Os Mandamentos de Jesus (Obedecendo a Jesus): Estudo Nº 9: A Graça e a Obediência

Foto de uma mulher admirando uma floresta de manhã. (Parte 9) Serie: Obedecendo a Jesus. Estudo Nº 9: A Graça e a Obediência por Markus DaSilva

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Estudo Bíblico Sobre os Mandamentos de Jesus: Parte 9

Por Markus DaSilva, Th.D.

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eralmente nos nossos estudos apresentamos o tema na introdução, desenvolvemos o nosso argumento no corpo do texto, e no fim apresentamos a devida conclusão. Neste estudo sobre a graça e a obediência, porém, devido a tanto abuso e ensinos contrários às Escrituras existentes no meio cristão sobre este tópico, é necessário que logo de imediato adiantemos qual será a conclusão. Devemos entender uma verdade que se encontra em toda a Palavra de Deus, Velho e Novo Testamentos: não existe salvação sem obediência. A grande prova de que alguém alcançou o coração de Deus é o desejo de obedecer ao Pai; o desejo de fazer a sua vontade. Poderíamos dar centenas de versos bíblicos como respaldo, mas para esta introdução, daremos apenas três, todas elas vindas do Messias:

  • “Se obedecerdes aos meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor” (João 15:10).
  • “Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a observam” (Luc 8:21).
  • “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam” (Luc 11:28).

Toda a alma que se salvou até então e toda a alma que se salvará até o último dia deste planeta são aquelas que se arrependeram e a partir de então procuraram viver em obediência às palavras do Senhor (João 3:3). Só pelo fato de Jesus nos ter dito as palavras citadas acima, já poderíamos encerrar este estudo aqui mesmo, mas infelizmente Satanás continua solto e seguirá solto por um tempo, e por isso teremos que escrever um pouco mais sobre a graça e a obediência ao Senhor.

“No final, a graça da salvação é efetuada pela fé, e a fé, por sua vez, é efetuada pela obediência em Jesus. A obediência é então o fator determinante da salvação.”

O Ensino Verdadeiro e o Ensino Falso Sobre a Graça

Existe algo verdadeiro e algo terrivelmente falso no entendimento popular sobre a salvação pela graça. O verdadeiro e incontestável é que a salvação é algo que vem de Deus, e não de nós, muito correto. O falso é que salvação pela graça tem algo a ver com a falta de merecimento, como se Deus tivesse um interesse especial em salvar a pessoa má, rebelde e desobediente; aquele que procura não merecer ser salvo. E por causa deste entendimento falso dizem que graça significa: “favor imerecido”.

Não precisamos pensar muito para ver que o conceito de que Deus procura salvar as pessoas que não merecem não procede das Escrituras e nem faz o menor sentido, pois já que os defensores da falsa graça dizem que nenhum homem merece ser salvo e que a graça da salvação é dada sem qualquer merecimento, então o que eles estão de fato afirmando — ainda que não admitem — é o absurdo de que todo o homem no final será salvo. A conclusão em que esta estranha doutrina naturalmente nos leva é algo que vai contra tudo aquilo que nos foi revelado sobre o plano de salvação, incluindo o requerimento de que o ímpio precisa se arrepender e afastar do pecado para que Deus o salve: “Tenho eu algum prazer [Heb. חפץ (réfets) s.m. prazer, deleite] na morte [Heb. מות (mávet) v. morte, morrer, morto] do ímpio [Heb. רשע (rêsha) adj. ímpio, perverso]? diz o Senhor [Heb. אדון (Adon) s.m. Senhor, Soberano, Mestre] Deus [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. YHWH, Jeová, Javé]. Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva [Heb. חיה (rraiá) v. viver, ter vida]?” (Eze 18:23).

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A Expressão Popular: Favor Imerecido, Não se Encontra na Bíblia

Lembrando que o prefixo de origem latina “i” dá às palavras em português e em várias outras línguas, incluindo o inglês, um sentido contrário ou oposto do que seria sem o seu uso. Por exemplo: responsável, irresponsável; legítimo, ilegítimo; legal, ilegal, etc.; e neste caso, “favor imerecido” é o mesmo que “favor sem merecimento” ou “favor dado a alguém que não merece” ou “favor dado a alguém que não faz por merecer”. No uso comum da expressão, quando falamos que alguém não merece algo, a implicação é sempre negativa. Quando um patrão diz que o funcionário não merece um aumento salarial, o entendimento é o de que ele foi um mau empregado. Quando uma moça diz que o ex-namorado não merece uma segunda chance, o entendimento é o de que o erro cometido foi grave demais para um possível retorno. Também lembrando que esta expressão, “favor imerecido”, não se encontra na Bíblia; é uma definição puramente de homens. Simplesmente começou a ser utilizada nos escritos e falada dos púlpitos e as pessoas aceitaram sem questionar a séria implicação doutrinária da frase: “O meu povo [Heb. עם (amm) s.m. povo, nação, compatriotas, parentes] está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento [Heb. דעת (daát) s.f. s.m. conhecimento, discernimento]” (Ose 4:6). Em tempo, no inglês, embora também tenha o prefixo “i”, o prefixo usado neste caso, é o “un” e a expressão então fica: “unmerited favor”.

Jesus Apenas Utilizou a Palavra Graça Como “Merecimento”

Isto pode ser novidade para alguns, mas a realidade é que Jesus nunca usou a palavra “graça” com a definição de “favor imerecido”. As únicas quatro vezes que o Senhor usou especificamente a palavra grega traduzida como “graça” [Gr. χάρις (rráris)], da raiz [Gr. χαίρω (rriéro) v.  estar contente], foram significando o oposto do que é popularmente defendido dos púlpitos: “Se amardes [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar] os que vos amam, que mérito [Gr. χάρις (rráris) s.f. agrado, graça, favor, valor, mérito] há nisso? Até os pecadores [Gr. αμαρτωλός (amartôlos) adv. pecador, mundano] amam os que os amam. E se fizerdes bem [Gr. αγαθοποιέω (agathopoió) v. fazer o bem, ser bondoso] aos que vos fazem bem, que mérito [Gr. χάρις (rráris)] há nisso? Também os pecadores [Gr. αμαρτωλός (amartôlos)] fazem o mesmo. E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito [Gr. χάρις (rráris)] há nisso? Também os pecadores [Gr. αμαρτωλός (amartôlos)] emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto” (Luc 6:32-34). Podemos ver claramente que o que Jesus nos disse em todas estas passagens foi o contrário daquilo que tantos líderes ensinam ser o significado da palavra “graça”.  No caso do verso acima, por exemplo, Jesus foi bem claro que existe mérito perante Deus quando cumprimos o seu mandamento de amar os nossos inimigos (Mat 5:44; Luc 6:27-28). Segundo os próprios lábios de Jesus, os “amartolós” (pecadores, mundanos, rebeldes, malvados) não possuem mérito com Deus porque apenas amam os seus amigos.

O Entendimento Correto da Salvação Pela Graça

Mas continuando. Graça é uma daquelas palavras com vários usos, mas todos eles relacionados. Tanto no hebraico [Heb. חן (ren)] como no grego [Gr. χάρις (rráris) s.f. agrado, graça, favor, valor, mérito] da raiz [Gr. χαίρω (rriéro) v. estar contente], a ideia que parece dominar é a de um favor, ou uma bondade concedida a um ser quando ele agrada ou conquista a boa vontade de um outro ser. Podemos confirmar este correto sentido da palavra “graça” nas Escrituras Sagradas, tanto quando o contexto é agradar a um outro ser humano, como também agradar a Deus (Gen 6:8-9; Gen 19:19; Exo 33:12; Rut 2:10; 1Sam 20:30; Ester 5:2; Luc 1:30; Luc 2:40; João 1:14; Atos 24:27; Atos 25:9).

O processo de salvação da alma de fato é pela graça que nos foi concedida quando ainda estávamos imersos na ignorância, perdidos em um mundo de ilusão e destinados à morte eterna. Por nós mesmos nem sequer entendíamos que precisávamos ser salvos. Assim como o povo de Nínive, não sabíamos discernir entre a nossa mão direita e a esquerda (Jon 4:11). Deus então precisou, ele mesmo, iniciar o processo de salvação, nos abrindo os olhos para a nossa condição de perdidos. O que devemos entender, no entanto, é que em todos os casos onde a graça da salvação alcança um ser humano, houve alguma coisa neste ser humano que agradou a Deus, sendo que o reverso também é verdade, ou seja, nenhum ser humano alcançará a graça da salvação se nada na vida deste ser humano agrada a Deus: “O Senhor firma os passos de um homem, quando a conduta deste o agrada” (Sal 37:23).

Somente Deus Pode Determinar o Merecimento de Alguém

O valor, ou agrado, ou mérito que existe na pessoa que Deus salva pela graça é algo que apenas Deus consegue ver: “o Senhor não vê como vê o homem [Heb. אדם (adam) s.m. homem, pessoa, ser humano], pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor [Heb. יהוה‎ (Yerrovah) np.div. Jeová] olha para o coração [Heb. לבב (lêiváv) s.m. coração; fig. alma, mente, caráter]” (1Sam 16:7). No céu encontraremos tanto pessoas que segundo o nosso entendimento eram merecedoras de serem alcançadas pela graça da salvação, como também algumas que jamais pensávamos que estariam lá. Podemos confirmar esta verdade em vários exemplos de conversões na Bíblia, como a do Cornélio, o centurião romano que claramente agradava a Deus na sua conduta e o Senhor o recompensou com a graça da salvação: “O anjo respondeu-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido como oferta memorial diante de Deus; agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro… Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é aceitável aquele que, em qualquer nação, o teme e pratica [Gr. έργον (érgon) s.n. ação, ato, trabalho, ocupação, obra] o que é justo” (Atos 10:4-5; 34-35). Não existe a menor dúvida neste verso que tanto o anjo, como Pedro, declarou inequivocamente que devido à sua conduta, o centurião mereceu que Deus lhe estendesse a graça da salvação.

Para um exemplo oposto, ou seja, de alguém que não fazia por merecer, segundo o nosso entendimento, basta mencionar a graça da salvação que Deus estendeu a Paulo: “Respondeu Ananias: Senhor, de muitos ouvi falar acerca desse homem [Paulo], quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém… Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios” (Atos 9:13,15). Neste caso, vemos também inequivocamente que Paulo não fazia nada por merecer a graça da salvação, e, no entanto, a graça lhe alcançou. Deus viu em Paulo algo que ninguém naquela época conseguiria. Baseado no entendimento daqueles que o conheciam, a última pessoa que Deus estenderia a graça da salvação seria para este impiedoso perseguidor da igreja (Atos 8:3).

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A Graça Liberta e Nos Dá a Capacidade de Escolha

Concluímos então que quando se trata do homem perdido, não temos a capacidade de afirmar se o nosso semelhante merece ou não receber a graça da salvação, pois apenas Deus consegue ver esta questão de merecimento. O fato, porém, é que Deus vê, e não só vê como também atua quando o indivíduo lhe agrada. A atuação de Deus ocorre através do livre arbítrio. A graça de Deus liberta e liberdade pressupõe capacidade de escolha, caso contrário não é liberdade: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:36). Jesus disse “verdadeiramente” porque não é uma falsa liberdade. Isto quer dizer que Deus permitirá que a pessoa alcançada pela graça a receba ou a rejeite: “tendo cuidado para que ninguém se exclua da graça de Deus” (Heb 12:15). Ou seja, o Senhor abre os olhos do homem para que ele possa ver claramente a situação desesperadora em que se encontra e ele então terá a liberdade de aceitar ou rejeitar a graça que lhe foi estendida. O nosso entendimento é que tanto Cornélio como Paulo se mantiveram na graça, e como recompensa foram salvos, mas nem sempre isso acontece, como veremos a seguir.

A Dinâmica de Causa e Efeito da Graça da Salvação

Jesus chamou a doze, e muito embora todos tiveram o mesmo acesso ao “caminho, verdade e vida”, um deles no final se excluiu da graça e escolheu uma outra direção (Luc 22:4). Ao jovem rico foi estendida a graça, mas ele, amando mais as riquezas, se excluiu da graça e foi-se embora triste (Mat 19:22). Após a graça ser alcançada, existe então uma dinâmica de causa e efeito. Quem obedece cresce na graça e é salvo (2Pe 3:18), e quem desobedece, rejeita a graça e é condenado (2Cor 6:1; Ro 2:8). No final, a graça da salvação é efetuada pela fé, e a fé, por sua vez, é efetuada pela obediência em Jesus. A obediência é então o fator determinante da salvação: “Quem crê [Gr. πιστεύω (pistévo) v. crer, confiar, estar persuadido] no Filho tem a vida eterna [Gr. ζωήν αιώνιον (zoin eônion) vida eterna]; o que, porém, desobedece [Gr. απειθέω (apithéo) v. desobedecer, recusar cumprir algo]  ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece [Gr. μένω (mêno) v.  morar, permanecer, reter, continuar, persistir] a ira de Deus [Gr. οργή του Θεού (orín tu Theú) ira de Deus]” (João 3:36).

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A Falsa Graça Ensina a Desobedecer à Jesus

A definição popular de que a graça é um “favor imerecido” pressupõe erroneamente que se o irmão ou irmã procurar viver em obediência aos mandamentos de Jesus, se distanciando do que é errado e procurando fazer somente aquilo que agrada a Deus, ela estaria procurando fazer por merecer e assim se desqualificaria como um recipiente da sua graça, ou como geralmente dizem, a pessoa estaria tentando “ganhar a salvação” e assim não seria salva. Este tipo de acusação, a propósito, foi o que a minha querida esposa ouviu de um líder na frente de várias pessoas, há não muito tempo atrás. Ensinar algo assim, além de ser ilógico e diabólico, é completamente contrário a tudo aquilo que lemos nas Escrituras. O outro lado desta dedução é ainda mais absurdo, pois a pessoa chegará à conclusão de que a melhor maneira de receber a graça da salvação que vem de Deus é não procurar agradá-lo e viver em desobediência, pois agindo assim a salvação será garantida, uma vez que seria de fato imerecida. O apóstolo Paulo, ao ser informado que as pessoas estavam usando dos seus escritos como respaldo para ignorar os mandamentos de Deus (Rom 3:8), abordou este entendimento errado sobre a graça ao escrever: “Que diremos então? Permaneceremos no pecado, para que aumente a graça? De modo nenhum” (Rom 6:1-2).

Deus Não Recompensa o Desobediente Com a Salvação

Falemos agora algo extremamente óbvio, mas que deve ser dito para pôr abaixo de uma vez por todas esta tática do Maligno. Nenhum ser humano tem qualquer coisa a ganhar sendo desobediente a Deus e definitivamente não ganhará a salvação como recompensa pela sua desobediência. Por outro lado, o homem que procura ser obediente a Deus tem tudo a ganhar e definitivamente não será punido com a perdição por isso. Muito pelo contrário. A palavra é bem clara que todo aquele que de fato ama a Jesus o obedece e recebe a salvação: “Se alguém me ama [Gr. αγαπάω (agapáo) v. amar], obedecerá [Gr. τηρέω (tiréo) v. guardar, vigiar, manter, preservar] à minha palavra [λόγος (lógos) s.m. palavra, mensagem, verbo]; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada [μονή (moní) s.f. ficar juntos, estabelecer residência]. Quem não me ama, não obedece às minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] não é minha, mas do Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai] que me enviou [Gr. πέμπω (pémpo) v. enviar, despachar]” (João 14:23-24).

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Da mesma forma, qualquer indivíduo que se diz cristão e que desobedece às palavras do Senhor, e que se acomoda com o pecado, confiando que mesmo assim será salvo por causa da graça, está completamente enganado, pois de forma alguma o Senhor estenderá a sua graça ao homem que conscientemente persistir na desobediência. Este ensino não vem de Deus e quem se apoiar nele se verá condenado no juízo final. Isso foi o que o nosso irmão Paulo quis dizer quando nos escreveu, após relatar uma série de pecados que alguns membros da igreja de Éfeso estavam cometendo (Efe 5:3-4): “Ninguém vos engane [Gr. απατάω (apatáo) v. enganar, iludir] com palavras vãs [Gr. κενός (kenós) adj. vazio, vão, sem conteúdo]; porque por estas coisas vem a ira [Gr. οργή (oryí) s.f. sent.prim. ira, raiva, indignação; sent.sec. punição, justiça] de Deus sobre os filhos da desobediência [Gr. υιούς της απειθείας (yiús tis apithías) filhos da desobediência]” (Efe 5:6). [Acesse estudo completo sobre a graça]

Paulo Chama as Pessoas Que Não Obedecem aos Mandamentos de Jesus de “Filhos da Desobediência”

É muito bom que as palavras acima foram escritas por Paulo, pois os seus escritos são os mais distorcidos por aqueles que defendem esta doutrina diabólica da falsa graça. Note que o apóstolo chama os pecadores impenitentes (sem arrependimento) de “filhos da desobediência” [Gr. υιούς της απειθείας]. Mas porque “filhos da desobediência”? Paulo deixa bem claro para os seus leitores que a obediência ao Senhor é o que define o novo nascimento — tornar-se filho de Deus — e que quem deixar-se levar pelos ensinos contrários à obediência aos mandamentos de Jesus está sendo seriamente enganado [Gr. απατάω]. Se alguém não tem como a maior alegria na vida fazer os desejos de Deus, então ele ainda não é um filho de Deus, mas continua na mesma condição que estava no passado: “nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência” (Efe 2:2. Ver também Col 3:6). Ou seja, se o indivíduo que se diz cristão vive em desobediência, o espírito que opera nele não é o Espírito Santo (João 3:6), mas sim o espírito do príncipe das potestades do ar, que é Satanás. Dizer que alguém que, da sua própria escolha, carrega este espírito em si está salvo pela graça é pura blasfêmia.

Jesus é a Única Fonte de Conhecimento Para a Salvação

Queridos, conforme temos deixado bem claro em toda esta série, a nossa grande fonte de conhecimento para a salvação sempre deverá ser as palavras que saíram dos lábios de Jesus (os mandamentos de Cristo). Insistimos neste ponto porque isto foi exatamente o que o nosso Pai nos ordenou: “Eis que uma nuvem brilhante [Gr. φωτεινός (fotinós) adj. cheio de luz, brilhante] os cobriu [Gr. επισκιάζω (episkiázo) v. lançar sombra, obscurecer]; e dela saiu uma voz [Gr. φωνή (foní) s.f. voz, som] que dizia: Este é o meu Filho amado [Gr. υιός μου ο αγαπητός (yiós mu o agapitós) Lit. Filho meu, o amado], em quem me deleito [Gr. ευδοκέω (idokéo) v. estar satisfeito com, se deleitar em, ter prazer em]; escutem [Gr. ακούω (akúo) v. ouvir, prestar atenção, entender, considerar] o que ele diz!” (Mat 17:5). Note que Deus não nos instruiu a escutar a nenhum outro, mas apenas ao seu Filho amado. Certamente que isto não quer dizer que não podemos ouvir a nenhuma outra pessoa, quer seja dentro ou fora da Bíblia, não, de maneira nenhuma, pois se fosse este o caso o nosso próprio ministério nem existiria. O que quer dizer, sim, é que tudo aquilo que nos for comunicado sobre o nosso relacionamento com Deus e muito em especial, sobre a nossa salvação, deverá ser compreendido e filtrado pelas palavras de Jesus.

Toda a Doutrina Para a Salvação Deve se Enquadrar nas Palavras de Jesus

Deixe-me colocar o que foi dito acima de uma maneira ainda mais clara. Qualquer doutrina relacionada com a salvação de almas (doutrinas primárias) que nos for apresentada deverá enquadrar perfeitamente com os ensinos de Jesus. Não importa a sua origem, não importa a sua popularidade e tampouco por quanto tempo ela é conhecida. Se não existir respaldo nas palavras de Jesus, então sabemos que não procede de Deus. A graça é uma doutrina que procede de Deus, mas não o seu entendimento distorcido que mencionamos neste estudo, pois este entendimento contraria as palavras de Jesus sobre a obediência necessária para a salvação. Ou seja, somos salvos pela graça no sentido de que a salvação vem de Deus e não do homem? Correto, pois este entendimento possui o respaldo naquilo que Cristo ensinou: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:44-45). Somos salvos pela graça no sentido de que mesmo não obedecendo a Jesus seremos salvos? Incorreto, pois este entendimento não possui o respaldo, e até contradiz as palavras de Jesus: “Quem me rejeita [Gr. αθετέω (athetéo) v. rejeitar, desprezar, ignorar], e não recebe as minhas palavras [Gr. ρήμα (rima) s.n. palavra, ensino, mensagem, instrução], já tem quem o julgue [Gr. κρίνω (krino) v. julgar, condenar, decidir]; a palavra [λόγος (lógos) s.m. palavra, ensino, verbo; tit.div. Jesus] que tenho pregado, essa o julgará no último dia [Gr. τη εσχάτη ημέρα (ti esrráti iméra) exp.idio. o último dia, fim do mundo]. Porque eu não falei [Gr. λαλέω (laléo) v. falar, conversar, declarar] por mim mesmo; mas o Pai [Gr. πατήρ (patír) s.m. Pai], que me enviou [Gr. πέμπω (pémpo) v. enviar, despachar], esse me deu ordem [Gr. εντολή (endolí) s.f. ordem, comando, regra, mandamento] quanto ao que dizer e como falar. E sei que a sua ordem [endoli] é vida eterna [Gr. ζωήν αιώνιον (zoin eônion) s.f. vida; adj. eterna]. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exatamente como o Pai me disse [Gr. είπον (ipon) v. falar, dizer, ordenar]” (João 12:48-50). Ponto final. Espero te ver no céu.
 

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