Benefício de Ter um Esboço nas Orações Mais Longas

Ter o Pai Nosso como um esboço para as nossas orações mais longas é essencial porque frequentemente sofremos ataques do inimigo com o objetivo de tirar o nosso foco durante os nossos diálogos com o Pai nosso que está nos céus. Aliás, devo mencionar que uma boa parte da batalha espiritual entre Deus e as forças do mal aqui na terra ocorre durante os nossos momentos de orações. Se o cristão não possuir de antemão um plano a ser seguido, ele, com certeza, cairá nas frequentes armadilhas de Satanás e se distrairá o tempo todo com todos os tipos de pensamentos. Durante as minhas orações de consagração, já me peguei várias vezes perdendo minutos preciosos meditando nas coisas mais idiotas e inúteis possíveis. Quando isto ocorre, eu ficaria realmente perdido se não tivesse o Pai Nosso me servindo como um esboço. Neste caso, assim que o Espírito Santo me tira destes encantamentos do inimigo, eu rapidamente me lembro onde estava na minha conversa com o Senhor e continuo a oração a partir daquele ponto, deixando o maligno com as suas sugestões diabólicas para trás. [Acesse Estudo Sobre a Oração de Consagração]

O Porquê Escrevemos Esta Série Sobre o Pai Nosso

Irmão, estamos muitíssimos animados com esta nova série. A inspiração surgiu porque sabemos muito bem que não é fácil para nós cristãos mantermos a concentração durante as orações mais longas, e isso causa desânimo, esfriamento e faz com que muitos apenas façam as orações mais rápidas, de alguns poucos minutos. Tenhamos em mente que Jesus sabia muito bem deste problema entre nós, os seus seguidores, e foi exatamente por isto que o Pai Nosso nos foi dado: “Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso…” (Mat 6:9). Mas como poderemos utilizar da oração do Pai Nosso como um modelo se não sabemos com clareza o significado de cada uma das suas partes? Como poderemos meditar nas palavras que saem da nossa boca se desconhecemos exatamente o impacto que elas causam em Deus e o poder que possuem para obtermos as respostas daquilo que estamos pedindo? Foi para responder a estas perguntas e para crescermos juntos em intimidade com o Pai, e nos tornarmos poderosos guerreiros de oração, que me empenharei, com a ajuda indispensável do Espírito Santo, a escrever para os nossos queridos leitores esta série sobre o Pai Nosso: “A oração [Gr. δέησις (dêisis) sub. oração, suplica, petição]  de um justo [Gr. δίκαιος (díkaios) ad. justo, íntegro, aprovado, reto] pode muito na sua atuação” (Tiago 5:16). Espero te ver no céu.
 

Obs.: A série sobre a oração do Pai Nosso faz parte da série completa sobre o Sermão da Montanha
[Acesse o esboço completo do Sermão da Montanha]

Nesta Série de Estudos Bíblicos Sobre a Oração do Pai Nosso: