Os Mandamentos de Jesus (Obedecendo a Jesus): Estudo Nº 8: Paulo e a Obediência

Foto de um rapaz olhando o céu azul de manhã. (Parte 8) Série: Obedecendo a Jesus. Estudo Nº 8: Paulo e a Obediência por Markus DaSilva

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Estudo Bíblico Sobre os Mandamentos de Jesus: Parte 8

Por Markus DaSilva, Th.D.

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Começaremos este estudo da série lembrando o princípio de Autoridade Divina já estabelecido nos nossos textos que é: todas as doutrinas [Gr. διδασκαλία (didaskalia) s.f. ensino, doutrina, instrução], seja na Bíblia ou fora dela, deverão ser analisadas e julgadas pelas palavras do nosso perfeito Mestre: Jesus Cristo e dos profetas do Senhor que antecederam e nos instruíram sobre o Messias até João Batista: “Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João” (Mat 11:13). Se analisarmos as várias frases que o apóstolo Paulo nos transmitiu através das suas numerosas cartas nos baseando em opiniões de pregadores e comentaristas; ou se compararmos uma frase de Paulo com uma outra frase de Paulo; ou se compararmos Paulo com outros autores das Escrituras a procura de diferenças, semelhanças e equivalências; se fizermos tudo isso e ignorarmos as palavras do nosso Mestre contidas nos quatro evangelhos, como se aquilo que Jesus nos disse fossem ensinos secundários e irrelevantes para a nossa salvação, então estaremos simplesmente convidando o inimigo para que ele insira todos os tipos de enganos na nossa mente. Não, isto é algo que jamais deverá ser feito. Não cairemos neste erro fatal que tantos caíram no passado e seguem caindo nos nossos dias. Não nos deixaremos ser guiados por nenhuma outra luz, senão aquela que desceu dos céus: “Eu sou a luz do mundo [Gr. Φως του κόσμου (fós tu kósmu) luz do mundo]; quem me segue de modo algum andará em trevas [Gr. σκοτία (skotia) s.f. trevas, escuridão; fig. vida sem Deus, ignorância], mas terá a luz da vida [Gr.  ζωή (zoí) s.f. a vida por completo, alma e corpo]” (João 8:12). E em outro lugar lemos sobre quem é o único porta-voz de Deus para os seguidores de Cristo, declarado pelo próprio Pai: “Eis que uma nuvem brilhante [Gr. φωτεινός (fotinós) adj. cheio de luz, brilhante] os cobriu [Gr. επισκιάζω (episkiázo) v. lançar sombra, obscurecer]; e dela saiu uma voz [Gr. φωνή (foní) s.f. voz, som] que dizia: Este é o meu Filho amado [Gr. υιός μου ο αγαπητός (yiós mu o agapitós) Lit. Filho meu, o amado], em quem me deleito [Gr. ευδοκέω (idokéo) v. estar satisfeito com, se deleitar em, ter prazer em]; escutem [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] o que ele diz!” (Mat 17:5. Ver também: João 12:48-50. Comparar com Exo 20:19).

“Muitos aproveitam a complexidade das palavras de Paulo para de alguma forma conseguirem um falso respaldo na Bíblia para seguirem amando este mundo.”

O Apóstolo Paulo se Converteu de Uma Forma Diferente dos Outros Apóstolos

Mas quanto a Paulo, sabemos muito bem que ele passou a ser um seguidor de Jesus de uma forma completamente diferente dos demais cristãos na Bíblia. O apóstolo Paulo não se converteu ao ouvir as pregações de Jesus e presenciar os seus milagres; nem de Jesus, nem de um dos apóstolos que saíram pregando o evangelho por toda a redondeza em obediência ao mandamento de Jesus que Ele próprio lhes deu pouco antes de subir aos céus: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mat 28:19-20). Na realidade, não sabemos de nenhum evento evangelístico em que Paulo esteve presente, com exceção da pregação de Estêvão que ocorreu algum tempo depois da crucificação de Cristo, evento este que culminou com o seu linchamento: “…e, lançando-o [Estêvão] fora da cidade o apedrejaram. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo [ou Paulo no grego]” (Atos 7:58); “e quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu [Paulo] também estava presente, consentindo na sua morte e guardando as capas dos que o matavam” (atos 22:20).

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O Apóstolo Paulo e a Revelação do Evangelho

Certamente que Deus poderia ter providenciado que Saulo (o seu nome hebraico) ou Paulo (o seu nome grego) ouvisse e aceitasse o evangelho da salvação enquanto Jesus ou algum apóstolo pregava na região, e que se tornasse, se não um apóstolo, pelo menos um dos seus discípulos originais, mas não o fez. Segundo o relato do próprio Paulo, a sua conversão e conhecimento do evangelho se iniciou cerca de cinco anos depois da ascensão de Cristo, de uma maneira sobrenatural, por revelação e ironicamente quando Paulo se dirigia a uma cidade com o específico objetivo de destruir a pequena e frágil igreja que havia recentemente iniciada: “porque não o recebi [o evangelho] de homem algum, nem me foi ensinado; mas o recebi por revelação [Gr. αποκάλυψις (apokálipsis) s.f. revelação, descoberta] de Jesus Cristo” (Gal 1:12). Não é muito claro por quanto tempo Paulo aprendeu o evangelho de Jesus através de revelações antes de começar a pregar a sua nova fé, mas é possível que tenha sido durante os três anos após a sua conversão, quando preferiu se retirar para a região da Arábia e Damasco (Gal 1:17-18), em vez de procurar pela direção e apoio da igreja em Jerusalém, especificamente de Tiago, Pedro e João, ou “aqueles que aparentavam ser os pilares da igreja”, como ele ironicamente se referiu aos apóstolos originais de Jesus. Entendemos que Paulo usou de ironia quando escreveu esta frase porque é difícil crer que ele era completamente ignorante quanto a quem eram os líderes da igreja messiânica que até recentemente perseguia (Gal 2:9). Paulo utilizou desta linguagem ofensiva provavelmente porque a igreja de Jerusalém não aceitava de bom grado a maneira que estava ensinando o evangelho entre os gentios: “… não consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para estar com os que já antes de mim eram apóstolos” (Gal 1:16-17).

Todo o Homem é Escravo Daquilo Que Ele Obedece

Duas coisas preocupavam ao apóstolo Paulo no seu ministério. A primeira era quanto a como o evangelho de Jesus deveria ser pregado aos gentios que não estavam familiarizados com os ensinos da Tanakh (Velho Testamento hebraico, incluindo a Torah). E a outra é o entendimento de alguns Judeus messiânicos (Judeus que aceitavam a Jesus como o Messias) quanto à necessidade de continuar observando as leis cerimoniais do templo [Heb. קרבנות (korbanot) Leis Sacrificiais] e a [Heb. משנה (Mishnah) Repetição – Tradições dos Anciãos]. Paulo entendia corretamente que todo o homem é escravo [Gr. (dúlos)] (Rom 6:15-16), de alguma força. Daquilo que o homem se prontifica a obedecer, ele será um escravo (ou servo). Dentro do seu entendimento então, se o cristão insistir em obedecer às leis cerimoniais e a Mishnah, ele recusará a liberdade que Jesus proporcionou ao morrer na cruz. Pois, Jesus completou e seguirá completando até o fim, todo o simbolismo que era necessário antes da sua vinda: “Não suponhas [Gr. νομίζω (nomízo) v. aceitar como regra, ter como costume, supor] que vim destruir [Gr. καταλύω (katalío) v. destruir, por abaixo, dissolver] a lei ou os profetas [Gr. τον νόμον ή τους προφήτας (ton nómon i tu profítas) Lit. a lei ou os profetas]; não vim destruir, mas completar [Gr. πληρόω (pliro) v. completar, encher, lotar]” (Mat 5:17).

A Servidão do Korbanot, da Mishnah; e a Servidão do Pecado

Paulo observava, porém, que não era apenas as leis sacrificiais e as Tradições dos Anciãos. que os seus ouvintes se prontificavam a servir. Ele viu que vários cristãos que haviam aceitado a liberdade que Jesus lhes deu nestas áreas estavam caindo em um outro extremo e crendo erroneamente que Deus não mais se importava com o pecado. Ou seja, eles estavam saindo da servidão dos fariseus para uma servidão ainda pior, que é a servidão da carne. Eles não entenderam o que a graça que Deus nos demonstrou através de Jesus realmente significava: “O que então? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como escravos [Gr. δούλος (dúlos) s.m. escravo, servo, cativo] para lhe obedecer, sois escravos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a retidão?” (Rom 6:15-16). Notemos que Paulo menciona nestes versos três opções de escravidão (ou servidão), duas negativas e uma positiva: a lei (debaixo da lei), o pecado (escravidão do pecado) e a obediência (escravidão da obediência). Servir a Lei Sacrificial [korbanot] e as Tradições dos Anciãos [Mishnah], com suas centenas de cerimônias e rituais, implica na rejeição do sacrifício de Jesus (Rom 10.4); servir ao pecado implica na morte eterna (Rom 6:23) e servir a obediência implica na justificação perante Deus (Rom 6:22). Mas a quem devemos servir em obediência para que sejamos justificados e possamos receber a vida eterna? Paulo nos responde na sua carta aos Colossenses: “sabendo que do Senhor recebereis como recompensa a herança; seja escravo [Gr. δουλεύω (duleúo) v. tornar-se escravo] de Cristo, o Senhor” (Col 3:24). [Acesse Série Sobre a Graça]

Servindo a Cristo

O apóstolo Paulo então defendia que devemos viver em servidão como servos de Cristo, obedecendo a tudo aquilo que nos foi ensinado, pois como poderíamos servir a alguém sem que obedeçamos a ele? “Paulo, servo [Gr. (dúlos)] de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus” (Rom 1:1). Paulo procurava ensinar aos seus ouvintes as mesmas leis baseadas no amor a Deus e ao próximo que Jesus nos transmitiu. Observemos as palavras de Jesus: “Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros” (João 13:13-15). E observemos as palavras de Paulo: “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo [Gr. νόμον του χριστού (nômon tu Cristú) lei de Cristo]” (Gal 6:2).

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Os Amantes da Carne e os Escritos de Paulo

Queridos, nenhum escrito em todo o mundo é usado mais fora de contexto do que as cartas do apóstolo Paulo. Realmente, conforme o nosso irmão Pedro nos disse, nos escritos de Paulo “há pontos difíceis de entender, que os ignorantes e volúveis torcem, como o fazem também com os outros escritos [Gr. γραφή (grafí)] para sua própria perdição” (2Pe 3:16). Eles aproveitam a complexidade das palavras de Paulo para de alguma forma conseguirem um falso respaldo na Bíblia para seguirem amando este mundo (Rom 12:2; Gal 1:4; Efe 4:23; 2Tim 4:10). Não morreram para o eu e não amam a Jesus a ponto de abandonarem tudo para o seguirem (Luc 14:26; João 12:25) e precisam então de algum tipo de apoio, ainda que fantasioso, para continuarem amando a si mesmos, mas, ao mesmo tempo, insistirem que amam a Cristo: “Se [Gr. εάν (ián) conj. se, caso, já que] alguém me ama [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar], obedecerá [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] à minha palavra [Gr. λόγος (lógos) s.m. palavra, mensagem, verbo]; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada [Gr. μονή (moní) s.f. ficar juntos, estabelecer residência]. Quem não me ama, não obedece às minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] não é minha, mas do Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai] que me enviou [Gr. πέμπω (pémpo) v. enviar, despachar]” (João 14:23-24).
 

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